Estou a
ouvi-lo. Distraidamente. A voz ulula, impregnada de ferocidade, para defesa da
classe docente. É o dirigente sindical da Fenprof, Mário Nogueira, que já ouvi
noutras ocasiões e me pareceu então mais cordato. O discurso do comparsa da
CGTP-Intersindical, Arménio Carlos, nem o ouvi, ciente do disco rachado das
acusações repetitivas de uma esquerda incapaz de outro. Disco, que, para o
efeito, é sinónimo de discurso, que também é rachado.
Imagens de
docentes vão passando nas avenidas, intercaladas com o discurso, na
reivindicação de direitos que lhes vão ser sonegados, segundo as ameaças governativas.
Mas Mário Nogueira nada mais faz que utilizar uma linguagem obscena, imprópria
de quem frequentou um curso superior e que deveria pensar no efeito
antipedagógico do seu espectáculo de desbragamento verbal, mais atribuível a um
carroceiro debitando alarvidades dos tempos da revolução em que as classes
trabalhadoras tiveram o seu momento de glória e espalhafato vocabular e
gestual: “Canalha!”, “bandidos”!, “vigaristas!”, “desqualificados!”, captei
da voz ululante, referindo-se aos
governantes.
Concluí que
o discurso era idêntico ao do comparsa da CGTP e aos deputados da esquerda afanosa
, PS incluído, que se preparam para deitar abaixo o Governo. Com efeito, não houve
propostas construtivas, mas puramente acusatórias, não houve reconhecimento de
quaisquer melhorias actuais na profissão docente, pelo menos relativamente ao
bombardeamento documental megalómano e inútil dos tempos de Sócrates, exigido
por uma tal Maria de Lurdes Rodrigues,
houve apenas o propósito de linchamento em praça pública, pelos dois dirigentes
sindicais, dos que têm actualmente em mãos os destinos da nação.
Transcrevo
da internet :
De Mário Nogueira:
“13 é número de azar, mas os
portugueses já têm azar que chegue: governantes que, com propaganda enganosa,
chegaram ao poder, aí desenvolvem políticas que estão a destruir o país,
arruinando os cidadãos, destruindo os seus serviços públicos e outras
construções democráticas e entregando a estrangeiros as joias da coroa.(...)
De Arménio
Carlos: “secretário-geral da
CGTP-Intersindical, Arménio Carlos, afirmou que está na altura de explorar as
“fraturas” que vão surgindo na base de apoio social deste governo.” “Conseguimos
destruí-las com outros governos que também tinham maioria absoluta”, indicou.”
Dir-se-á
que são discursos vazios. Mas não o são os excessos vocabulares, que escutámos.
Como se pode exigir que uma nação progrida, na sua juventude, se lhe oferecemos
figuras deste calibre grotesco, de carrascão, a comandar uma classe que é chamada de educadora? Como é que essa classe admite tais representantes sem protestar? Será que alguma vez estes ensinaram? Ou limitaram as suas vidas a cargos de ambição e catapulta?
Se assim foi, Vae victis!
Poveri
noi!
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