A entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa a Cristiano
Ronaldo devia ser gravada e levada às escolas, como propósito educativo de
incutir na juventude coragem, confiança
e vontade de progredir em qualidade e seriedade.
Fiquei admirada, pois apercebi-me de quanto Ronaldo
evoluíra, não só nas suas qualidades desportivas que o levaram a tornar-se
crack do futebol mundial, mas como ser humano que defende valores importantes de
educação cívica.
Sem rebuço nem falsa humildade, considera-se o melhor
naquilo que faz, mas explica que isso não está só no seu génio, mas no seu
próprio esforço. Fez por atingir o máximo e vai continuar a fazê-lo, porque é
isso que quer: ser o melhor no que faz. O êxito acompanhou-o, mas ele
mereceu-o. E a sua passagem pelo mundo ensinou-o – em convicta expressão – a
confirmar aptidões que já a infância revelara. Mais amadurecido, exprime-se bem,
explicando quanto deve aos países onde esteve – Inglaterra e Espanha. Admira,
nos Ingleses, a seriedade, o profissionalismo, a pontualidade, a decisão. (E
tem razão, que tais atributos, entre outros, fizeram dos Ingleses o povo
superior cuja língua avassalou o mundo,
ao longo da sua expansão pela Ásia, África, América, Oceânia, além do seu próprio
espaço na Europa: onde se implantou, deixaria poderosa marca civilizacional,
que a sua língua universal atesta).
Ronaldo, todavia, escolheu Espanha, talvez por motivos
práticos da sua própria ambição, talvez porque aí tenha encontrado um povo mais
expressivo em afectos e entusiasmos que consolam, na ausência do espaço paterno.
O certo é que Ronaldo exprime bem a sua realidade de
ser humano com objectivos máximos e que se esforça por os atingir, como fizeram
os ingleses nas suas conquistas, os espanhóis nas suas navegações.
Uma entrevista, afinal, de uma pessoa inteligente –
Marcelo Rebelo de Sousa – a um jovem que soube dar a resposta exacta, não só em
relação a si próprio, mas como doutrina a seguir por todo aquele que se preze.
Os cépticos considerarão que o mundo deve tanto a
tantos cérebros que o vão tornando cada vez mais requintado, quer nas
perfeições quer nas imperfeições. E deve a muitos mais que, na obscuridade das
suas vidas, vão fazendo por cumprir o que lhes é – ou não – exigido. Com o seu
cérebro, com o seu corpo, com a sua vontade. Com visibilidade ou sem ela.
Mas as pernas contam muito, na visibilidade, o cérebro
mantém-se na sua obscuridade, ante o espectáculo das pernas em campo de
futebol, sobretudo quando pertencem a um génio. E dão dinheiro a valer, afinal
o que mais conta.
É certo que há os casos dos cérebros superiores que
entendem não precisarem de visibilidade para obterem dinheiro, até mais do que
as pernas. Preferem mesmo a obscuridade concentrada e modesta, própria de um
cérebro que se preze. Às vezes, também
dão espectáculo. Mas posterior.
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