É uma frase que escutei esta noite a José Pacheco Pereira, que me deu no
goto. Estava-se na «Quadratura do Círculo», que hoje começou com a exposição de
Pacheco Pereira a respeito de uma tal carta de gente grada portuguesa a um tal
Passos Coelho, que também Jorge Coelho sumamente despreza, como “não tendo
credibilidade”, sem “posições próprias”, e tendo que “engolir muita coisa que
anda a dizer”, além de ter constatado tragicamente que “Portugal desapareceu do
mapa”. Como Pacheco Pereira também já tinha largado aquela sobre “a Europa dos
dias contados”, não estranhei tanto o negativismo pátrio de Coelho (Jorge),
decididos ambos a liquidar Coelho (Passos) com todos os excessos das suas
raivas impotentes contra a firmeza do PM nos seus comentários sobre as
obrigações da Grécia para com quem lhe emprestou o dinheiro, os mesmos que o
fizeram a Portugal. Dinheiro amaldiçoado pelos 32 subscritores da “nova carta
portuguesa”, dirigida a Passos Coelho, por essa sua política de ressarcimento
de dívida ter conduzido Portugal (tal como outros países irmãos em crise
vivendo, como nós, do empréstimo – e do imposto, pecha antiga - ao desemprego e
à miséria, como fez Passos ao pretender cumprir os seus compromissos e desejar
que a Grécia cumpra os seus.
Encontro na Internet a tal carta a Passos Coelho dos 32 grados subscritores
da sua banha de cobra para iludir pacóvios, fingindo bondade para com a Grécia
que não é mais do que artimanha para condenar quem cumpriu acordos assumidos.
«Apesar de concordarem que "a Europa vive uma situação difícil, pelas
tensões militares na sua periferia e pelos efeitos devastadores de políticas
recessivas que geraram desemprego massivo", os signatários apontam como
problema "o aumento do peso das dívidas soberanas e a deflação", que
abalam assim "os alicerces de muitas democracias"."Este momento
exige por isso uma atitude construtiva, que conduza a uma cooperação europeia
de que Portugal não se deve isolar", defendem. Os 32 subscritores da carta
consideram que, "para evitar uma longa depressão, a União tem de combater
a incerteza na zona euro e, para tanto, precisa de uma abordagem robusta que
promova soluções realistas e de efeito imediato"."O momento actual
oferece uma oportunidade que não pode ser desperdiçada para um debate europeu
sobre a recuperação das economias e das políticas sociais dos países mais
sacrificados ao longo dos últimos seis anos", sustentam. Os signatários
consideram ser também do interesse de Portugal "contribuir activamente
para uma solução multilateral do problema das dívidas europeias reduzindo o
peso do serviço da dívida em todos os países afectados, que tem sufocado o
crescimento económico, agravando a crise da zona euro". Defendem também a
necessidade de Portugal favorecer "uma Europa que não seja identificável
com um discurso punitivo mas com responsabilidade e solidariedade, que não
humilhe Estados-membros mas promova a convergência, que não destrua o emprego e
as economias mas contribua para uma democracia inclusiva". "Estamos
certos, senhor primeiro-ministro, de que agora é o tempo para este apelo à
responsabilidade numa Europa em que tanto tem faltado o esforço comum para
encontrar soluções para uma crise tão ameaçadora", concluem os 32
subscritores da "Carta ao primeiro-ministro de Portugal".»
Foi, pois, sobre esta carta que se debruçaram os participantes da Quadratura
do Círculo: Pacheco Pereira, também subscritor da carta, com as habituais
banalidades do seu discurso doutoral, Jorge Coelho, com as banalidades toscas
do seu discurso matreiro mascado de bom senso pacóvio, António Lobo Xavier defendendo
uma posição mais rigorosa, sem o parti-pris dos outros contra o Governo.
E a vida continua, à espera dos dias da Europa dos 28 em contagem
decrescente. Diremos, então, como Camões, para morrermos em beleza:
No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno? (Lus. I, 106)
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno? (Lus. I, 106)
Mas tenhamos fé em Lavoisier (ou mesmo em Jesus Cristo, «que não percebia nada de
finanças»): «Na Natureza nada se perde…»
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