Revi Aveiro, com certa minúcia, num
programa da TV5 Monde, com turistas passeando-se pelos canais da ria, pelas
praias da Barra e da Costa Nova, pela Vista Alegre e a sua fábrica de louça… Revi
as salinas a perder de vista, entre as quais se passava na estrada que conduzia à Barra e
que passava também pela Gafanha. Em Aveiro nasceu o meu filho mais velho, vivi
ali dois anos, foi no liceu de Aveiro que iniciei o meu percurso profissional,
numa casa que alugámos perto do liceu, novinha em folha, mas que mal reconheci,
quase vinte anos depois, no emaranhado de uma cidade em desenvolvimento.
O programa francês pormenoriza os
dados, passeámos na ria com os turistas, vimos a fabricação dos ovos moles, com
o rodo juntámos sal – turismo é também prática – só não visitámos o museu de
Santa Joana, onde encontrei pela primeira vez uma encadernação em pergaminho,
montada num cavalete, como mais tarde, na Biblioteca da Ajuda, encontraria o
Cancioneiro medieval da Ajuda, que tanto me maravilhou, igualmente posto num
cavalete, coisas primárias a quem pouco viajou na vida e que gravei com encanto
na memória.
Mas o que mais me encantou foi o
farol da Barra que tantas vezes vi de fora, mas que a mira do repórter
fotográfico me levou a visitar por dentro, um farol cujos 271 degraus da escada
em caracol foram subidos a pé por alguns dos turistas, embora já exista
elevador que a câmara nos mostrou em projecção ascendente, além do vasto
panorama da praia a perder de vista, que do cimo se avista.
É pois, em lembrança de um outrora de
juventude ainda, em que, não sobrecarregada com os afazeres maternos, embora já
com as canseiras da sua preparação, nos passeávamos por vezes até à Barra e
Costa Nova, admirando o mais alto farol português, apenas do exterior, a
inexistência de elevador impedindo uma subida a dois, o meu Ricardo
acompanhando por dentro ambições de viagens e passeios que felizmente ele vai
concretizando modestamente mas com o encanto da sua liberdade – é, pois em
lembrança desse passado, que revejo num programa da televisão francesa, que
transcrevo da Internet os dados sobre o Farol da Barra, embora tenha lido
noutro texto que é o segundo maior da Península Ibérica, ao contrário do que
vem neste, que o aponta como primeiro:
Farol de Aveiro na praia
da Barra
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O Farol da Barra é o mais alto de Portugal e da Península
Ibérica.
Construído entre 1885 – 1893, foi projectado por um autodidacta
que levou de vencida os onze engenheiros que apresentaram plantas e maquetas.
O farol da Barra, custou na altura, a quantia de 51 contos aos
cofres do estado.
A escadaria é composta por dois sectores: o primeiro, com 271
degraus, é uma escada em pedra, em forma de caracol; o segundo, é uma escada
metálica, com 20 degraus (actualmente com elevador).
O cilindro tem de altura 44,5 metros, situando-se o foco
luminoso a 62 metros, permitindo-lhe projectar os raios de luz a cerca de 60
quilómetros de distância, interceptando os faróis da Figueira da Foz e de
Leça da Palmeira.
A sua inauguração foi levada a cabo por Bernardino Machado em
1893, então ministro das Obras Públicas, quando este visitou demoradamente a
região.
Esta notável obra do século passado, erguida à entrada da barra,
passou a velar pela segurança da navegação que até aí não dispunha de um
ponto de orientação. Sem o farol, as embarcações da época eram frequentemente
atraídas para terra, devido à ilusão de afastamento, provocada por uma porção
de costa muito plana com as primeiras elevações a grande distância do mar.
A principal fonte luminosa era obtida por incandescência do
vapor do petróleo. Só em 1950 o sistema iluminante passou a ser alimentado a
energia eléctrica.
A principal componente do farol é a potente lâmpada, que
projecta um feixe luminoso visível a 22 milhas náuticas de distância (cerca
de 40 quilómetros).
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