No “Público” do dia 3/1, Vasco Pulido
Valente considera que os piores de 2013 foram Cavaco Silva, Passos
Coelho, José Sócrates Poiares Maduro, Papa Francisco, Nicolás Maduro, François
Hollande. No “Público” de 4/1, indica os melhores: Vítor Gaspar,
Pires de Lima, Bernardino Soares, Rui Moreira, Joseph Ratzinger, Vladimir
Putin, Marcelo Rebelo de Sousa.
As críticas a Cavaco Silva são
as habituais, reduzindo-o a uma figura inerte, “fantasma” que “conta
os dias para a reforma definitiva”. Cavaco Silva foi pessoa que já admirei,
como 1º Ministro, na sua era de desenvolvimento das obras públicas no país, e
tentativa de difundir bem-estar entre as populações, (ainda que com dinheiro
emprestado, e diminuição do potencial produtivo da Nação). Pareceu-me sempre
pessoa discreta, actuando com determinação, com um discurso claro, sem a
exaltação dos demais compinchas da arena política. Quanto à corrupção, embora
soassem zunzuns sobre os que então começaram a enriquecer à custa de uma
Informática cujos estudos mal sabiam transmitir, só anos depois, com o
alargamento da penetração jornalística nos campos judiciários e sociais de
intriga, foram sucessivamente denunciadas manobras de corrupção negocial que
uma justiça colaboradora ou manietada silenciava. Quanto à sua actuação como
Presidente da República, também fui das que condenou certos seus desabafos pessoais
relativos a “poupanças” ou outras indiscrições do foro familiar ou pessoal,
incompatíveis com a dignidade do cargo cimeiro que ocupa. Mas a minha estima
retomou, pelas posições determinadas e aparentemente isentas que assume, “para
bem da Nação”. Se obedecesse a impulsos, segundo as movimentações dos
partidos da oposição, (que escamoteiam as necessidades da nossa realidade de
endividamento a saldar, sob a capa da exaltação esmoler em defesa dos direitos
do povo, que eles contribuíram para subverter), com certeza estaríamos pior.
Todos sabemos isso, mas preferimos fingir ignorá-lo. Na realidade, parece-me
que a nossa ironia de amesquinhamento da figura de Cavaco Silva provém antes da
constatação de que, apesar de todos os nossos ditirambos, ele é um homem de
ferro. Eu colocá-lo-ia antes, entre os melhores de 2013. Para bem da Nação.
O texto de Vasco Pulido Valente referente
a Passos Coelho, é o seguinte: “Governa Portugal como governaria a
JSD. Com muita balbúrdia, muita incoerência, uma espécie de entusiasmo juvenil,
e discursos de acaso que não fazem geralmente sentido. Há quem julgue que ele
conspira. Conspira sempre contra si próprio quando abre a boca.»
Discordo, igualmente. Dou graças a
Deus por ter aparecido um Passos Coelho disposto a trazer alguma dignidade ao
país, apesar dos opositores, entre os do seu próprio partido, cheios de razões económicas
para o condenarem. Mas calam a coragem de assumir certas posições como mais
ninguém fez, tentando pôr ordem numa casa desmantelada, e incutir sempre a
esperança numa mudança, que todos sentem que já começou, mas que preferem
ignorar, sabendo que a austeridade foi – e é - necessária para cortar um
esbanjamento que nos fez cair no mais fundo poço. O facto é que, quando se deu
a ruptura com Portas, o medo foi geral de que se desfizesse o duunvirato mantenedor
da ordem pública. E Passos Coelho teve que fazer cedências a Portas, e talvez
se não arrependa disso. Parece-me um homem corajoso e igualmente determinado
que merece apoio, embora nos fique bem dizer mal e continuar mantendo a ideia
do retrocesso económico e social que a sua política provocou – o que não deixa
de ser verdadeiro, mas sem alternativas coerentes ou confiáveis.
Quanto aos demais retratos, acho-lhes
graça, pelo que pressupõem de humor satírico e visão crítica:
«José Sócrates: Voltou do exílio de Paris, com um “mestrado”,
persuadido, o pobre, que se tinha transformado em filósofo. Na televisão serve
umas parlengas para exaltar o seu génio político e discutir assuntos que toda a
gente ignora. Precisava de mais publicidade para andar contente. (Já não posso vê-lo nem ouvi-lo: prefiro
o Marcelo).
Poiares Maduro- Um novo estilo de ministro. Não se
sabe para que serve, não se percebeu ainda em que actividades misteriosas passa
o tempo, apresenta de quando em quando um plano absurdo para a RTP. Mas parece
feliz. Pelo menos, ao contrário de Relvas, pode apresentar um currículo
académico esmagador. Está lá em casa numa gaveta. ( O eterno absurdo da nossa
auto-saliência: “Preso por ter cão…”).
Papa Francisco - Um Jesuíta que se converteu ao franciscanismo ou,
se quiserem, ao populismo. A esquerda, evidentemente, reza pela personagem. Resta
apurar o efeito real de tanto amor. Os franciscanos de origem foram um
falhanço. O Papa Francisco, além de meia dúzia de homilias que o dr. Soares
adorou, não mudou até agora coisa nenhuma.
Nicolàs Maduro - Sem relação com o anterior.
Sucedeu a Hugo Chávez, que, por intervenção especial do Altíssimo, fala com ele
sob a forma de um passarinho. Com 25.000 assassinatos por ano, a Venezuela
precisa com certeza de mais do que um passarinho. O passarinho não revelou se
fala com o governo português. Desconfio que sim.
François Hollande - Um desastre em França e na Europa,
o sr. Hollande resolveu que preferia ser um guerreiro africano para restaurar a
“grandeza gaulista”. O socialismo leva a tudo.»
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