quarta-feira, 29 de abril de 2009

Os Três DDD

Descolonização, Democracia, Desenvolvimento – estes os slogans de um dos convidados de Fátima Campos no “Prós e Contras” desta semana. O sorriso surgiu de imediato, de puro êxtase, por verificarmos a nossa continuidade discursiva apoiada no slogan, na abreviatura, no unigrama, de fácil captação, com que se diagnostica imediatamente o tema, sem termos de o desenvolver em forma de raciocínio analítico de expressão abstracta e dificultosa.
Dantes eram os três FFF, designativos de Futebol, Fátima e Fado, que estabeleciam as coordenadas dos nossos horizontes espirituais, já por vocação miserabilista já por educação de parcimónia. Mas os tempos evoluíram, as leituras fortaleceram-se com os contactos internacionais, a política alargou os seus pareceres, os três FFF, permanecendo, embora, com a solidez das suas fortes raízes comprimidas no rectângulo pátrio, sugeriram novos símbolos – os três DDD - para denominação dos valores e objectivos de organização e trabalho.
Descolonização, estamos aviados, não vamos levantar mais pó, Democracia ainda com falhas mas trabalhamos virtuosamente para ela, Desenvolvimento, vamos a caminho.
Devemos ter esperança, a esperança é a última a morrer, diz o provérbio também sintético, com que alcançamos de imediado o sentido oculto das mensagens, por muito que o Alberto Caeiro se esforce por garantir que “o único sentido oculto das coisas é elas não terem sentido oculto nenhum”.
Desta forma, o caminho do Desenvolvimento, pesem embora os entraves do percurso, em que andamos às voltas, com não todos mas a maioria a gemer, está a ser percorrido, com o afinco de quem pretende continuar a salvar a Pátria em perigo de ruir. Os que governam regozijam-se com a obra feita, os opositores não acreditam nela e desmistificam o optimismo dos primeiros.
Entretanto, os sem emprego, os de emprego precário, os que vivem no pavor de perder o emprego, vão subsistindo, assustados aqueles, no horror da sua instabilidade que um magro subsídio episodicamente acalenta, estes no trauma psicológico de serem os despedidos a seguir... O horror do presente, a desesperança no futuro, a consciência da nossa derrocada como nação, mau grado os nomes ilustres que nos farão amá-la sempre...
Não, não percamos a esperança. Havemos de encontrar petróleo. Ainda que para o desenvolvimento, apenas, dos de sempre...

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