Hoje estava
outra frequentadora do café com quem debitamos trocos das respectivas leituras
jornalísticas ou de frequentadoras televisivas, e a conversa inicial versou
sobre Obama e a sua reeleição. Eu ia com uma disposição mundana, falei nos casaquinhos
das filhas, no baile que ele abriu com a mulher, figuras da nossa simpatia, nos
coros maravilhosos com gente bonita, mas a minha amiga preferiu mostrar o seu
apreço lembrando as armas que ele quer proibir e logo a outra frequentadora,
que todos os dias come um daqueles bolos de bimbi, de fazer crescer a água na
boca, porque é gulosa mas também para ajudar a dona do café, boa senhora, falou
em terra de cowboys, habituados ao manejo das armas, como factor impeditivo do êxito de Obama na proibição da venda de armas
que ele quer implantar. E a minha amiga lembrou as tabaqueiras e o manancial
que representam para o Estado, e acrescentou sábias sentenças sobre o cinismo
que preside às ordenações governamentais
visando os bons costumes pela saúde pública, ou vice-versa.
Não, a
venda de armas aos civis nunca será proibida nos States, tal como a venda do
tabaco por cá, camuflada com as cínicas advertências, nos próprios maços, da ameaça de morte causada pelo tabaco. Quanto
à questão da droga, fecham-se virtuosamente os olhos, apesar das grandes
parangonas sobre os apresamentos feitos pela polícia nos barcos ou nos camiões, que a trazem para aqui de
passagem, para ser devidamente traficada. E a droga vai alastrando, como os
assaltos à mão armada se vão multiplicando nos Estados Unidos. Mas a minha
amiga acredita no Obama, apesar dos seus muitos opositores.
Eu preferi
desviar as baterias para as cenas da nossa caricatura diária, os do Governo
falando em êxito europeu tendo sido aceite a prorrogação do prazo de pagamento da
dívida externa feita a seu pedido, Seguro e os outros logo bramando que há
muito o tinham proposto, na ficção do seu horror pelo sofrimento imposto ao
povo por esse Governo barbaramente insensível.
Provaram os do Governo que, a não terem cumprido
escrupulosamente os prazos nunca a Troika e a Sr.ª Merkel seriam sensíveis ao
pedido, permitindo, com isso a reconquista da credibilidade financeira e a gradual
melhoria económica.
Mas os partidos
de esquerda, com Seguro no comando, soltaram as âncoras da sua vitória, por
terem sido obedecidos, nesta decisão governativa.
Seguro foi
o mais expressivo, Tarzan vitorioso, batendo calorosamente nos peitorais. Inchados.
Como a rã da fábula.
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