segunda-feira, 20 de abril de 2009

Não se trata de cor

Cor política. No fundo, todos os comentadores políticos sabem coisas e apontam razões mais ou menos pertinentes dos seus pontos de vista, contestando ou apoiando os políticos de outra ou da sua cor. Alguns até têm muito chiste, quando não se atropelam em argumentos, em tom altissonante, para sobrepor o seu ao do adversário amigo.
Porque são todos amigos. Em democracia devemos aprender a respeitar todas as opiniões, como se respeitam os erros gramaticais dos alunos levando-os à detecção do erro e da regra gradativamente, por dedução, em vez de lhes impormos logo de início as regras, que custam a decorar. É claro que se perde muito mais tempo por este processo, e por isso chegamos a este século em que os dislates linguísticos ou ortográficos são cada vez mais visíveis, mas devemos acatar isso, porque também os nossos políticos não se importaram de destruir a sua própria língua, em acordo ortográfico insano, tal como lhes é indiferente o futuro hipotecado dos seus filhos e netos, ou mesmo o presente, num país a despenhar-se.
Dantes, havia territórios vários que alimentavam este país. Depois, foi a Europa que ajudou a hipotecá-lo com afinco, mas os governantes, deslumbrados, permitiram que muitos desses empréstimos fossem esbanjados pelos que souberam precaver-se furtivamente, em termos pessoais.
Não houve o desenvolvimento económico necessário, a expressão “fartar, vilanagem!” aplicou-se-nos uma vez mais, com a inocência dos incautos. E incautos são tantos dos filhos que gostaríamos de educar dentro de valores, os outros.
Mas a mocidade de agora também nem sempre os revela. Que o digam as bebedeiras dos estudantes, as garrafas atiradas para as ruas nas Queimas das Fitas, a vandalização das escolas, a insanidade.
Por isso, todos os comentaristas que até gostamos de ouvir ou de ler, apenas se atrevem a criticar ou troçar. Porque acção é impossível num país sem lei, e corajosos os que se atrevem a pegar nas rédeas. Mesmo no seu próprio interesse.

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