Encontrei o artigo no Público de 16/8/2015, cujo
título e uma fotografia de Lisboa com, em epígrafe, a frase “Bom tempo e
facilidades fiscais atraem reformados estrangeiros” me seduziram para a
leitura, na perspectiva de dados positivos amenizando o clima de tortura
psicológica da instituição nacional, interessada em amarfanhar-nos a alma com os
ataques contínuos da vozearia torva e desestabilizadora, forjada na crença
ingénua da perspicácia de cada um para fazer melhor do que os que estão.
Afinal o artigo
já vinha sublinhado a vermelho pela minha irmã, nos parágrafos que transcrevo em negrito e que me fizeram sonhar
com uma futura política de intercâmbio cultural luso-francês que reponha o francês
nas escolas como era no meu tempo passado, em que se estudava literatura
francesa (para os que seguiam “Românicas”) e isso nos enchia a alma, no
companheirismo de uma sociedade que dera
ao mundo tanto da beleza espiritual desse mundo, representada pelos seus
mestres – escritores, pensadores, artistas – e cuja luz para sempre o iluminará.
Sublinho o parágrafo final que possibilita a vinda de
reformados franceses – uma lei de 2013 sobre isenção fiscal para o caso do
estatuto de residente não habitual. Uma lei que favorece a economia nacional.
Para
mim, a vantagem maior será a de que, a troco do nosso sol, poderão trazer-nos as
luzes do solo deles.
Portugal
visto como "terra de adopção para os franceses a nível fiscal
Marie
e Yvon Meillarec tiveram a ideia de comprar um apartamento em Portugal porque
começaram a ouvir dizer que se tratava de "uma terra de adopção para os
franceses a nível fiscal".
"Em
França, ouve-se cada vez mais que Portugal é uma terra de adopção para os
franceses ao nível fiscal. Confirmo que Portugal está na moda para os
reformados franceses e, apesar de termos sido os primeiros do nosso círculo de
amigos a comprar, já há outros a pensar no mesmo", disse à Lusa Marie Meillarec.
O
casal, que vive na região da Bretanha, no noroeste de França, comprou um
apartamento na quarta-feira, 5 de Agosto, e dois dias depois já estava no
Seixal em plenas mudanças, estando a ser "acompanhados pela agência"
que lhes vendeu o imóvel para "tratar das finanças, do telefone e da
electricidade" porque não falam português.
Inicialmente,
Marie e Yvon hesitaram entre Barcelona e Lisboa, mas o "argumento
financeiro" foi o que os convenceu a escolherem Portugal para passar uma
parte da reforma.
"Foi
o argumento financeiro que nos convenceu. Para já vamos ficar por cá alguns
meses e depois logo vemos. O estatuto [de residente não habitual] é muito
interessante, talvez demos o passo para o pedir, mas por enquanto vamos ter um
período de adaptação porque não podemos deixar tudo para trás de um momento
para o outro", acrescentou a francesa.
Portugal também os seduziu por causa do "bom tempo", das "pessoas amáveis", da vida cosmopolita de Lisboa, tendo acabado por ser conquistados por um apartamento num condomínio fechado na Baía do Seixal.
Portugal também os seduziu por causa do "bom tempo", das "pessoas amáveis", da vida cosmopolita de Lisboa, tendo acabado por ser conquistados por um apartamento num condomínio fechado na Baía do Seixal.
"O
apartamento tem mais de 100 metros quadrados [m2] e temos um terraço que também
tem mais de 100 m2. Temos vista sobre Lisboa, é espectacular. Para irmos a
Lisboa temos o barco a 1,50 euros que nos leva até lá em 15 minutos e estamos a
200 metros do cais", descreveu.
A
história de Marie e Yvon é mais uma que se vem juntar a muitas outras que têm
ilustrado reportagens na imprensa francesa, nas quais as "reformas
douradas" em Portugal têm sido tema recorrente desde a primeira edição do
Salão do Imobiliário e Turismo Português, há quatro anos, um evento que se
realiza habitualmente em Junho em Paris e que este ano se alargou a Lyon.
Um
dos mais recentes artigos data de 6 de Agosto e foi publicado no jornal francês
Les Echos, que
escreve que Portugal é a "nova terra de exílio para os reformados" e
"o destino privilegiado dos pensionistas franceses, ultrapassando
Marrocos, que sofre com as consequências dos problemas geopolíticos no
Magrebe".
O
jornal económico explica que "para sair da crise, Lisboa decidiu, em 2012,
estender o tapete vermelho aos reformados europeus para estimular o consumo
interno" graças ao estatuto do residente não habitual, algo que teve
"impacto nas finanças públicas francesas" porque "só em 2013,
a França perdeu mais de quatro milhões de euros de receitas fiscais por causa
das idas para Portugal".
No
último Salão do Imobiliário e Turismo Português, o presidente da Câmara de
Comércio e Indústria Franco-Portuguesa, Carlos Vinhas Pereira, disse à Lusa que
actualmente há "mais de 7.500 franceses com o estatuto de residente não
habitual [em Portugal], 5600 dos quais são reformados", estimando que até
ao final deste ano haja "cerca de vinte mil franceses a viver em Portugal
como residentes fiscais portugueses".
O
estatuto do residente não habitual em Portugal, em vigor desde Janeiro de
2013, permite a qualquer reformado - do sector privado - da União Europeia uma
isenção fiscal durante dez anos, desde que resida em Portugal 183 dias por ano
e não tenha tido residência fiscal no país nos últimos cinco anos.
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