Mas só pessoas com hombridade intelectual e a coragem que
lhes advém do seu saber e independência crítica é que se atrevem a ser tão
directos na receita para atalhar o terrorismo islâmico, depois de explicar quanto
tudo isso está ligado a interesses económicos de que os Estados Unidos da
América têm sido os principais responsáveis e continuam. É certo que, no nosso
país, estamos longe da zona rigorosa das infiltrações desses terrorismos, vocacionados
que somos mais para as redes de tráfico de droga ou outros espécimes de tráficos,
afanosamente pesquisados, nem sempre com sucesso - e daí que ousemos explicar,
sem receio de represálias, como faz tão explicitamente Vasco Pulido Valente, e
também, naturalmente, porque vivemos em democracia - todas essas animosidades dos povos
do islão, ressabiados e vingativos.
Vasco Pulido Valente acusa a esquerda e os seus
propósitos multiculturalistas, acusa Angela Merkel e a sua abertura aos
refugiados, que era necessário suprimir, ajuda a esclarecer uma guerra “santamente
vingativa” que, por o ser, nos leva a adoptarmos a atitude ingénua da Menina do
Capuchinho Vermelho e a sua pergunta sobre o porquê do tamanho dos olhos, nariz
e boca do Lobo Feroz, comportando-nos repetitivamente em atitudes de
fanfarronice pseudo-heróica, com arremedos de cólera e dor e cânticos e flores
sobre as vítimas dos ataques terroristas, e recrudescimento do desmantelamento
dos focos terroristas que vão, contudo, continuando a alastrar, sem que se lhes
enxergue o fim, numa aparente adaptação a um fatalismo vitimizante democrático
- tal como o bullying nas escolas, que as modas da brandura educativa acéfala
transformaram em enxurrada de violência a nível mundial, perfeitamente bacoca no
caso da sociedade, se não fosse tão dramática no caso das vítimas dele.
Diário de Vasco
Pulido Valente
O Ocidente e o Islão
OBSERVADOR, 10/6/2017
… hopes expire of a low dishonest decade…
O terceiro atentado terrorista em Inglaterra desde
Março produziu os lugares comuns do costume. A condenação dos
jihadistas foi morna e estereotipada. Toda a oficialidade pediu mais medidas de
segurança. O Ocidente inteiro chorou as vítimas. Mas como sempre ninguém
tentou explicar politicamente o que sucedera. Porquê? Porque ninguém se atreve
a revelar as verdadeiras causas desta violência contra sociedades à
superfície pacíficas. As causas são claras. Em primeiro lugar,
a América estabeleceu uma base na “terra santa” da Arábia e a seguir começou
duas guerras em países muçulmanos: no Iraque e no Afeganistão. Esta
criminosa estupidez está em grande parte na origem da violência que veio
depois. Bush, Blair e os governos que na Europa lhes deram apoio
militar e diplomático não conheciam nem se interessavam pelas condições no
terreno ou pela natureza do seu inimigo, historicamente dividido em dois ramos
inconciliáveis e em dezenas de seitas e organizações.
O islão é um mundo em crise, um mundo imerso
numa guerra religiosa, que se confunde, como invariavelmente sucede, com
a luta pela hegemonia de um bilião de muçulmanos. Qualquer intervenção
de fora implica duas consequências. Por um lado, favorece uma facção ou
facções dos beligerantes. Por outro, leva a América e as potências da Europa a
conduzir elas mesmas uma guerra por interposta pessoa. A Síria é um bom
exemplo. Não admira por isso que o ódio gerado no islão transborde para
Nova York, Paris, Marselha, Manchester ou Londres, que os jihadistas
compreensivelmente consideram parte do seu campo de acção.
A única maneira de acabar com ataques terroristas
ao Ocidente seria que o Ocidente se retirasse por completo do islão, o que
implicaria o fim da mais leve presença militar, económica ou política e mesmo
de alianças formais com qualquer Estado muçulmano. Para nossa má sorte, os
interesses que se opõem a uma medida tão drástica nunca o permitiram. Pelo
contrário, basta olhar à volta para perceber até que ponto o dinheiro do islão
ou, pelo menos, de uma fracção dele penetrou nas sociedades em que vivemos.
Para as nações da Europa que têm comunidades
islâmicas, o problema é mais complicado. Os tempos do consumo e da boa
cidadania passaram com a paragem ou quase paragem do crescimento, com o
desemprego (principalmente dos jovens) e com a criação de guetos em bairros
suburbanos ou simplesmente com a falta de habitação e o seu desmedido preço,
como é o caso da Inglaterra. Perante a pobreza e a perspectiva de uma
existência sem destino nada mais natural que, por mais assimilados que
tencionassem ser, os muçulmanos ou os filhos de muçulmanos dirijam a sua raiva
contra uma civilização que os seus preceitos religiosos radicalmente condenam –
coisa que uma certa “tolerância” de Hampstead, de Saint Germain ou da Lapa,
jamais percebeu. A maioria pacífica acabou por se tornar numa pequena minoria
europeizada e próspera; o resto oscila.
Por essa razão, a
análise académica do tipo e da metodologia dos atentados não ajuda muito. Por
mais fina que seja a rede de segurança alguém escapará. O mal deve ser cortado pela raiz: retirar, nem que
seja por fases, toda a interferência no islão (militar, económica e política);
rejeitar o multiculturalismo tão querido à “inteligência” da esquerda; diminuir
drasticamente a imigração; e por muito que doa à sra. Merkel, não aceitar nem
mais um único refugiado.
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