Um texto saído no blog “A Bem da Nação” que com gosto
transcrevo no meu blog, confirmação daquilo que sempre pensei e que fui anotando
nas crónicas “verde-rubras” da minha escrita de um “j’accuse” convenientemente ignorado,
por não alinhar nos moldes da nova ética, não identificada com valores morais,
mau grado o alarde de solidariedade, igualdade e fraternidade que a ânsia
libertária abocanhou no cinismo de uma real avidez de ambição e comando sem
escrúpulos, na unilateralidade do conceito que se apoia na lei do mais forte,
quer economicamente falando, quer na exaltação demagógica.
Quando Rousseau se refere à pátria e à humanidade como primeiras afeições do Homem, é, naturalmente o homem em formação que implica, que bebe esses conceitos incutidos desde a infância. Não são valores para agora. Continuamos a amar a pátria, claro, mas noutros moldes e sabores, fazemos o que podemos para a bem servir, mas com o irrespeito que para sempre a amortalhou.
Por isso, ao texto de Jonathan Llewellyn na página «GUERRA
COLONIAL 1961-1974», do Facebook, que
Salles da Fonseca colocou no seu blog, e a que, sardonicamente, apôs o
sintético título reticente «POIS...» para bons entendedores, fiz o comentário seguinte:
Às vezes, um escrito estrangeiro vem confirmar o que pensávamos sobre o cinismo do mundo, que com uma mão vende as armas e com a outra dá o pão. Aconteceu connosco isso mesmo, toda a gente sabia que as colónias estavam a ser bem defendidas pelas tropas portuguesas e que foram entregues sem sequer de mão beijada. Os outros povos mandam os seus homens com as suas armas para alargar poderios ou proteger comércios ou ideologias. Nós desfizemo-nos de compromissos com os territórios que tínhamos há muito e que Salazar defendia, naturalmente, como era sua obrigação. Gostei a valer deste texto de Jonathan Llewellyn reposto numa altura em que já se pode "repor", embora a maioria continue silenciosa e acomodada. Ou esquecida. A caminho do "nada".
Eis o texto de Jonathan Llewellyn:
Espero que perdoem a um estrangeiro intrometer-se mas é preciso que alguém diga certas verdades.
A insurgência nos territórios ultramarinos portugueses não tinha nada a ver com movimentos nacionalistas. Primeiro, porque não havia (como ainda não há) uma nação angolana, uma nação moçambicana ou uma nação guineense, mas sim diversos povos dentro do mesmo território. E depois, porque os movimentos de guerrilha foram criados e financiados por outros países.
ANGOLA – A UPA, e depois a FNLA, de Holden Roberto foram criadas pelos americanos e financiadas (directamente) pela bem conhecida Fundação Ford e (indirectamente) pela CIA. O MPLA era um movimento de inspiração soviética, sem implantação tribal, e financiado pela URSS. Agostinho Neto, que começou a ser trabalhado pelos americanos. só depois se virando para a URSS, tinha tais problemas de alcoolismo que já não era de confiança e acabou por morrer num pós-operatório. Foi substituído pelo José Eduardo dos Santos, treinado, financiado e educado pelos soviéticos. A UNITA começou por ser financiada pela China, mas, como estava mais interessada em lutar contra o MPLA e a FNLA, acabou por ser tolerada e financiada pela África do Sul. Jonas Savimbi era um pragmático que chegou até a um acordo com os portugueses.
MOÇAMBIQUE – A FRELIMO foi criada por conta da CIA. O controleiro do Eduardo Mondlane era a própria mulher, Janet, uma americana branca que casou com ele por determinação superior. Mondlane foi assassinado por não dar garantias de fiabilidade, e substituído pelo Samora Machel, que concordou em seguir uma linha marxista semelhante à da vizinha Tanzânia. Quando Portugal abandonou Moçambique, a FRELIMO estava em ta estado que só conseguiu aguentar-se com conselheiros do bloco de leste e tropas tanzanianas.
GUINÉ – O PAIGC formou-se à volta do Amílcar Cabral, um engenheiro agrónomo vagamente comunista que teve logo o apoio do bloco soviético. Era um movimento tão artificial que dependia de quadros maioritariamente caboverdianos para se aguentar (e em Cabo Verde não houve guerrilha). Expandiu-se sobretudo devido ao apoio da vizinha Guiné-Konakry e do seu ditador Sékou Touré, cujo sonho era eventualmente absorver a Guiné portuguesa.
Em resumo, territórios portugueses foram atacados por forças de guerrilha treinadas, financiadas e armadas por países estrangeiros. Segundo o Direito Internacional, Portugal estava a conduzir uma guerra legítima. E ter combatido em três frentes simultâneas durante 13 anos, estando próximo da vitória em Angola e Moçambique e com a situação controlada na Guiné, é um feito que, militarmente falando, é único na História contemporânea.
Então porque é que os portugueses parece terem vergonha do que conseguiram?
Jonathan Llewellyn
In GUERRA COLONIAL 1961-1974, Facebook
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