São justas as palavras de António da Cunha Duarte
Justo, do texto publicado no “A Bem da Nação” Equipa
alemã campeã da solidariedade.
Elas apontam para a sobriedade das manifestações (de exaltação e espalhafato
prévios na maioria dos povos) e de eficiência real em campo, além de tudo o que
a distinguiu na realeza de gestos de solidariedade e competência, dignificando
habitantes e adversários, sem excessos de emoções, hoje em dia prato forte em
todo o tipo de eventos, quer os de carácter artístico, quer os de carácter
reivindicativo. Habituados a cumprir, na consciência dos respectivos direitos e
competências humanas, mas com a experiência das crises e divisionismos por que
passaram (e talvez no arrependimento pelo que fizeram passar), os alemães deram
lições no Brasil, mostrando a superioridade física e intelectual do seu lema.
Devíamos aprender essa lição de sobriedade e de competência no trabalho, mas o
nosso lema é o de papaguear…
«Equipa alemã campeã da solidariedade»
«O
jogo (1-0) entre a Alemanha e a Argentina foi um desafio de grandes. Fica o
exemplo positivo da eficiência do trabalho em grupo (um por todos e todos por
um) e a advertência para as equipas e para as nações: Modernamente é
imprescindível, saber e competência técnica, espírito de equipa, orientadores à
altura, para que se evite que “equipas”, com grandes capacidades a nível de
indivíduos, se desorientem e árbitros amadores fomentem jogos desagradáveis, em
que a brutalidade tenha chance, como foi o caso do jogo entre Brasil e Colômbia
com a vítima Neymar.
A
selecção alemã foi um exemplo de competência e solidariedade. Soube ganhar ao
valorizar o adversário. Soube ser hóspede comprando um terreno e mandando construir
um campo de futebol e um condomínio para habitação, em Porto Seguro,
contratando pessoas humildes da terra para construí-lo. Desde a sua chegada
misturou-se com o povo participando na sua vida e nas suas festas. Depois do
campeonato e de volta à Alemanha ofereceu o condomínio em que esteve instalado,
para ser dedicado ao ensino dos mais necessitados e doaram também uma
ambulância. Deste modo a festa valeu a pena para todos!
No
campeonato, por trás dos bastidores houve, certamente, muitas coisas que enjoariam
o espectador e estragariam a festa se fossem publicadas. Como em tudo, onde o
ser humano entra cheira a próximo! O problema prevalece, como de costume: uns
celebram a festa e outros preparam-na e pagam-na.
A
realização do campeonato no Brasil contribuiu um pouco também para o grande
colosso acordar e organizar manifestações cívicas capazes de formularem mais
exigências políticas que, de outro modo, não seriam colocadas na ordem do dia.
A
equipa alemã deu um exemplo de competência, humanidade e um grande testemunho
de solidariedade; a equipa, símbolo da nação, marca presença, sabe estar com os
ricos e com os pobres, do lado dos vencedores e dos vencidos. (Esta deveria ser
mais motivo de imitação do que de posições e comentários ressentidos, agarrados
a uma Alemanha do passado impedidores de encarar o presente!)
Talvez
o que esteja por trás de uma certa inveja e ressentimento de certos resmungões,
que ao contrário da Alemanha são incapazes de integrar o colectivo no sujeito e
o sujeito no colectivo.
Vai
sendo o tempo de abandonar a consciência da adulação dos heróis, ou da
demonização dos fracos, para se passar à construção de um povo heróico. A
equipa alemã não se fica pelo herói, pela tribo, pela nação porque procura
integrar nela não só o mundo mas também os seus arredores.»
António
da Cunha Duarte Justo
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