E,
antes de começar a leitura dos quatro Evangelhos, li a introdução a cada um,
que servirá para uma leitura mais “afectiva” e esclarecida, fazendo-nos
reportar a um tempo misterioso em que alguém, aparentemente próximo de Cristo,
agora anónimo, recolheu dados sobre esse ser singular criador de uma
consciência tão extraordinária do mundo e do homem, tão diversa da que era descrita
pelo homem primitivo e posteriormente pelo homem criador de mitos e de
histórias extraordinárias que tão estranhas se afiguraram, quer na aventura
romanesca ou dramática, quer no diálogo filosófico, quer na interpretação do
mundo e da sua criação, os ideais de perfeição como paradigmas a atingir, as sombras
projectadas nas paredes da caverna platónica, distorcendo a realidade, que o
esclarecimento da mente (com a libertação do prisioneiro acorrentado) permite alcançar
na sua plenitude de perfeição absoluta, como conceitos – de Beleza, de Justiça,
de Amor, de que o Homem é apenas reflexo, segundo o conceito platónico – “sombra
daquela ideia que em Deus está mais perfeita”, no conceito agostiniano que
Camões segue nas suas redondilhas “Babel
e Sião”… O Antigo Testamento judaico criara um Jeová muito próximo do Homem,
castigador ou favorecedor dos actos humanos e ditador de leis, mas o Novo
Testamento descreveu a vida de um Homem cuja vinda, naquele profetizada, surgia
como algo libertador do Homem, e informador de outras práticas do percurso
humano favorecedoras de um destino de misericórdia.
É
dia de Natal, temos a família vasta, com as rabanadas e tudo o resto, a
festejar. Por isso, fica só a promessa da síntese, para os próximos dias, das Introduções de Frederico
Lourenço aos Quatro
Evangelhos. Espero cumprir.
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