Uma explicação de grande clareza, que um professor
universitário – Paulo Morais – não se permitiria expor se não fosse
verdadeira, embora, pelo que se tem visto no nosso país de sol, que nos aquece que
nem a lagartos “a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto,
remexidamente”, como informa um
angustiado niilista, Álvaro de Campos - nele – no nosso país – muitos sejam os
que condenam, em irrisórias afirmações de hombridade pessoal, os que a não têm.
O que é facto é que cada texto de condenação de uns é pretexto para trazer à liça outros mais, de quem já se falara
em tempos, remexidamente em vão. Oxalá tenha razão Paulo Morais, ao afirmar que
uma nova Justiça parece estar a chegar. O A Bem da Nação não se permitiria
transcrevê-lo se não confiasse no seu autor:
Terça-feira, 30 de
Dezembro de 2014
BEIJA-MÃO ÀS GRADES
O ex-primeiro-ministro José Sócrates, preso em Évora, inaugurou uma
nova prática: a de conceder audiências na cadeia.
José Sócrates, preso em
Évora, inaugurou uma nova prática: a de conceder audiências na cadeia. As
peregrinações de inúmeras figuras públicas à penitenciária de Évora, sob a capa
aparente de visitas de apoio e solidariedade, mais não parecem do que exercícios
de vassalagem.
Ao longo de anos e
enquanto governante Sócrates garantiu ganhos milionários a alguns dos maiores
grupos económicos, em particular na Finança e nas Obras Públicas. Todos aqueles
que Sócrates beneficiou estarão agora a ir à cadeia beijar-lhe a mão. Será uma
questão de gratidão. Por lá passaram e continuarão a passar os concessionários
das parcerias público-privadas (PPP), a quem Sócrates garantiu rendas obscenas
em negócios sem risco. Assim, não será de estranhar que o todo-poderoso Jorge
Coelho, presidente durante anos do maior concessionário de PPP rodoviárias, o
grupo Mota-Engil – tenha rumado a Évora. Também lá esteve em romagem José
Lello, administrador, durante os governos socialistas, da construtora DST, que
muito ganhou também com PPP.
Não deixa de ser curioso
que cheguem apoiantes de todos os sectores que Sócrates tutelou. O líder do
futebol português, Pinto da Costa, foi mais um dos que manifestou o seu apoio
público. Afinal, Sócrates foi o ministro do desporto que trouxe o Euro 2004
para Portugal. Um Euro que valeu muitos milhões de euros aos clubes de futebol
e seus dirigentes. Mais um gesto de vassalagem.
Para ser visitado e
apoiado, a Sócrates bastará enviar a convocatória. Todos aqueles cujos podres
Sócrates conhece, os que usufruíram de benefícios ilegítimos pelas suas
decisões – todos aparecem ao primeiro estalar de dedos. Todos temem Sócrates,
pois sabem que se ele resolver falar, desmorona o seu mundo de promiscuidades
entre política e negócios.
Com estas convocatórias e
manifestações de apoio, o ex-primeiro-ministro pretende manipular a opinião
pública, vitimizando-se; bem como condicionar a Justiça, através da sua
manifestação de força e influência.
Mas o que não faz e
deveria fazer é aproveitar o acesso directo aos media para explicar quais os
bens de fortuna que lhe permitiram, sem rendimentos compatíveis, manter,
durante anos e depois de sair do poder, uma vida de ostentação.
27 de Dezembro de 2014
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