segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O coiso disse

- Então não diz nada? – perguntei, estranhando a mudez da minha amiga a respeito do como isto vai, que vai mal para todos e todos falam, falam, e é sempre a respeito do como vai isto que até nos causa depressão, tão aterrados que andamos, pois não acertamos com a solução, nem de resto ninguém está interessado em conhecê-la, que somos leigas convictas, mas também ninguém acerta porque os que poderiam acertar, não estão para tal porque isso implicaria perda de benesses e de amigos, fuga de capitais e dos respectivos possuidores deles, assim que lhes acenassem com quebra nas suas receitas, para fortalecimento das receitas da nação e pagamento da dívida monstruosa, que faz toda a gente, capaz de falar, falar em cenários diversos.
Mas a minha amiga foi muito sucinta, creio que por confiar mais na prolixidade dos capazes de ser prolixos. E disse:
- Eu tomei nota, o coiso disse, o sabichão do Rebelo de Sousa. O que é que ele foi fazer ao Maputo? O que ele disse é que vai ser um descalabro ainda pior se o outro, o Passos Coelho, não aceitar o orçamento do que se aceitar. Será o fim da macacada. O homem também não é parvo, vai aceitar claro.
- Ele talvez não seja parvo, mas a mim parece-me um garoto birrento que se julga alguém e por isso faz mistério das suas intenções a respeito das propostas do PS que só podem ser as que são, caso contrário aí vêm os tais cenários, bancarrota, os tentáculos do FMI, o colapso de que fala o sabichão, que está no Maputo com gosto, muito mano do Malangatana e isso é bonito, pode ser que dessa fraternidade até resulte outro qualquer cenário de safa. Não de safra, que não se trata disso, não somos gente de safra, somo-lo de safa, do desenrasca. Valha-nos a fraternidade do nosso sábio com o Malangatana. Deve ter havido um qualquer propósito de Marcelo ao falar na tal amizade de peito. Até faz lembrar as amizades daqueles do outro tempo – Soares, Almeida Santos… - que também iam buscar muitas dessas amizades como forma de convencer os desprevenidos da revolução, como nós fomos.
- Nem fale nesses tempos. Isso foi duro e também foi muito ingénuo, da nossa parte!
- Tem toda a razão. Isto, agora, não passa das sequências, e respectivas consequências.
- As evidências das imprevidências…
- Das indecências?...
- E tudo partiu das Excelências…
- E continua! Porque nos faltam Ciências. Além de outras competências.
- Valham-nos as Bem-Aventuranças!

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