segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Knocks ... há muitos (Cont.)

Não devem exceder os 2000 caracteres, os textos que se pretende publicitados na coluna dos leitores, e mesmo aqueles são sujeitos a cortes, do jeito dos que têm em mãos o ofício de os podar ou até de os repelir, em caso de menor valia. Esta introdução serve para justificar a continuidade do texto anterior e já lá vão quase 400 caracteres neste.
Naquele usámos a alegoria do “Doutor Knock” para justificar de que forma se amordaça toda uma população, não já pelo medo, porque a actual democracia nos permite tratarmos tu cá tu lá os que detêm o mando, atidos ao preceito da tal igualdade entre os homens, (o que se sabe ser despicienda mentira), mas pela desesperança de conseguirmos ultrapassar a crise em que estamos mergulhados, crise em todos os sentidos, nos valores humanistas, nos valores financeiros, nos valores éticos.
Como uma lepra que progride e contagia, o Dr. Knock consegue transformar uma população anteriormente sadia e livre do pânico da morte, numa população debilitada e amorfa, graças ao empenhamento com que missiona a sua aventura de conversão ao estatuto de doentes os que dantes apreciavam a vida nos seus prazeres.
Embora nós nunca nos pudéssemos gabar de muito sãos, vivendo em sucessivos governos que não facultaram a saúde a uma população trabalhadora, mas desde sempre destituída dos direitos de valorização pela educação, só acessível aos eleitos, em todo o caso nunca, como hoje, se viveu tão manietado, pelo menos pela desesperança. E cada dia se avoluma o horror em que mergulhamos, com as paragens das empresas, e os consequentes despedimentos, o aumento do desemprego, e a desresponsabilização dos que contribuiram para isso e a quem se não exigem devoluções, porque muitos são, como estigma de um pobre país miserável e sem rumo.
E é por isso que, sem esperança em ninguém, se diz que, mal por mal, que fique o nosso Knock com as suas pseudo-tentativas de conserto, reveladoras do mesmo empenhamento e espírito de missão do outro.

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