domingo, 1 de março de 2009

Quem não chora...

Vem nos livros que os homens passam a vida à chapada. E mesmo à pedrada. A Bíblia é um repositório de histórias, de sofrimentos, corrupção, humilhações, vinganças, que o próprio Jeová castigou inúmeras vezes, já aquando da expulsão do Éden, continuando pelo dilúvio, a Babel, Sodoma, Gomorra, Job, um por aí fora de punições. O próprio Cristo não escapou, mesmo sem culpa. A Igreja explica que foi para ajudar a desculpabilizar os homens perante Deus. Assim ilibados à partida, com tão prestimosa cunha, os homens não param de abusar e de cometer pecados, sem responsabilidades adultas.
Cá em Portugal os pecados abundam, com a corrupção desenfreada, o enriquecimento, a formação superior, as ilegalidades várias, em truques inimagináveis, tempos atrás, também por falta dos media, é certo.
As pessoas que não imaginariam tais manigâncias, enxofram-se, exigem uma Justiça mais justa e rápida para punir ou inocentar, mas os casos de corrupção brotam do solo como tortulhos, e o povo não se cala.
Os visados revoltam-se. E lamentam-se, fugindo a explicações e optando pelo ataque a quem os criticou. Diz-se que os homens não choram, mas é mentira. Temos exemplos bastos nos livros, o Camões, por exemplo, foi bem sortido de dores e lamentações, e não podemos ignorar as do Pessoa tão esplendidamente descritas, mesmo as aparentemente irreais.
O próprio Samuel Usque escreveu uma obra - “Consolação às Tribulações de Israel” - que poderia servir de exemplo apaziguador aos nossos contemporâneos que choram para poder mamar melhor, diz-se sem respeito.
Cito: “Pois, ó Senhor, até quando há-de durar o inverno e tempestade dos meus males? O jugo tão pesado em meu pescoço? Os grilhões tão pesados em meus pés, o desassossego e sobressalto em meu espírito?”...
Com a nossa idiossincrasia facilmente rendida às emoções e às penas – daí a terna abundância dos diminutivos e dos coitadinhos – votamos neles, tanto mais que fazem finca-pé em medidas educativas de longo alcance – para a pré-primária e o 12º ano.

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