sexta-feira, 5 de março de 2010

Alerta vermelho

Hoje falámos nos desastres ecológicos, nos horrores que nos últimos anos têm desabado sobre o espaço terráqueo. Considerámos que o homem é bastante responsável neste ciclo de catástrofes, e que a natureza se vinga por a não respeitarmos, constantemente poluindo, e rasgando, desenterrando as riquezas do seu interior - o petróleo, as pedras preciosas, o minério, a pedra para a construção - destruindo as árvores para fazermos o papel e as mobílias do nosso bem-estar, enviando para a atmosfera os gases da nossa comodidade viageira, os gases da nossa indiferença destrutiva. Hiroshima! Onde vai isso?!
No tempo de Salazar, plantavam-se árvores, agora os incêndios destroem-nas.
Lembrei à minha amiga uns versos que se cantavam na escola primária da minha infância, que ela não conhecia:
Ó meninos, plantai árvores
Para enriquecer a Nação.
Vós dizeis que viva a Pátria,
A Pátria do coração!
A Escola que há-de erguer-vos
À vida, à glória imortal,
Nós somos a carne, os nervos,
O sangue de Portugal!
E usámos uma retórica adequada, personificando a Terra, que, com o seu ventre ferido, toda ela se rebela, abrindo as fendas da sua doença, escarrando as ondas alterosas dos seus tsunamis, mudando a temperatura das antigas estações do ano, em balanços de morte e miséria espalhados pelo mundo inteiro.
Contei ainda que, na aldeia da minha infância, o homem respeitava a terra, cultivava os campos, lavrando, semeando, plantando, regando, colhendo. Com o suor do seu rosto. Era bom, era sadio. E trabalhoso. E a terra cheirava bem, os aromas da vegetação encobrindo o cheiro do estrume da sua fertilidade. Os tractores vieram ajudar, alguns aprenderam técnicas de produzir melhor e com mais lucro, também os adubos mudaram..
Mas a maioria das terras agora é desprezada. O subsídio cobre a sobrevivência, Muitos dos campos outrora cultivados, com amor, apesar do suor, estão desprezados, desde que importamos por ordem superior.
E a Terra também se ressente disso.
Seria preciso voltar atrás.
A propósito, lembrei um texto dramatizado, com que há anos explicitei para os alunos as diferenças entre o texto narrativo e o dramático. Ainda hoje me parece ter relevância. E não só para os meninos, que devemos educar. Nós, adultos, também precisamos de lembrar. Por conta dos meninos que vão ficar depois de nós.

Dramatização de um texto lido:


A ÁGUA E O HOMEM

A FONTE:
Sou feliz! Vou correndo
Mansamente
Gota a gota
Pingo a pingo
Para à Terra me entregar.
Vou fazê-la produzir
Flores e frutos sem par.

O RIO:
Eu aqui vou a saltar
A alimentar as raízes
Ouvindo as aves trinar.
Salto das minhas margens
Para fornecer o pão
Ao Homem que é meu irmão.

O MAR:
A vida nasceu em mim.
Grandes cardumes de peixes
São belos raios de prata
A alumiar meus abismos.
Abraço todos os rios
Que se atiram para mim
E à Terra os devolvo
Para dar à Terra a vida
Que acabaria sem mim.

A NUVEM:
Venho do mar e regresso
À fonte da mais alta serra.
Já fui rio e já fui onda
E quero nascer de novo
Gota a gota
Pingo a pingo
Mansamente
Eternamente
.

A TERRA:
Muito bem! Muito obrigada!
A todos vós agradeço
A vida que vós me dais.
A fonte formou o rio
O rio vai dar ao mar
Do mar nasceu essa nuvem
Que me vai fertilizar.
E com isso ganharão
As plantas e os animais,
Os seres que em mim habitam
Todos são favorecidos
Nesta cadeia de amor
Nesta perfeita união
Entre a fonte e o rio e o mar
E a nuvem que do alto
Me irá fertilizar.

O ESGOTO:
Ih! Ih! Ih! Ah! Ah! Ah! Ah!
Estais então convencidos
De que da vossa união
Os Homens beneficiam?!
Mas os Homens não se importam!
Eis-me aqui, cheio de força,
Despejando as impurezas
Forjadas pelas mãos dos Homens
No Mar, no Rio, na Fonte,
Matando os peixes e as algas
Poluindo os ares e o monte
Em enxurradas de força.
Ih! Ih! Ih! Ah! Ah! Ah! Ah!

A CRIANÇA:
Meninos, vamos unir-nos
Para salvar a natureza:
O que Deus fez está bem feito.
São bons e belos os rios
E as fontes e as nuvens e os mares,
Não podemos poluí-los,
Não podemos ofendê-los,
Não podemos alterá-los.
Temos de os respeitar
De os amar,
Se nos amarmos também
E à Terra que é nossa Mãe.
Quem assim o não fizer
Está condenado:
Será destruído
Autodestruído
Por sua mão imolado.
Por isso gritemos todos:

TODOS
Não, à poluição!
Não, à poluição!
Não, à poluição.
À poluição
NÃO!!!


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