Em resposta a uma proposta da Chiado
Editora para colaborar na sua Antologia Poética deste ano de 2015, enviando um
“poema” que não excedesse 30 versos, entretive-me a compor um “poema” na minha
prosa destemida, que parece que foi selecionado. Foi hoje, 21/3/15 o lançamento
da Antologia, a que faltei, no receio de que algum verdadeiro poeta se
indispusesse contra poemas do tipo do meu, pura prosa em versos maus, que o não
pretendiam ser, no seu significado de mero entretenimento de resposta a um
desafio, espécie de palavras cruzadas do meu carpe diem possível, para a
pacificação interior. Fica no meu blog, todavia, e se o Dr. Salles achar que
não destoa no seu, por não ter pretensões a antologia, talvez também no “A Bem
da Nação”:
«Entre o
sono e o sonho»
Sono de apatia, sonho
esperançoso
Que logo se desfaz em
desespero,
Assim vivemos o nosso
dia-a-dia
Na penúria de um
constante matutar,
A ilusão perdidamente a
descambar
Sem calçada de Carriche
onde lancemos
Passadas de trupe-trupe
ruidoso
E firme na rotina de um
trabalho
Agora inexistente em
muito lar,
Onde se dormita sem
futuro à vista.
Ambições perdidas de um
tempo incerto
Em que se mata a
descoberto,
Crime contínuo de
torpeza impune,
O mundo estrebuchando
na loucura
Dum falso fanatismo de
pretexto
Que esconde só maldade
e muito medo,
Terra descomandada que
virou tortura
De autofagia, de
mitomania,
De melancolia sem lugar
ao sonho,
Na sonolência que dão
as vozes
Investigando, acusando,
algozes,
Neste desconcerto sem
acerto
Neste rodopiar de um
destino incerto,
Nesta maldição de
tropelia
Sem magia
Em que vivemos e nos
debatemos,
Sem ar,
Quais peixes
contorcendo-se fora da água
Prestes a morrer
Sem o saber.
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