domingo, 25 de dezembro de 2016

Os Quatro Evangelhos, segundo Frederico Lourenço



E, antes de começar a leitura dos quatro Evangelhos, li a introdução a cada um, que servirá para uma leitura mais “afectiva” e esclarecida, fazendo-nos reportar a um tempo misterioso em que alguém, aparentemente próximo de Cristo, agora anónimo, recolheu dados sobre esse ser singular criador de uma consciência tão extraordinária do mundo e do homem, tão diversa da que era descrita pelo homem primitivo e posteriormente pelo homem criador de mitos e de histórias extraordinárias que tão estranhas se afiguraram, quer na aventura romanesca ou dramática, quer no diálogo filosófico, quer na interpretação do mundo e da sua criação, os ideais de perfeição como paradigmas a atingir, as sombras projectadas nas paredes da caverna platónica, distorcendo a realidade, que o esclarecimento da mente (com a libertação do prisioneiro acorrentado) permite alcançar na sua plenitude de perfeição absoluta, como conceitos – de Beleza, de Justiça, de Amor, de que o Homem é apenas reflexo, segundo o conceito platónico – “sombra daquela ideia que em Deus está mais perfeita”, no conceito agostiniano que Camões segue nas  suas redondilhas “Babel e Sião”… O Antigo Testamento judaico criara um Jeová muito próximo do Homem, castigador ou favorecedor dos actos humanos e ditador de leis, mas o Novo Testamento descreveu a vida de um Homem cuja vinda, naquele profetizada, surgia como algo libertador do Homem, e informador de outras práticas do percurso humano favorecedoras de um destino de misericórdia.
É dia de Natal, temos a família vasta, com as rabanadas e tudo o resto, a festejar. Por isso, fica só a promessa da síntese, para os próximos dias, das Introduções de Frederico Lourenço aos Quatro Evangelhos. Espero cumprir.

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