O essencial nem é escutar. É estar de antemão fixado
nos slogans próprios para, acabado o discurso, lhe saltarem em cima, como abutres esfaimados. Sempre pensei que Cavaco Silva
tem o condão de escrever bons discursos, com uma seriedade que mostra
empenhamento em salvar o país, sem se deixar manipular pelas forças da
destruição, profetas da desgraça porque eles próprios são fautores dela, no
estado de sítio a que levam o país com as paralisias nos serviços e discursos
de peixeirada, assustadoramente deseducativos, para uma mocidade que de modo nenhum pode achar neles senão
alavancas para a sua própria má criação, pobre mocidade sem valores!
Enquanto o Presidente estava a pronunciar o seu último
do dia da Pátria, fiz um comentário de apreço: palavras claras e precisas,
lembrando as coisas fundamentais para se prosseguir na senda governativa, como
sejam o equilíbrio das contas para a estabilidade, a importância da balança, a
competitividade, e outras coisas importantes, de que ressaltou a necessidade do
prosseguimento na contenção de despesas. Um panorama não animador, mas o único
previsível, num país como este que se banqueteou com dinheiros de fora, e que
deve pagar isso, naturalmente.
António Costa logo usou o seu slogan da discordância e
de promessa de mudança breve, que, a ser verdadeira (no que ninguém acredita, a
menos que seja suicidária), poderá lançar de novo o país no atoleiro, os outros
fizeram o mesmo de sempre, já se esperava, sem preconceitos de saldo de dívida
e apenas de compaixão pelos desempregados e os emigrantes, indiferentes ao
sentimento pátrio. Os do Governo, naturalmente, apreciaram, não podiam deixar
de o fazer, o discurso fora coerente com a política do Governo.
Cavaco Silva mostra uma coragem de timoneiro que
admiro, indiferente aos apupos.
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