Um título a glosar e a
apoiar o artigo – «Sem Barulho» -
de Vasco Pulido Valente,que dará o brado que merece,
tão justas e certeiras são as observações
neste seu quase diário mergulho
próprio de um espírito
extremamente clarividente,
como é
o de Pulido Valente,
sobre o que se passa com a gente:
Saiu no “Público” do dia 20,
décimo segundo mês,
deste ano do Senhor, 2013,
que para o ano será melhor
- se for.
É sobre mais um partido a formar,
neste nosso país de aquém mar
com algumas ilhas muito belas em redor,
por isso 2014 deverá ser
melhor:
um partido de mais uns tantos
“Vencidos da Vida”
que é o mesmo que dizer
de “barões assinalados”
que se propõem salvar
a pátria dos seus antepassados,
certamente que com graves almoçaradas
próprias do vencidismo e das mais patacoadas
a que nos habituámos
neste nosso reino lusitano
bacano.
Leiamos
para que saibamos,
na esperança de nos safarmos
com esse novo partido convencido
de que nos vai dar o paraíso,
embora de ambição semelhante
à dos fundadores de antigamente
- desde o 25 de Abril primaveril:
O
Dr.Manuel Carvalho da Silva, depois de ter garantido na Rádio Renascença que
não tencionava fundar um novo movimento político, assinou um papel em que se
comprometia a fundar um “amplo” movimento político que apoiasse uma candidatura
ao Parlamento Europeu. O Dr. Carvalho da Silva não é, evidentemente, obrigado a
pensar hoje o que pensou ontem; e de toda a evidência nada lhe garantia ser o
nº 1 de uma lista eventual do “Partido Livre”. Apareceu, assim, um manifesto, o
“manifesto 3 D”, que oferece uma espécie de partido aos portugueses, desde “erradicar
a pobreza” a “pôr fim aos resgates”, com esse ou outro nome. Não falta nesse
caderno de encargos nada que um adolescente analfabeto não pudesse querer,
excepto a ideia um pouco obsoleta de ressuscitar os mortos.
Os
3D do Partido Socialista em 1974 eram “descolonizar, democratizar e desenvolver”.
Os 3D de hoje são “a dignidade, a democracia e o desenvolvimento”.
Aparentemente, 40 anos não chegaram para o trivial, apesar dos fundos da “Europa”
e muita parlapatice. Como os promotores do “movimento” dizem, e dizem bem, “é
tempo” de tratar seriamente do caso. Infelizmente, a grande maioria desses
promotores já tentou e já falhou na missão urgente de salvar a pátria. Vieram
do PC, do Bloco, do PS, do vaporoso “Partido Livre”, mesmo do lúgubre PRD do
general Eanes. Ou seja, arrastam atrás de si uma carreira de tristeza e
fracasso, de inutilidade e arrependimento. Muitos estão, de resto, reformados e
não se deviam meter em aventuras liceais, deviam ficar em casa a beber chá e a
ler os livros que não leram.
O
actual modo de vida dos “promotores” também não inspira uma especial confiança.
Há dúzias de professores de Lisboa e de Coimbra, artistas de vária pena e
pinta, um doutorando em “estudos de cinema” e um humorista. Mas ninguém, ou
quase ninguém, ligado a uma empresa, ou a uma câmara, ou a qualquer serviço da
administração central. O “programa” do “manifesto” mostra esta ignorância
essencial. Parece que os “promotores” imaginam que a sua vontade só por si,
reunida, por exemplo, num hotel ou no Teatro Trindade, basta para mudar o mundo
e o país. Não basta, como é óbvio. Bastará talvez para eleger Manuel Carvalho
da Silva (ou um anónimo solitário) deputado ao Parlamento Europeu, onde o
mandarão calar como ele merece. A esquerda “sem filiação” devia arranjar outra
maneira de se entreter. Sem barulho.
- tal como o fado fatal -
histórias da nossa sina.
Só duvido do “arrependimento”
dos promotores do tal movimento.
“Se bem me lembro”,
nunca ninguém o afirmou,
nem se enforcou
na figueira da sua penitência,
como o Judas da outra pendência.
Paciência!
Mas concordo com o “chá”
e com os livros nunca lidos
pelos falsos arrependidos
e mais etc. e tal.
Peço perdão pela escolha
do verso da minha sina,
duma rima pequenina,
risonha e livre
de arabescos belos.
Usei-o como um brinquedo, afinal,
Trazido pelo Pai Natal
só para mandar o meu "chiu"
a tanto piu piu.
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