segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

“A canalha”


Estou a ouvi-lo. Distraidamente. A voz ulula, impregnada de ferocidade, para defesa da classe docente. É o dirigente sindical da Fenprof, Mário Nogueira, que já ouvi noutras ocasiões e me pareceu então mais cordato. O discurso do comparsa da CGTP-Intersindical, Arménio Carlos, nem o ouvi, ciente do disco rachado das acusações repetitivas de uma esquerda incapaz de outro. Disco, que, para o efeito, é sinónimo de discurso, que também é rachado.
Imagens de docentes vão passando nas avenidas, intercaladas com o discurso, na reivindicação de direitos que lhes vão ser sonegados, segundo as ameaças governativas. Mas Mário Nogueira nada mais faz que utilizar uma linguagem obscena, imprópria de quem frequentou um curso superior e que deveria pensar no efeito antipedagógico do seu espectáculo de desbragamento verbal, mais atribuível a um carroceiro debitando alarvidades dos tempos da revolução em que as classes trabalhadoras tiveram o seu momento de glória e espalhafato vocabular e gestual: “Canalha!”,bandidos”!, “vigaristas!”, “desqualificados!”, captei da voz ululante,  referindo-se aos governantes.
Concluí que o discurso era idêntico ao do comparsa da CGTP e aos deputados da esquerda afanosa , PS incluído, que se preparam para deitar abaixo o Governo. Com efeito, não houve propostas construtivas, mas puramente acusatórias, não houve reconhecimento de quaisquer melhorias actuais na profissão docente, pelo menos relativamente ao bombardeamento documental megalómano e inútil dos tempos de Sócrates, exigido por  uma tal Maria de Lurdes Rodrigues, houve apenas o propósito de linchamento em praça pública, pelos dois dirigentes sindicais, dos que têm actualmente em mãos os destinos da nação.
Transcrevo da internet :
De Mário Nogueira: 13 é número de azar, mas os portugueses já têm azar que chegue: governantes que, com propaganda enganosa, chegaram ao poder, aí desenvolvem políticas que estão a destruir o país, arruinando os cidadãos, destruindo os seus serviços públicos e outras construções democráticas e entregando a estrangeiros as joias da coroa.(...)
De Arménio Carlos: “secretário-geral da CGTP-Intersindical, Arménio Carlos, afirmou que está na altura de explorar as “fraturas” que vão surgindo na base de apoio social deste governo.” “Conseguimos destruí-las com outros governos que também tinham maioria absoluta”, indicou.”
            Dir-se-á que são discursos vazios. Mas não o são os excessos vocabulares, que escutámos. Como se pode exigir que uma nação progrida, na sua juventude, se lhe oferecemos figuras deste calibre grotesco, de carrascão, a comandar uma classe que é chamada de educadora? Como é que essa classe admite tais representantes sem protestar? Será que alguma vez estes ensinaram? Ou limitaram as suas vidas a cargos de ambição e catapulta?
              Se assim foi, Vae victis! Poveri noi!

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