sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Homenagem olímpica



Aqui está uma de Esopo

Que me deu no goto:


«A porca e a cadela (rivalizando em fecundidade)»

«Uma porca e uma cadela

Disputavam entre si,

Com certa simplicidade,

O prémio da fecundidade.

A cadela afirmava que a camisola amarela

Na  questão da maternidade

Devia ser para ela

Já que entre os quadrúpedes conhecidos dela

Nenhum, como ela,

Tinha tão rápidas ninhadas.

Em grandes risadas

A porca lhe replicou:

“Isso podes dizê-lo, minha bela,

Mas não te esqueças de acrescentar,

Se verdadeira quiseres parecer,

Que os teus filhotes nascem cegos

Sejam eles brancos ou negros

Ou mesmo furta-cores!”

A fábula mostra que os actos, as acções

Não se julgam, segundo gerais conceitos,

 Pela velocidade no seu andamento,

 Mas pelo seu grau de acabamento.»

 

Isto contou Esopo

Sem nenhum logro,

Que ele tinha entendimentos especiais

Com os animais,

E sabia que em questão de fecundidade,

Há os que se podem gabar mais

Em relação aos acabamentos,

Até porque aprenderam a conquistar boas posições,

E assim considerem todos os mais, ceguinhos,

Só porque não seguem os mesmos caminhos.

Com efeito, o mundo é uma manta de retalhos

Em questão de posições e opiniões,

Os mais fecundos, espertalhões,

Os menos fecundos, mais iracundos

Contando tostões.

Não sejamos, porém, tão pessimistas

No que toca, pelo menos, à velocidade.

Citemos o nosso Carlos Lopes,

Rosa Mota e outros mais

Campeões da nossa e outras nações,

Provando que a velocidade

É uma forma de andamento

Que gera bons galardões,

E o nosso espanto.

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