domingo, 25 de março de 2012

“Não cabe cá dentro”


- Aquele Seguro anda a fazer umas tristes figuras. Mas o que é que aquele gajo tinha de diferente para dar? E pode vir a ser primeiro ministro! Uma figura daquelas que não sabe o que diz! Mas também ainda não ouvi ninguém dizer bem dele!

Discordei da minha amiga nessa questão da empatia com Seguro, achando que os ares arrumados deste, de comissuras dos lábios sempre próximas, os lábios em O, na garantia dos bons sentimentos expressos num raciocínio sempre justo, alguns partidários lhe haviam de merecer, dos de sentimentos e de raciocínio coincidentes, mesmo que não tenham os lábios em O.

- Não, ele tem a sua comandita, que o escuta com a mesma unção que têm os de todos os outros partidos, perante os seus chefes! Vivemos em democracia.

Mas a minha amiga, qual “malagueña salerosa, que los pobres disprecia”, nem sequer escuta a minha sentida interrupção, lançada que está na sua inflamada diatribe:

- Estes agora encontraram o tacho rapado. Estes não vão lá para roubar porque não têm aonde ir buscá-lo. Antes, foi um forrobodó de todo o tamanho, nas negociatas, nas almoçaradas, nos peculatos, nas ilegalidades. E os políticos depois têm que fazer as leis à sua medida. E depois têm que pôr o dinheiro lá fora. Não cabe cá dentro.

Só discordei na questão do tacho. Achei que, mesmo que estivesse mais cheio, os governantes de hoje teriam mais vergonha na cara, pertencentes que eram a uma geração mais cordata e corajosa e amante da sua Pátria.

Assim fosse, saecula saeculorum.

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