Depois
de longa exposição sobre os males económicos de uma Europa em crise económica,
no seu artigo do Público de 12/10 “Baralhar e dar de novo”, com a
pergunta assustadora “como equilibrar as contas públicas evitando o efeito
destruidor da austeridade, praticada ao mesmo tempo nos países ricos e pobres,
indisciplinados e rigorosos, e mesmo que em doses diferentes? que resume na frase ameaçadora “Tudo pode
acontecer, quando a Europa se prepara para a terceira recessão desde a crise
financeira”, Teresa de Sousa conclui o seu artigo com o seguinte
comentário sobre o que por cá se passa:
«Nós,
por cá, estamos confrontados com um país em que nada parece fazer sentido. Por
ideologia ou por incompetência, o Governo não consegue adaptar o seu discurso à
realidade. O credo de Passos Coelho é que os mercados resolvem tudo e os
governos não têm nada a ver com as empresas privadas. De pouco consolo lhe vale
a sua ideologia. A explosão do BES e a queda da PT são dois acontecimentos de
uma dimensão tal e com tamanhas consequências que olhar para o lado, fingindo
que não é nada com ele, é pura e simplesmente impossível. Ou então ridículo.
Todos os dias descobrimos um pouco mais de verdade sobre o comportamento pouco
avisado do regulador e do Governo, enredados nas suas próprias contradições. Um
pequeno exemplo: a venda do Banco Novo já foi para um prazo de cinco anos,
depois passou para seis meses, depois voltou aos dois anos. A prova de que
ninguém parece verdadeiramente saber o que anda a fazer. E lá se vai a
credibilidade externa, o grande acquis
do Governo, exibido com orgulho a um bando de papalvos. E lá ficámos
de novo em lixo, com imensa admiração pela injustiça.
Quando
se soma a isto o que se está a passar na Educação e na Justiça, então a
incompetência parece estar acima na ideologia. Seja o que for, começa a ser
penoso respirar.»
Senti-me,
evidentemente, incluída no grupo dos papalvos que querem acreditar nos dados positivos apontados pelo Governo, e
que nada sabem das relações entre Passos e Portas. Confio na seriedade e na inteligência dos homens e
mulheres de seu Governo. Sei que foi grande o seu esforço, e tanto maior quanto
foi sempre boicotado por esses que vociferam cada vez com mais persistência e
mais bem acompanhados - tanto os que muito sabem como os que muito ignoram mas
alinham no vociferar. São esses os papões, os que redigem ou pronunciam as magníficas coisas do seu saber
e se regozijam com os deslizes do Governo, que lhes está no papo (e por isso
são papões), embora menos do que quereriam, pois não há meio de atingirem o
objectivo final, apesar de terem o apoio dos demais papões - e simultaneamente
papalvos – que é o que abunda por cá – que traduzem com premência temporal e
absoluta falta de educação, interrompendo as próprias cerimónias oficiais de
aparente respeito, como essa do aniversário da 1ª Guerra Mundial, com os slogans
do seu balbucio “Está na hora, está
na hora de o Governo ir embora”.
Não
gabo os intelectuais – papões – da nossa praça. Afinal, poderiam oferecer-se
para ajudar, canalizando os seus saberes para a acção, não para a destruição,
no segredo confortante da sua inacção que não arrisca, não perdoa, não constrói
e só petisca. Mordendo. E sendo pagos para isso.
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