Os artigos de Alberto Gonçalves
sobre os temas das suas iras, neste domingo, 25 de Outubro, naturalmente não
diferem do tom habitual, de frontalidade crítica, de indignação ou de uma ironia sagaz.
“Portugal e o Futuro” glosa o título do livro de Spínola, com a ferocidade de
quem, não crendo em nenhum dos comparsas, quer da governação quer da oposição,
põe em destaque o que é e o que foi o assalto rotativo à governação, quer da
banda da ala liberal, quer da banda da área que se diz virtuosamente defensora
dos direitos do povo e que toda a gente acusa de desígnios mais pessoais, em
que o compadrio contou como panorâmica apoiante, constante e esbanjadora.
Apesar de tudo, eu creio nas
intenções de recuperação deste actual Governo, e espero sempre em inversão destes
factos negativos do nosso descontentamento
. Quanto ao caso animalesco das
vaias dos sindicalistas aquando dos discurso de homenagem aos mortos da 1ª Guerra,
entendo o desprezo de Alberto Gonçalves, tal como as chufas a Sócrates e aos seus
apoiantes. Leiamos, sem mais comentários:
Portugal
e o futuro
por ALBERTO GONÇALVES25 outubro 2014
Um
destes dias, ao pequeno-almoço, uma diplomata estrangeira pediu-me a opinião
sobre o futuro de Portugal. Até tive vergonha, por um lado porque sou modesto,
por outro porque a situação assim o exige.
Excluindo
os próprios envolvidos, os compadres, os amigos de ocasião e os fanáticos,
ninguém confia no governo. De trapalhada em trapalhada, a pedir desculpas ou
paciência, o bando liderado pelo Dr. Passos Coelho arrasta-se como o Benfica na
"Europa", rumo ao desastre final. Dizer que em três anos o bando
refreou o défice à custa da receita é a única coisa parecida com um elogio que
estes senhores suscitam. O resto, a austeridade sem retorno ou uma desmesurada
carga fiscal acompanhada por zero reformas dignas do nome, provou que nem o
machado da troika corta a raiz do pensamento pátrio.
Excluindo
os próprios envolvidos, os compadres, os amigos de ocasião e os fanáticos,
ninguém confia na oposição. Especialista em intercalar o silêncio com as mais
descaradas asneiras produzidas para cá de Caracas, o Dr. Costa, rodeado por
puros malucos e oportunistas de carreira, já fareja o poder e ameaça usá-lo com
a voracidade dos famintos. Em 2014, continua a haver malária, esclavagismo e,
no que nos toca de perto, quem defenda o "investimento" público e o
crescimento por decreto sem corar de embaraço.
Mesmo
estafados, certos clichés do Parque Mayer, incluindo o do "tacho",
merecem recuperação: partidos à parte, toda esta gente luta por um objectivo
comum, o de alimentar o Estado de modo a dispor dele. A novela da PT em
curso é exemplar, principalmente se atendermos à procissão de vultos que agora
reclama a respectiva nacionalização e à procissão de familiares dos vultos que
antes conseguiu lá emprego.
Existem
diferenças? Algumas, que só importarão aos picuinhas: o PSD disfarça, o PS
assume. O PSD explora a absurda aura "liberal" que lhe colaram, o PS
jura-se de esquerda. O PSD nega o evidente assalto ao contribuinte, o PS
promete-o com orgulho. O PSD mata com álibi, o PS esfola por missão. O PSD
finge salvar o país da ruína, o PS não distingue a ruína da salvação. E o povo,
pá?, perguntava uma cantilena. O povo, quando não conta os cêntimos, saltita
entre a crendice e o desnorte, a resignação e o berreiro, a esperança e a
realidade. Mas, quando conta os cêntimos, o povo pressente que o pior ainda
não chegou.
Domingo,
19 de Outubro
A péssima educação
O
primeiro-ministro foi a Coimbra homenagear os soldados mortos na I Guerra. O
apreço que o governante inspira é discutível, mas nenhum homem decente discute
a consideração devida aos desgraçados que, enviados por tiranetes para defender
valores que lhes eram obscuros em lugares que ignoravam, aí terminaram os seus
dias. Claro que o conceito de decência não inclui as "dezenas de
professores e encarregados de educação" (cito as notícias) que
aproveitaram a oportunidade para vaiar o Dr. Passos Coelho.
O
tema não favorece ironias: os manifestantes, que provavelmente não representam
nada além da boçalidade terminal, também não suscitam outra coisa que não o
nojo. Dado que terão abundante tempo livre, são igualmente livres de insultar
os senhores no poder quando e onde lhes apetecer - excepto em momentos assim.
As suas causas, importantíssimas ou ridículas, não valem um fio de cabelo de
cada militar caído na Flandres. E nem sequer tem graça constatar a grotesca
contradição dos slogans que empunhavam: "Não há progresso sem
conhecimento", ou "respeitar os portugueses exige outra
política". Conhecimento é justamente o que essa repugnante gente não
possui, e respeito é o que não merece.
Segunda-feira,
20 de Outubro
Os ingratos
Numa
nação habituada a desprezar os seus melhores em vida para consagrá-los na
morte, consola assistir ao exemplo dado pela Câmara Municipal da
Covilhã, responsável por atribuir ao Eng. Sócrates a chave da cidade e uma
medalha.
Aos
distraídos ou incrédulos, convém informar que, ao contrário do que poderia
parecer, o Eng. Sócrates está vivo, tão vivo que aproveitou a deixa para
brindar a humanidade em geral e os covilhanenses em particular com diversas
pérolas de sabedoria: "O interesse individual existe, é certo, mas existe
também o interesse colectivo."
É
triste que semelhante portento intelectual receba apenas uma chave e uma
medalha municipais, em vez de ter as serralharias e os gravadores de Portugal
inteiro a fabricar-lhe resmas de penduricalhos. Se pensarmos bem, o que é que o
Eng. Sócrates legou à Covilhã? Que eu saiba, nada, além da honra para a
autarquia em contar com ele como técnico enquanto assinava projectos belíssimos
na vizinha Guarda. Em troca, a Guarda ofertou-lhe o quê?
O
mesmo desprezo que o país, que nem faz o favor de seguir a eucaristia dominical
do homem na RTP (aliás abaixo das audiências da própria Eucaristia Dominical,
na TVI). E a injustiça dói mais se recordarmos que o homem fez à
arquitectura da Guarda o mesmo que fez à economia do país. Desgraçadamente,
muitos portugueses teimam em colocar o seu interesse individual à frente do
interesse colectivo do Eng. Sócrates: a presidência de todos nós. Ou isso ou
uma estátua.»
E para finalizar, lembremos:
Notícias da 2ª Guerra, por Paula Almeida:
Hoje,
29 de outubro/ 1941 No Gueto de Caunas (Lituânia) mais de 10.000
judeus são mortos pelos ocupantes alemães, um massacre conhecido como a
"Grande Ação"/ 1942 No Reino Unido, membros importantes do
clero e da política realizam uma reunião pública para manifestar a sua
indignação face à perseguição dos judeus da Alemanha nazista/ 1944 A
cidade holandesa de Breda é libertada pela 1ª Divisão Blindada do exército
polaco. O Exército Vermelho entra na Hungria/
Paula
Almeida Técnica Superior
Nenhum comentário:
Postar um comentário