quinta-feira, 9 de abril de 2009

Os Titãs da nossa responsabilidade

Assisti ontem, no Parlamento, por via televisiva, a uma luta entre autênticos Titãs, tão garbosa e tonitruantemente se enfrentaram, em acusações que faziam ricochete, imediatamente devolvidas à procedência, deixando-nos indecisos sobre quem merecia, de facto, crédito, tanta a sinceridade que de todas emanava
Só na questão das lições de moral é que divergiram. O Dr. Sócrates logo objectou que não aceitava lições dessas de ninguém, o que nos leva a acreditar nele, tomando como exemplo o seu curso, onde conseguiu ultrapassar a questão das lições reais, morais ou outras, (embora outras deva ter, de facto, recebido, para chegar aos píncaros de autêntico Titã), além de que o inefável Acordo Ortográfico constitui demonstração cabal dessa apregoada rejeição às lições, linguísticas e morais conjuntamente.
Ora o Dr. Louçã, que não tem papas na língua, destruiu-lhe a auto-suficiência chamando em sua defesa a espezinhada (pelo Dr. Sócrates) democracia, segundo a qual cada verdadeiro democrata deverá virtuosamente aceitar as lições morais de cada um dos outros verdadeiros democratas. Uma afirmação decisiva, bem de Titã, que, todavia, qualquer outro que não necessite de se rotular de democrata poderia contestar, defendendo os princípios morais como apanágio de boa educação.
Mas estávamos entre os nossos Titãs parlamentares, e foram muitos, via-se quanto todos se sentiam profundamente indignados, sobretudo com os enriquecimentos gerados ultimamente neste país a trouxe-mouxe, e quanto todos desejavam instituir a sua criminalização, mas, sob o pretexto de que tal criminalização assim antecipada – em princípio, para impedir o esgotamento dos fundos bancários - amortece o ónus da prova, o Dr. Sócrates recusou a proposta, como recusou antes as lições de moral.
Nada é eterno, contudo, nem mesmo a nossa mais valia titânica tonitruante, não devemos preocupar-nos. Os próprios Titãs foram destronados por Zeus, e o inexpugnável Titanic destruído por um iceberg.

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