História, 8º ano,(2)
Manual: «MISSÃO
HISTÓRIA (Porto Editora)
Tema: «O Renascimento e a formação da nova mentalidade»
1- Confronto
com novas realidades e formas de pensar, uma das consequências, enriquecedora, da
Expansão marítima.
2 –
Formas de pensar medievais postas em causa, devido à imposição do conceito humanista.
3- RENASCIMENTO:
(Sécs. XV e XVI): Movimento de renovação cultural na Europa, inspirado nas
civilizações clássicas grega e romana, e tentando abolir o conceito filosófico medieval
do teocentrismo (Deus
centro do Universo, a vida vivida em função da vida eterna).
4- Ao
teocentrismo, sucede assim o antropocentrismo (o Homem
valorizado como centro do pensamento e das preocupações).
II- A Itália berço do Renascimento
1- Renascimento
iniciado nas repúblicas italianas mais ricas da Itália (Florença
Génova, Milão e Veneza).
2- Razões desse facto:
- Riqueza das cidades italianas (Comércio com o
Oriente, por via das rotas de caravanas de mercadores vindos do oriente ou do
norte de África, e de barcos chegados a Génova e Veneza, vindos de de
Alexandria e Constantinopla… );
- Mecenato
de príncipes e burgueses, rivalizando em ostentação artística (palácios,
ornamentações) e proteccionista - de escritores e artistas;
- Presença em Itália de sábios
gregos e bizantinos que preservaram a cultura clássica de que os seus
países foram berço, juntamente com a Itália.
-
Existência de muitas Escolas de Arte
e Universidades;
- Vestígios
de monumentos romanos inspiradores dos artistas.
3- Expansão
do Renascimento cultural e artístico pelo resto da Europa nos
século XV e XVI .
4- Em Portugal,
o Renascimento é mais tardio, em consequência dos Descobrimentos.
(Foi o poeta Sá de Miranda o introdutor do Renascimento literário em
Portugal - o doce estilo novo
– não só nas formas poéticas (soneto, decassílabo,
alexandrino, écloga, elegia, comédia…), como nas temáticas
– do amor, da beleza, da natureza, da mudança, da efemeridade…).
III – Os novos valores da mentalidade renascentista:
( Definição de conceitos: Humanismo: Valor da mentalidade renascentista que valorizava o
ser humano e as suas capacidades. Classicismo: Tendência
artística e literária inspirada nos modelos da Antiguidade clássica
(civilizações grega e romana): abrange três séculos: Renascimento (séc. XVI);
Barroco (séc. XVII); Iluminismo (séc.XVIII). Espírito crítico:
Princípio segundo o qual não se devem aceitar teorias ou factos sem os
compreender e sem apurar a sua veracidade. Heliocentrismo: Teoria defendida por Copérnico
segundo a qual o Sol é uma estrela fixa em volta da qual giram aos planetas. (Oposta
ao Geocentrismo medieval (defendido por Copérnico)
Pondo a Terra no centro do Universo, eos corpos
celestes, como o Sol, girando em seu redor ).
1- Interesse
dos intelectuais europeus dos séculos XV e XVI pela cultura clássica, valorizando as capacidades do ser humano (Humanismo).
2- A mentalidade renascentista marcada também por outros valores, como: classicismo
(regresso aos valores da Antiguidade Clássica, copiando e interpretando os temas
e as formas da literatura e da arte greco-romanas; individualismo (a pessoa deve valorizar-se pelas suas qualidades e actos, com
desejo de fama e glória); o espírito
crítico (valoriza a razão e o
pensamento, pondo em causa os dogmas e o saber livresco).
3- A mentalidade
renascentista defende uma abertura
face ao conhecimento e aos estudo de todas as áreas do saber; o homem reconhecido
socialmente deve ser completo e perfeito, com uma boa
formação cívica, intelectual e física, segundo o lema latino “mens sana
in corpore sano” (=espírito são em
corpo são). O “Homem ideal” do Renascimento (“l’Honnête Homme”,
em francês) deve saber estar à mesa, ser cordial, ser simultaneamente um poeta,
um erudito e um guerreiro. Leonardo da Vinci e Alberto Moravia
exemplos de formação integral).
4- A valorização da experiência
- Os humanistas
defendem que todo o conhecimento deve ser confirmado poela razão e
pela experiência.
- A observação da Natureza e a valorização
da experiência contribuem para o desenvolvimento de muitas ciências,
através de descobertas como o heliocentrismo,
que teve grande resistência,
sobretudo da Igreja, que dominava o ensino.
IV- O Humanismo e a renovação literária
1- Restauração,
tradução e comentário de obras
clássicas feitos pelos humanistas, originando novos conhecimentos
(enriquecidos pelas descobertas científicas que a expansão proporcionou),
origem da renovação literária.
2- Exemplo de humanistas:
Erasmo de Roterdão, um dos mais importantes humanistas do século XVI. No
seu livro “O Elogio da Loucura”, critica
ironicamente a corrupção do clero, dos reis, cortesãos e
mercadores, apelando à recuperação de valores como a humildade, caridade e
fraternidade.
O inglês Thomas
More escreve “Utopia”, inspirada
nas ideias do filósofo grego Platão, idealizando um reino-ilha cuja sociedade funciona de
modo justo e perfeito.
Autores italianos do Renascimento: Petrarca (séc XIV);
Pico della Mirandola; Baltasar Castiglione; Nicolau Maquiavel (Obra: «O Príncipe”, inspirador
do absolutismo dos reis).
Autores ingleses: William Shakespeare, dramaturgo, autor de Hamlet, Otelo,
Macbeth, Romeu e Julieta, O Rei Lear (inspirador de «Leandro,
rei da Helíria» da Alice Vieira,).
Autores espanhóis: Miguel de Cervantes , autor
de “Dom Quixote de la Mancha), o poeta
Quevedo…
Autores
Franceses: Rabelais, autor
de Gargantua et Pantagruel, de grande mensagem crítica (Frase
de Rabelais: “A ignorância é a mãe de todos os males”; Montaigne
(“Ensaios”):
destaca o valor da cultura, e
a capacidade de saber julgar e duvidar, até mesmo a autoridade dos
Antigos.
Autores portugueses: Luís de Camões, Sá de
Miranda (poetas); historiadores:
Damião de Góis, João de
Barros; as mulheres humanistas Joana Vaz, as
irmãs Luísa e Ângela Sigea, Paula
Vicente, filha do dramaturgo Gil
Vicente. Fernão Mendes Pinto, autor do livro de viagens pelo Oriente “Peregrinação”,
embora de escrita ainda não clássica.
3- Difusão das ideias do Renascimento: Essa difusão é beneficiada pela invenção da
imprensa por Gutemberg, em 1445,
que permite produzir livros mais baratos e em maior quantidade.
As ideias humanistas são difundidas nas cidades europeias, como Paris,
Roterdão, Oxford, Cambridge, Lovaina, Vitemberga…
Notas: A xilografia era praticada pelos Chineses desde o século VII: usavam
uma prancha de madeira para gravar imagens e textos, que podiam ser
reproduzidos por estampagem. No séc. XI, Bi Sheng, ferreiro e alquimista,
aperfeiçoou a técnica, criando caracteres
móveis.
A invenção de
Gutemberg: Gutemberg pretendia apenas descobrir um processo
que fosse mais eficaz na manufactura dos livros, sem prever as extraordinárias
consequências do seu invento. No final do séc. XV mais de 250 cidades europeias
tinham oficinas de tipografia a funcionar. (Alberto Labarre, História do
Livro).
(Fonte:
Internet): O primeiro livro impresso com a técnica de Gutenberg é
chamado de Bíblia em Latim. O livro tinha 641 páginas que foram forjadas
em letras em chumbo e arranjadas manualmente. A Bíblia de Gutenberg foi
impressa com estilo de escrita gótica. Foram feitos cerca de 300 exemplares do
livro, todos com detalhes minuciosos desenvolvidos pelo alemão Johannes
Gutenberg.
V- A ARTE DO RENASCIMENTO
1- O
Renascimento também se reflectiu na arte,
quebrando a tradição medieval de religiosidade e didactismo, num retorno
aos modelos clássicos greco-latinos:
1.1- Características gerais da arte renascentista:
- Classicismo: regresso à representação
do nu e dos temas mitológicos.
- Novos valores
humanistas, defendendo que “o homem é a medida de todas as coisas”.
- Novas
soluções técnicas: perspectiva;
preocupação com o rigor e a perfeição.
- Novos cânones (ou seja, regras e proporções) para a construção
de edifícios, assim como para a criação de esculturas e pinturas.
- Naturalismo e realismo: as figuras esculpidas
em semelhança com a realidade.
- Proporcionalidade: as esculturas podem
atingir grandes dimensões, mas respeitam sempre as proporções dos corpos.
-Composições geométricas: as esculturas
inserem-se em formas geométricas, como pirâmides, quadrados ou rectângulos
(Ex: Pietà de Miguel Ângelo
(composição inserida em pirâmide): exposta na Basílica de S. Pedro no
Vaticano (1499). O artista tinha 23 anos, foi a sua primeira grande
encomenda religiosa. (pág. 66)
1.2- Principais características da arte renascentista
presentes na arquitectura, escultura e pintura: harmonia, equilíbrio e ordem.
(Este movimento surgiu em Florença, no
início do séc. XV e espalhou-se na Europa.
a) Arquitectura renascentista:
Aplica um conjunto de elementos inspirados nas
construções clássicas, sobretudo romanas: Monumentalidade dos
edifícios, arco redondo, cúpulas de sobreposição de ordens (dórica,
jónica, coríntica).
Principais características da arquitectura renascentista:
- Uso de arcos
de volta perfeita ou redondos; utilização de cúpulas
e cobertura em abóbada de berço; aplicação de frontões
triangulares nas fachadas; uso
de colunas e pilastras (=pilar fundido numa parede) com capitéis
clássicos (das ordens dórica, jónica e coríntia: uso de
cornijas e balaústres a coroar os terraços. A impressão de
horizontalidade nas construções.
Pág. 64: 1-
Foto da Catedral de Santa Maria das Flores, em Florença (exterior
e interior) (1420 e 1436): A sua cúpula serviu de inspiração a Miguel
Ângelo para construir a cúpula da Basílica de S. Pedro,
no Vaticano.
2- Elementos estruturais da arquitectura
renascentista representados num edifício em corte.
b) Principais características da escultura
renascentista:
1 - Corpo
humano representado com rigor anatómico, (devido aos progressos da medicina).
Os principais temas da escultura eram inspirados na Antiguidade
clássica. O gosto pelo nu explica-se pelo desejo de representar a
perfeição do corpo humano.
2 - A
escultura deixa de ser apenas um elemento
decorativo da arquitectura e passa a ter valor por si e os escultores
valorizados como artistas: Andrea Verrochio, Donatello e Miguel Ângelo - alguns dos
principais escultores da Renascença italiana.
c) A pintura renascentista
1- O
Renascimento foi um dos períodos mais ricos da pintura na Europa, com
novas técnicas e formas de representação da realidade.
2-
Principais temas inspirados na Antiguidade: cenas da mitologia, mas
também temas religiosos e, motivada pelo individualismo e pelo mecenato,
a pintura de retratos.
3- Os
principais pintores renascentistas italianos: Botticelli,
Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo e Rafael. Da Flandres: Van Eyck, Jerónimo Bosch e Brueghel. Da Espanha: El Greco. Da
Alemanha: Dürer e Holbein.
De Portugal: Nuno Gonçalves.
Pág. 66:
Retrato da Gioconda:
Características:
Novas técnicas
como a pintura a óleo (inventada pelos pintores flamengos. Representação
da terceira dimensão através da perspectiva. Aplicação da técnica
do sfumato, envolvendo os espaços e figuras mais afastadas numa espécie
de névoa. Realismo e naturalidade das figuras.
Proporcionalidade das formas (aplicação de cânones).
VI- Como se
caracteriza a arte portuguesa dos séculos XV e XVI:
1- Os séculos XV e XVI marcados pela permanência de
formas e modelos da arte gótica.
2- No
reinado de D. Manuel I desenvolveu-se estilo arquitectónico
chamado de arte manuelina (baseado na estrutura gótica, mas com uma decoração
naturalista e alusiva às viagens marítimas da expansão e aos símbolos nacionais
do reinado de D. Manuel I)
3- Os
elementos decorativos mais usados ligam-se ao contexto dos Descobrimentos e
de afirmação do país: elementos marítimos (redes, cordames,
conchas, barcos, algas, incrustações de coral) e símbolos
nacionais (esfera armilar, cruz da Ordem de Cristo, escudo real).
Há também muitos elementos naturalistas (raízes,
troncos, folhagens) que já existiam no estilo gótico.
4- Principais edifícios com elementos do Manuelino
são: o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, em
Lisboa, o Convento de Cristo (Janela) em Tomar, e
o Convento de Jesus em Setúbal (Imagens na pág. 68)
VII- A arte renascentista em Portugal
1- A arte renascentista em Portugal foi mais tardia, só se desenvolveu a partir
do reinado de D. João III (1521-1557).
2- Alguns
dos monumentos mais
representativos da arquitectura renascentista em Portugal são: Ermida
de Nossa Senhora da Conceição, em Tomar (imagem p. 69: características
renascentistas de horizontalidade, frontão triangular, arco
redondo), a Igreja da Graça em Évora, os claustros do
Convento de Cristo em Tomar, e os claustros do Convento da
Assunção em Faro. Nas sés de Miranda, Portalegre e Leiria são
também notórias influências renascentistas.
3- A pintura recebeu influência dos flamengos,
talvez porque Portugal tinha uma feitoria na Flandres.
4- A escultura e
as artes decorativas receberam influência
italiana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário