De repente, ouço a minha Mãe entregue aos seus devaneios evocativos:
S. Gregório se levantou
E o sapatinho calçou
Nossa Senhora o encontrou
E lhe perguntou:
-P’ra onde vais tu, S. Gregório?
- Vou derrubar estas trovoadas
Que por cima de nós andam armadas.
- Então derruba-as bem derrubadinhas
S. Gregório se levantou
E o sapatinho calçou
Nossa Senhora o encontrou
E lhe perguntou:
-P’ra onde vais tu, S. Gregório?
- Vou derrubar estas trovoadas
Que por cima de nós andam armadas.
- Então derruba-as bem derrubadinhas
Lá p'ra Castro Marim,
P’ra onde não haja pão nem vinho,
Nem leira nem beira,
Nem raminho de figueira
Nem pedra de sal
Nem coisa que faça mal.
- Maio era o mês das trovoadas. Agora não troveja. Porque será? Tínhamos muito medo e as cabras também, vinham para junto de nós.
E a minha Mãe chora, lembrando as cabrinhas assustadas, correndo para junto das guardadoras dos rebanhos.
- Agora já não há primavera!
- O clima está muito diferente do da nossa infância! - é a minha irmã que confirma.
Mas eu julgo que as trovoadas mudaram de poiso, não sei se por artes mágicas do S. Gregório. E mudaram de carisma, que as de agora não deixam de ser assustadoras. Recordo os comentários da minha amiga, há alguns dias, quando falávamos do nosso caos:
- A droga é culpada. A droga estragou o mundo. Se tivesse aparecido em determinados países! Mas não, ela apareceu no mundo. Essa é o principal factor...
- Até da corrupção das mentes, sugiro.
- Mas a droga ajuda a isso tudo. Quando se diz: “Não tem nada lá dentro”, os traficantes, os que produzem, depois os outros que a consomem, não servem para nada nem para ninguém. Em Quelimane conheci alguns. Mas foi há trinta e cinco anos que ela se expandiu pelo mundo, Europa, países do Oriente... E assim se vão destruindo gerações. É esse o drama do mundo. Armas, guerra, terrorismo, tudo horrível! Mas o que leva a isto é a droga. É preciso dinheiro. E o dinheiro vai-se buscar aí.
Lembrei o petróleo, como factor de guerra, mas relacionou-o também com a droga.
- Agora, falando em dinheiro: a Céu anda preocupada com o dinheiro que o marido tem num banco. Há algum banco seguro? Já se anda a falar muito em bancos. Quatro bancos a caminhar para a falência! Agora o que é que acontece a um país onde os bancos vão à falência?
- Rezemos a S. Gregório, para que ele calce o sapatinho e vá derrubar as trovoadas de agora, como derrubava as de outrora, com o apoio de Nossa Senhora, mandando-as para onde não haja as coisas essenciais à vida – pão, vinho, sal...
Mas acho que antigamente era mais fácil, não só porque havia o apoio voluntário e gratuito de Nossa Senhora, mas porque as coisas essenciais à vida eram muito diferentes das de hoje.
P’ra onde não haja pão nem vinho,
Nem leira nem beira,
Nem raminho de figueira
Nem pedra de sal
Nem coisa que faça mal.
- Maio era o mês das trovoadas. Agora não troveja. Porque será? Tínhamos muito medo e as cabras também, vinham para junto de nós.
E a minha Mãe chora, lembrando as cabrinhas assustadas, correndo para junto das guardadoras dos rebanhos.
- Agora já não há primavera!
- O clima está muito diferente do da nossa infância! - é a minha irmã que confirma.
Mas eu julgo que as trovoadas mudaram de poiso, não sei se por artes mágicas do S. Gregório. E mudaram de carisma, que as de agora não deixam de ser assustadoras. Recordo os comentários da minha amiga, há alguns dias, quando falávamos do nosso caos:
- A droga é culpada. A droga estragou o mundo. Se tivesse aparecido em determinados países! Mas não, ela apareceu no mundo. Essa é o principal factor...
- Até da corrupção das mentes, sugiro.
- Mas a droga ajuda a isso tudo. Quando se diz: “Não tem nada lá dentro”, os traficantes, os que produzem, depois os outros que a consomem, não servem para nada nem para ninguém. Em Quelimane conheci alguns. Mas foi há trinta e cinco anos que ela se expandiu pelo mundo, Europa, países do Oriente... E assim se vão destruindo gerações. É esse o drama do mundo. Armas, guerra, terrorismo, tudo horrível! Mas o que leva a isto é a droga. É preciso dinheiro. E o dinheiro vai-se buscar aí.
Lembrei o petróleo, como factor de guerra, mas relacionou-o também com a droga.
- Agora, falando em dinheiro: a Céu anda preocupada com o dinheiro que o marido tem num banco. Há algum banco seguro? Já se anda a falar muito em bancos. Quatro bancos a caminhar para a falência! Agora o que é que acontece a um país onde os bancos vão à falência?
- Rezemos a S. Gregório, para que ele calce o sapatinho e vá derrubar as trovoadas de agora, como derrubava as de outrora, com o apoio de Nossa Senhora, mandando-as para onde não haja as coisas essenciais à vida – pão, vinho, sal...
Mas acho que antigamente era mais fácil, não só porque havia o apoio voluntário e gratuito de Nossa Senhora, mas porque as coisas essenciais à vida eram muito diferentes das de hoje.
Um comentário:
Gosto do texto mas é um bocado grande para quem não gosta muito de ler
É só, para a próxima tenta resumir melhor o teu texto.
Obrigado, atenciosamente Daniel Nunes
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