terça-feira, 14 de abril de 2015

Uma gramática de trazer por casa



Uma gramática de trazer por casa

Foi um desafio lançado por um amigo nosso, colega do meu marido – o Botelho - agora dedicado ao acompanhamento de uma netinha que iniciou há pouco o percurso da sua formação escolar. Com a Matemática e o Estudo do Meio entendia-se bem, deslindando, com o recurso a exemplos concretos as noções a transmitir. Mas o Português parecia-lhe mais complicado. Fora sempre um aluno estudioso, que fixara os verbos, que no nosso tempo estavam alinhados na gramática a aprender, ainda que em uníssono monocórdico. Agora os verbos, como tudo o mais, estavam incluídos no manual de leitura, eram apresentados gradativamente, a coisa não se tornava tão rigorosa nem tão evidente. Como também acompanho o meu neto Bruno, pensei em transmitir uma gramática um pouco à minha maneira, como fazia nos meus tempos de docência, explicando, muitas vezes com o latim, os fenómenos dessa Gramática que devíamos estimar, para melhor preservarmos a língua de muitas gafes que com tanta frequência os meios televisivos nos chutam aos ouvidos, como essa do “interviu”, tão frequente. Se me servi da memória antiga, não deixei de recorrer a outros meios gramaticais, sobretudo a Internet, para actualizar um pouco os dados sem chegar a purismos linguísticos que o nosso preciosismo pedagógico cada vez mais complica. D. Francisco Manuel de Melo, na sua «Carta de Guia de Casados», a um amigo que lhe pediu conselhos sobre o casamento, resumiu o conteúdo da sua obra da seguinte maneira:
«Não sou já mancebo. Criei-me em cortes; andei por esse mundo; atentava para as cousas; guardava-as na memória. Vi, li, ouvi. Estes serão os textos, estes os livros que citarei a V. M. neste papel; donde juntas algumas histórias que me forem lembrando, pode mui bem ser que não sejam agora menos úteis que essa máquina de Gregos e Romanos, de que os que chamamos doutos para cada cousa nos fazem prato, que às vezes nos enfastia.»
Ao contrário de D. Francisco Manuel de Melo, não me criei em cortes, nem andei como ele, por esse mundo. Mas a Gramática, um pouco à minha maneira, foi feita por amor à língua portuguesa, servindo-me da memória, recuperando alguns dados da modernidade linguística, sobretudo na Internet.
Creio que o Botelho, que foi sempre estudioso, saberá apreciar a espécie de cartilha gramatical que segue, para uso de quem por ela pode fazer sentir que a língua é algo de sagrado a respeitar.

(Nota: Por decisão pessoal, declaro não ter escrito segundo as regras do A.O.)

GRAMÁTICA  DA  LÍNGUA  PORTUGUESA
Tradicional, normativa, fundada em regras (normas).  Com arremedos de outras informações de gramática descritiva, implicando a linguagem dos falantes, as estruturas verbais, as funções da linguagem, o alargamento sintagmático, os campos semânticos…

1-Gramma significa letra, em grego, símbolo: a Gramática é o tratado da organização dos caracteres que compõem uma língua, segundo os sons/fonemas –>  Fonética; segundo  as formas das palavras > Morfologia (morphê significa forma em grego) – e segundo a Sintaxe (sin /sun significa com em grego – combinação, construção), que estuda as funções das palavras nas frases.
2- Definição de Gramática na Internet: «Estudo e tratado dos factos de uma língua e das leis que a regem. Livro em que se acham expostas as regras da linguagem.»
Fonética
 Estuda os sons - os sons da linguagem humana chamam-se fonemas, de acordo com o  alfabeto, constituído por letras - na escrita ou grafia > grafemas, de valor mais amplo; ( fonemas, na fala):
Nota:
(Por vezes, os grafemas são mais do que um, a representar cada fonema:
Ex: (ã: 1 fonema, 1 grafema: lã - (o til como sinal diacrítico);
1 fonema, 2 grafemas /(letras): -am- (amparo) ; -an- (andar); ch, lh, nh, rr, ss….

1- Alfabeto português: É constituído por 26 letras (5 vogais e 21 consoantes), (três provenientes dos alfabetos inglês e francês – k,  w,  y). Pode ser escrito  com letras maiúsculas ou minúsculas:
a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z
A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

(A letra cursiva do alfabeto maiúsculo e minúsculo é, naturalmente diferente)

2- Os sons do alfabeto:
A-   Vocálicos:
 1- As vogais (lêem-se sozinhas, sem apoio, de voz plena < lt. vocale)
         1.1  - orais: a, e, i, o, u:
a) - abertas: alma, gato; água, lápis; égua, anel, dez; homem, fóssil, Córsega, sóbrio….
b) - fechadas: alma; âmago; exagero, câmara;  pêssego; teso, medo, meter; Porto, sôfrego, amor, professor…..
c) - mudas: desde, deve, Veneza, veloz, depósito, reportagem, meter, levar, sebenta…
d) - semivogais: i, u: fixo, mudo, rio, arbítrio, cómico
        1.2 -  nasais:
 ã;  (Com dois grafemas: dígrafos):am-, an-; em-, en-; im-, in-; om-,  on-; um-; un- :

Nota:
Escreve-se:
am, em, im, om, um, antes de b ou p; e om também na preposição com; ; e em bom, bombom, dom, pompom, ronrom, som, tom

an, en, in, on, un antes de outras consoantes.

  Exs: irmã; lã, órfã;
(Dígrafos): ambição; amputação, canção, antigo; empolgante, empunhar; embrulho; embaraçar; atenção, então, vencer; infante, afincado, vinte, impossível, imbatível, fímbria, imbricar; fonte, longo, contar, pomba, combalido, comparecer, computador, comprimento; presunto, undívago, função; cumprir, cumprimento; lumbago, umbelíferas, umbrela.

B-   Consonânticos:
2 - As consoantes  (soam com o apoio em vogais bê: cê, eme, el, kapa):
b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s,  t, v, w, x, y, z.

2.1- Outros são dígrafos: (duas letras/grafemas que representam um só fonema):
a) ch, lh, nh: (Ex: chávena, encher, cheio, enchido, choque, chocar, cacho, chuva; amanhã, falhar, ralhar, solha, folhelho, ralhei, filhinho, canalhice, velhice, calhou,  grandalhona, abelhudo, farfalhudo, repolho; ninhada, lenha, apanhar, amanhecer, canhestro, vinhito, manhoso, punho, ninho sanhudo;.
b) As consoantes duplas:  rr, ss: (Ex: carro, ferro, possessivo). Ver regras de translineação: car- roça; pos-suir
c) Outros casos (G, Q +u): GU, QU -> (soam g, k) Ex: Águeda, Guedes, guelra, guita, laguinho, Aguiar, quem, aqueduto, equilíbrio, saquinho, paquiderme.


c-   Ditongos: conjunto de duas vogais que se pronunciam duma só vez (numa só emissão de voz).
Excepção: Caso do ex- (vogal e + consoante x soam ei(s).
Dividem-se em:

      Nota prévia sobre os ditongos:  

         Descendentes: vogal + semivogal: a+i : ai, pai, Monçaide, raiva; a+u: mau, fauna; e+i: veia, anéis; e+u: seu, céu; o+i : coisa, estoiro, Moisés, herói, anzóis; o+u: ou, sou, estou, voou, pouco, Souselas, Vouzela, Vouga; duas semivogais, o u no fim: iu: fugiu, faliu.
        Ascendentes: semivogal + vogal: u+a: qual, eqnime; quando (nasal);  u+e: sequestro, aguentar (nasal); duas semivogais, com o i no fim: ui : fui,  Rui, azuis, muito (nasal)

3.1 - Ditongos orais:
- Abertos: ai, au, éi, éu, ói :
Descendentes (vogal+semivogal): Ex: mais, autor, papéis, céu, heróis, comboio, dezoito….
 Ascendentes: (semivogal mais vogal) : aguardente, qualquer, sequestro.
- Fechados: ei (/ex-), eu, oi, ou : 
Descendentes:  Ex: manteiga, explicar, meu, coisa, oito, afoito, foice, ouvir, souto, outono.
- Brandos: iu, ui: ditongos descendentes: Ex: saiu, fugiu, piu-piu
(ditongos ascendentes): ruivo, fortuito exeqvel.

3.2  - Ditongos nasais:
- ão / am;   ãe, ein, -em;   õe;   ui:
Descendentes:
Ex:  ão:    limão, irmãos, farão, estudam, estavam, puderam, digam
 ãe:    mãe, pães, hein!, também, fazem, dizem, passeiem, capitães
õe:  anões, põe; tostões, refilões, sabichões
ui  (nasal):    muito (caso de ditongo nasal ascendente: ui.
- Outros Exs de ditongos nasais ascendentes: quando, quantificar, quantidade, aguentar, frequente.

D) Tritongos  (união de uma semivogal + vogal + semivogal em uma única sílaba).
Ex.: Uruguai: (uai -> semivogal u + vogal a + semivogal i), Paraguai, quais, averiguou, averiguei, iguais, uau! (tritongos orais), quão, saguão (tritongos nasais).

Nota:
Chama-se  hiato, quando as vogais não formam ditongo: Be-a-triz, Lu-ís, se-a-ra. Ou diérese (segundo a Linguística). Ex: sa-úde, ba-ú, ca-í-a, pa-ís.
Sinérese, quando formam ditongo: cai-a, fai-a, sau-na, mausoléu

Diferentes  sons  (/fonemas)  para a mesma letra (/grafema)

1- O x pode formar diferentes sons:

ch: Ex. - xaile, enxada, enxaguar, reixas, rixa, enxame; xeque, coxear; México, caixilho, bexiga, enxotar, enxuto, enxofre, coxo, coxear, roxo, lixo. 
 S (e antes de x vale ei (ditongo fechado): Ex.: expoente; extintor, explicação, exterior, texto, pretexto, contexto, contextualizar…
intervocálicos:
-s-: trouxe, sintaxe, auxílio, auxiliar, máximo, Maximino, Maximiliano, maximamente, proximidade, aproximar.
 -z-: exame, examinar, exequível, executar, execução, executor, exéquias, exibir, exibição, exórdio.
-cs- (um grafema, dois fonemas): flexão, saxão, Saxe, fax, oxigénio, léxico flexível, saxofone.

  2 - O -s- intervocálico vale z:
Ex.: mesa, casarão, casebre, casaco, desalinho, desequilíbrio, desigualdade, desigual, divisor, desunião.

3- O c vale:
 K (antes de a, o ou u): cabeça; cobre, cuco, cozer, cozinhar, coser; coscuvilheiro
 s (antes de e ou i): Ex: Cecília, prece, circo, circuito, cinco, cedo, cervicais, célebre, bacio, bacinete.

4- Usa-se cedilha (sinal diacrítico) no c, antes de a, o, u, quando têm valor de s: Ex: caça; poço, açude, açambarcar, coçou, soçobrar.

5- g tem valor de g antes a, o, u: Ex: gato, gado, visigodo, gomil, gorar, agulheta, agudo, aguardente
      g tem valor de j antes de e ou i: geleia, genial, génio gengibre, gente, viagem, gigante, agigantar-se, gipsofila, giratório, ginástica.



Divisão silábica:

As palavras, formadas por letras/fonemas, dividem-se em diferente número de sílabas:

Monossílabos: (Ex:  sol, mês, lá,  Deus, fiz, com, que, um, se, nem, flor, Fox …)
Dissílabos: (Ex:  da-do, leve, Inês, Bruno, Ar-tur, Jo-ão, Lu-ís, Paula, dançar, cama, jardim, fácil, lápis)
Trissílabos: (Ex:  tri-ci-clo, Mafalda, Be-a-triz, Ângela, Ricardo, Jo-a-quim, caneta, esperto, difícil, cozinha, professor, cadeira ….)
Polissílabos (Ex: la-pi-sei-ra, Vitorino, Sebastião, jardineiro, companheiro, infelizmente, in-ves-ti-ga-ção  …)

Nota: Estudar no manual de Gramática :

1-Regras da translineação: Ex. car-ro, cor-rente, pos-suir, rec-tângulo, trans-cendente egíp-cio, op-ção, op-tar, oc-tos-sílabo, fac-cioso…

Sinais de pontuação: 
ponto (final) .
vírgula,
 dois pontos :
ponto e vírgula ;
ponto de exclamação !
ponto de interrogação ? 
reticências …
 travessão –

Semântica: ( significado dos signos linguísticos < gr.  Sema= sentido):
Estudar as funções dos sinais de pontuação no discurso, segundo as

Funções da linguagem 
emotiva ou expressiva (subjectiva, centrada no emissor - eu/nós): Ex.: Que chatice, ter de estudar! Oxalá chovessem os euros sobre nós! Sou todo teu! Gosto desse teu corte de cabelo! Estamos tramados! Ai de mim! Ai de vocês!

-Apelativa ou expressiva (centrada no receptor: tu/vós): Ex: Não tires os ovos dos ninhos, nem ponhas lixo na praia. Lavem os dentes depois de comer. Faz o bem, não olhes a quem. Direita, volver! Em frente! Marche!

- Informativa ou denotativa (centrada no referente: ele/s): Ex. - Hoje as marés estavam vivas. Os surfistas fartaram-se de dar voltas nas suas pranchas. Em 1 de Dezembro de 1640 deu-se a Restauração da independência portuguesa. O país está em crise.

-Função fática: centrada no canal de comunicaçãoEx: Percebeste? Ouviste?; – Ao telefone: Alô!  Está lá?; (Fala do taxista, para a empresa de táxis): Pronto! 
  - Função poética (Centrada na mensagem, causando o prazer estético).


Uso de figuras de estilo várias, na criação do estilo (Função poética):
- Comparações, metáforas, hipérboles, hipálages, perífrases, antíteses, processos de ironia -o discurso ambíguo - personificações, eufemismos… Inversões, paralelismos, anáforas….

(Procurar no Manual de Gramática – ou na Internet - as diferentes figuras de estilo e as funções de cada uma para a aquisição gradual da percepção do estilo, com exercícios de paulatina criação literária, ou de descoberta em eventuais autores ….)

- função metalinguística  (centrada na própria linguagem)
 Ex: Frases do tipo: Matilha é um nome colectivo. O sujeito da oração forma o grupo nominal. Os advérbios são palavras invariáveis que modificam o sentido dos verbos, adjectivos e advérbios. Fizestes é a 1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo na 2ª pessoa do plural.

Anotações:
Os dicionários são os manuais mais ricos em metalinguagem …
Cada ofício ou arte tem a sua própria metalinguagem.

As funções da linguagem têm, pois, a ver com os

Elementos de comunicação:
 Emissor, Receptor, Mensagem, Canal de comunicação (ar, electricidade, sinais de fogo, toque de sinos / sinetas, tambor…) Referente ou Contexto, Código (veículo de comunicação).

E com os

Níveis de língua:
I-
-Língua Cuidada, Culta
- Língua Literária e Poética
- Linguagem Técnica e Científica

II
Língua Comum : Norma ou padrão                                        
(A usada, de compreensão fácil. Ex. na sala de aula…)

III
Língua Familiar
Língua Popular
(Gíria, Calão, Regionalismos)


 Acentuação das palavras:

1-   Os acentos:

 1.1- Tónicos:
Sílaba tónica  (sobre a  qual recai o acento tónico, o acento de tom, de força).
Sílabas átonas:
- pretónicas  (Ex: auxiliar, despistagem, desmistificação
              - postónicas: tráfego, despistagem, pula, faccioso

1.2- Gráficos: - Agudo (´), grave (`), circunflexo (^). O til (~).e o acento grave (`) são apenas sinais diacríticos. Servem ou para nasalar e (irmã), ou para indicar vogal aberta: (à, p’r’ò)

Classificação das palavras quanto à acentuação

Segundo a  posição da sílaba tónica,  as palavras dividem-se em:

1 - Agudas (acento tónico na última sílaba):
  (Ex: anel, ca, especial, fabricar, sacudir, Sebastião , Luís , Artur, João, Inês, Beatriz, Joaquim, português, alguém, cão, capitães, funil, funis…..)

2--Graves (acento tónico na penúltima sílaba)
 (Ex: casa, cadeira, livro, Ricardo, Paula, Mafalda, Bruno, Vitorino, alegria, tristeza, crueldade, pandeireta, flauta, fértil, sauvel, terrível, simples, felizmente, piano, panela, ambiguidade ….):

3- Esdrúxulas: (acento na antepenúltima sílaba). (Regra: São todas acentuadas graficamente):
     (Ex: Ângela, Cândido, próximo, ssego, laba, ximo, déspota, classimo, extraordirio, água, ssimo……..)

Algumas regras de acentuação gráfica das palavras

1-Acentuam-se (graficamente) as palavras agudas terminadas em a, e, o, (seguidos ou não de s) e em em ou ens com mais de uma sílaba:

Exs:  - chá, papá(s), maná, jacarandá, jacaré(s), café, pé, fé, Inês, avó, avô
 - alguém, contém, retém, entretém, sustém (Cf. tem, 1 sílaba), convém, provém, sobrevém,  (Cf. vem, 1 sílaba.), armazém, vinténs, desdém, desdéns, também, ninguém

2- Acentuam-se (graficamente)  as palavras graves terminadas em l, n, r, x, ditongo oral ou nasal, em vogal nasal ã, em i, u, seguidos ou não de s:

Exs de palavras graves terminadas em:

l e ditongo oral:  fácil, fáceis, difícil, difíceis, amável, amáveis, saudável, saudáveis….
n:   hífen, íman, hímen, alúmen
r:   carácter, cadáver
x:   córtex, sílex, cóccix
 ditongo nasal:   órgão (s), órfão (s) 
vogal nasal: órfã(s)
 vogal  i(s): lápis, júri(s),
vogal  u (s) oral: lótus, húmus
 vogal u(s) nasal: fórum, fóruns

1-    Acentuam-se (graficamente) todas as palavras esdrúxulas:
Ex.: sílaba, monossilábicas, âmbito, época, pêssego, bedo, ênfase, polislabo, límpido, pia, côncavo, fúlgido, esdrúxulo, cúmplice.

2-    Outros casos de acentuação gráfica:

Ex: para distinguir duas vogais que não formam ditongo (diérese):
     Ex.pais (sinérese / ditongo, 1 sílaba) – país (diérese: pa-ís, 2 sílabas); saia (sa-í-a, trissílabo) ; ai , aí (a-í); mau (monossílabo), baú (ba-ú, dissílabo).

Exceptuam-se as vogais nasais (em diérese) in/im de ainda e Coimbra, não acentuadas graficamente, embora formando diérese: a-in-da, Co-im-bra.


3-   Uso do acento grave:

São poucos os casos do uso do acento grave;

- Em caso de crase (fusão de duas vogais da mesma espécie: a+a):
 Preposição a+ artigo definido feminino do singular e do plural a(s) > à, às:
 Ex: Vou à (a+ a) cozinha, que está às (a+as) moscas..
(No caso do artigo definido masculino o(s) dá-se uma contracção: ao(s).

Preposição a + demonstrativo aquele, aquela, aquelas, aquilo, aqueloutro:
Ex: Disse àquele “gajo” (nível calão), que fosse àquela (a+aquela) escola aprender como se fala. Será que no seu discurso ele fez referência àquilo (a+aquilo) de que falámos? Não se referiu a esse assunto mas àqueloutro (a+ aqueloutro) / àquele) que um amigo lhe transmitiu. Os vestidos servem àquelas (a+ aquelas) moças, e os calções àqueles (a+ aqueles) moços.

Outros casos: Interjeição àgora!; para o: p’r’ò, caspitè!, Salvè!

Os Valores semânticos:

Casos de semelhança fónica de palavras

Homonímia, Paronímia, Homofonia, Homografia

Homo (= o mesmo)
Ónima (= nome)
Paro (=parecido, paralelo, semelhante)
Grafê (=escrita)

Homónimas (palavras com o mesmo nome e pronúncia e sentidos diferentes) – Casos de polissemia (sentidos diferentes da mesma palavra): Ex: canto (nome, verbo), parto (nome, verbo), sede (nome, verbo) como (verbo, conjunção), falha (nome, verbo), manga (verbo, nomes), vão (nome, adj, vb), são (adj., vb.) , vista (verbo e nomes)

Homógrafas (o mesmo nome, pronúncias e significados diferentes): Ex: estrela (nome, e fechado), estrela (verbo, e aberto); deste(ê)/ deste(é); este (ê)/este(é); coro (ô), coro (ó);  choro(ô), choro (ó), apelo (ê)/ apelo (é)…

Homófonas (o mesmo som, grafias e sentidos diferentes): coser, cozer; conselho, concelho; assento, acento; xeque, cheque; emigrante, imigrante; maça, massa, caça, cassa, lasso, laço…

Parónimas (semelhança de sons): cumprimento, comprimento; prefeito / perfeito, descrição / discrição, descriminar, discriminar…


Outros Casos semânticos:
ligados ao sentido das palavras (signos):

Sinonímia : (equivalência de sentidos): Ex  de sinónimos: belo = bonito, lindo, formoso; perspicácia = esperteza; querido = amado; agradável = aprazível; coragem = valentia;  parceiro = companheiro, assemelhar-se = parecer-se…
Antonímia: (oposição de sentidos): Ex. de antónimos: belo- feio; beleza-fealdade; grande – pequeno; grandeza – pequenez;  largo – estreito, grosso – fino; gordura-magreza; engordar – emagrecer; esticar-encolher; máximo-mínimo; superior-inferior; andar-parar; egoísmo-altruísmo; pasmaceira, calma, tranquilidade, sossego – desassossego, agitação, turbulência; paz-guerra; amar- odiar; sabedoria- ignorância; egoísmo- altruísmo……

Mesmos Campos semânticos:

Hiperónimos (sentido mais lato: < gr. Hiper=super, superior)
 Hipónimos (sentido mais restrito: < gr. Hipo= infra, inferior):

Ex: COR é hiperónimo de azul; AZUL é hipónimo de cor

Outros exemplos
1- hiperonímia / 2- hiponímia:
1-Carros
2-Lancia, tractor, BMW…..

1-Árvores
2-laranjeira, bananeira, pessegueiro, faia…
Denotação e Conotação:
Denotação: uso da palavra no seu sentido próprio : Ex: A flor do craveiro chama-se cravo
Conotação: uso da palavra em sentido figurado:  Ex.:- Vem cá, minha flor!

Ortografia
(< orthos: direito, correcto; grafia, escrita).

O estudo da Gramática ensina a escrever (e falar) correctamente uma língua, respeitando as normas dessa escrita, e os sinais de pontuação.

No Dicionário encontram-se os significados de todos os termos da língua, com indicações gramaticais referentes à sua estrutura morfológica e por vezes fonética (de pronúncia), e os diversos valores semânticos.


II- Morfologia

Morphê significa forma, em grego. A Morfologia trata da forma e flexões das palavras, no caso da Gramática.
(A palavra morfologia é polissémica, aplica-se a diversidade de casos:
 Ex: A morfologia daquele corpo, daquele terreno, daquela pintura, da ilha…)

Morfemas são unidades mínimas lexicais ou gramaticais portadoras de sentido:
morfemas lexicais (lexemas): parte da palavra portadora de sentido: felizmente (mente morfema gramatical que transforma o adjectivo em advérbio)…
 morfemas gramaticais: s do plural, a do feminino, desinências e características verbais, afixos (prefixos, infixos, sufixos)…


A Flexão das palavras:

As palavras portuguesas podem ser variáveis (ou flexíveis) e invariáveis (ou inflexíveis):

Palavras  Variáveis  em:

 Género :
  Masculino e Feminino:
(Consultar as regras de formação do feminino)

Variam em género as seguintes classes de palavras: determinantes,  nomes,  adjectivos,  pronomes,  numerais,  verbos (part. passado).

Ex.: o/a, um/uma, aquele/aquela; o nosso/a nossa; amigo/amiga, pai/mãe, professor/professora, barão/baronesa, carneiro/ovelha; cavalo/égua; estudioso/estudiosa (adjectivo biforme), dois/duas, terceiro/a. Verbos: A jarra foi oferecida / o cartaz é destinado à eleição).


Número: 
Singular e Plural 
(Consultar as regras de formação do plural):

Variam em número as seguintes classes de palavras: determinantes, nomes,  adjectivos, pronomes,  numerais, verbos
Ex: o(s), um/uns, meu(s), esse(s), faca(s), mulher(es), homem(mens), pão(/ães), melão(/ões), irmão(/ãos), sagaz (/zes), professor (/res),  país, países, plural(/rais), bom, bons, sagaz(es), difícil(ceis), azul(uis), este(s), primeiro(s) passeio/passeamos, fará/farão …….
     
Grau:
Variam em grau: os  nomes e os adjectivos

Nomes:

- grau aumentativo : ( sufixos indicando grandeza, desprezo, ironia…): Ex: canzarrão, mulheraça, valentaço, matulão…)
- grau diminutivo: (sufixos indicando pequenez, ternura (sufixos hipocorísticos), ironia, desdém ):
 Ex: rapazinho, meu  pequenino, vens muito limpinho! (por ironia = sujo). As “boquinhas”do Garrett (Ver em adjectivação.…
                                                                                                                                             
                           Adjectivos:  (indicam características, qualidades dos nomes):
feliz, pobre, fácil, poderoso, antipático , amarelo, esguio, duro, macio…

                Variação dos adjectivos em grau:

Grau normal. (Ex. feliz, esquisito, vulnerável, sujo, limpo …….)

Grau comparativo ( estabelece comparação entre dois ou mais seres):
       (Com os advérbios mais, menos, tão precedendo o adjectivo, as conjunções que, (do) que, como,  seguindo-o):

 - de superioridade:  mais  feliz (do) que
- de inferioridade:  menos feliz (do) que
- de  igualdade):  tão feliz como

Grau superlativo  (grau de valor supremo):

1- absoluto (sem confronto:
                                                                                                                                     1.1-sintético (com sufixos); felicíssimo, dificílimo,  acérrimo (adj. acre)
   (O sufixo íssimo é o mais comum: excelentíssimo, graciosíssimas, estreitíssimo…
                           1.2-analítico: (Com o advérbio muito precedendo o adjectivo):  
        Ex: muito triste (= tristíssimo), muito sólida (= solidíssima), muito valioso (= valiosíssimo), muito pobre (= pobríssimo ou paupérrimo).

                          2  - relativo (relativamente a um conjunto ou grupo):
                                                                                                                                                          (os advérbios mais ou menos são precedidos de artigos definidos):

         - de superioridade : o (a, os, as) mais alegre(s)
         - de inferioridade:  o (a, os, as) menos esforçado(s).
              
      Os adjectivos também podem variar em grau de grandeza, (implicando conotações diversas :  aumentativo e diminutivo:

                 Ex: Uma menina tão perfeitinha! As couves são tenrinhas. (Garrett; “Há umas certas boquinhas gravezinhas e espremidinhas pela doutorice que são a mais aborrecidinha coisa e a mais pequinha ….(diminutivo)
             Que rapaz paspalhão, grandalhão, sabichão! É um sabidola!! Um valentão! (aumentativo).
                                                                                                                       
Pessoa

1- As Pessoas são três:

  -  A(s) pessoa(s) que fala(m):  eu, nós
 2ª - A(s) pessoa(s) com quem se fala-  tu, vós, você, vocês
 As pessoas de quem ou aquilo de que se fala: ele, ela, eles, elas, isto, aquilo…

 - Variam em pessoa as seguintes classes de palavras:

- determinantes possessivos, demonstrativos, pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, verbos.

Nota: (Distinguir entre o determinante possessivo, demonstrativo, (precede o nome)- e o pronome -substitui o nome):

Ex: Este (próximo de mim, 1ª pessoa, determinante demonstrativo) - rapaz tem mais juízo do que aquele (3ª pessoa) (pronome demonstrativo) (rapaz subentendido)
O meu / o nosso ( de mim, de nós, 1ª pessoa, determinantes possessivos) lenço é mais vistoso que o teu / o vosso (pronomes possessivos, 2ª pessoa (lenço subentendido)).


        Modo

- Variam em modo: os verbos.

Modos e implicações semânticas:

Indicativo Exprime uma acção que se realiza (ou não), realizou ou realizará: Ex: (não) faço, fiz, fazia, farei… estudo, não estudava

 Conjuntivo- Exprime uma acção ainda não realizada, irreal ou hipotética: Quero que (não) faças, se eu (não) fizesse, quando eu fizer… Faço isto por ti para que saibas que…

Condicional: Exprime uma acção dependente de uma condição: Ex: Eu faria se pudesse
Há quem o considere como tempo verbal do modo indicativo (como futuro do pretérito) : Ex: Eu nunca seria capaz de tapar o sol com a peneira.
Ou em caso de substituição pelo pretérito imperfeito do indicativo: Ex: Eu gostaria (= gostava) de te dar uma boneca.

Imperativo: Exprime uma ordem, um conselho, um apelo: Ex: Não apanhes sol; Façam favor de ser felizes; Faz o bem não olhes a quem

Infinitivo: Modo impessoal, exprime uma acção ou estado sem vinculação a tempo, modo ou pessoa. Todavia, a Gramática Portuguesa admite o infinitivo pessoal: (comer eu, comeres tu, comer ele, comermos nós comerdes vós, comerem eles): Ex: Este livro de receitas é para aprenderes a cozinhar. Treinem até poderem (Se não puderem… (futuro do conjuntivo)
            Os verbos portugueses têm ainda o gerúndio e o particípio passado, com função adjectiva ou circunstancial.

Tempo:
- Variam em tempo : os verbos.

Notas prévias:
            1- Segundo manutenção ou não do radical, ao longo da conjugação, os verbos dividem-se em:

1.1 - regulares (mantêm o mesmo radical em toda a conjugação: falava, temesse, partirei
1.2 – irregulares, não mantêm o mesmo radical em toda a conjugação:  dou, dás, dê; quero, quis, queira; vou, ia, fui; tenho, tive, tido, terei; sou, era, fui, foste; posso, podes, pude; trago, trazes, trouxe, trarei; digo, dizes, disse, direi; faço, fazia, fizer, farei, escrever, escrito….


2 – Segundo a conjugação, os verbos dividem-se em verbos de 1ª, 2ª, 3ª  conjugações:

- 1ª conjugação: Verbos de infinitivo em ar:  lavar, dar, planear, passear (a: vogal temática, ou do radical)

- 2ª conjugação: Verbos de infinitivo em er: temer, querer, ter, ser, haver, saber, dizer, trazer, poder, querer… e: vogal temática, ou do radical)
Pertence também à 2ª conjugação o verbo pôr (ponere
) e seus compostos: repor, supor, compor, dispor, transpor, sobrepor, antepor, predispor, indispor, contrapor, propor, interpor, expor…):

- 3ª conjugação: de infinitivo em ir: partir, ir, vir, reflectir, fugir, sair, intervir….  i: vogal temática, ou do radical)

Nota:

 Supletivismo temático dos verbos:

Os verbos ser e ir são os mais irregulares, porque as suas formas verbais resultam de diferentes étimos verbais latinos:
Ser:
            - Ser, sendo, sou, sejamos, sede, serei (origem no verbo latino sedere);
-És, é, eras , eram (< do infinitivo latino esse)
- Fui, fomos, fora, fosse, forem (< do infinitivo latino fore)
Ir:
- Ir, ides, iam, irei, iríamos, irdes ( < do lt. ire)
- Vou, vamos, vá, vades, vão, vai (< do lt. vadere)
- Fui, fora, fosse, for  (< de fore)


Os Tempos verbais:


1-   Da acção presente:

Presente, (do indicativo, do conjuntivo, do imperativo, do infinitivo):

Ex. de Pr. Ind. e conj.: lavo/ lave, passeio/ passeie, come/ coma, diz/ diga, (vós) não ides/ que vós vades, eles vêm/ que eles venham. 
Ex. de imperativo:  diz(tu) dizei (vós), diga(m) (você(s), não tenhais medo

Ex. de Infinitivo presente ser(eu), seres, ser, sermos, serdes, serem. (Ex- “Para seres grande, sê inteiro”)

- Casos de excepção à terminação am (ditongo ão) da 3ª pessoa do plural do pres. ind. (cf. amam, estudam) ou outras formas verbais: estudavam, teriam, fizeram, façam, sejam…):
 Terminam em ão as formas do presente do indicativo:  são (ser), estão (estar), hão (haver), dão (dar), vão (ir).
           

- Característica do presente do conjuntivo:

1 - Verbos da 1ª conjugação  (inf. em –ar):  característica e: 
 Ex.: limpe, limpes, limpe, limpemos, limpeis, limpem.) (limpar)

- Desinências do presente do indicativo e do presente do conjuntivo:    -, s, -, mos, -is, m

2 - Verbos da 2ª (inf. em -er) e da 3ª conjugação (inf. em -ir): característica:  a.  
 Ex.: coma, comas, coma, comamos, comais, comam (comer);
 parta, partas, parta, partamos, partais, partam (partir)

Exs. Do pres. conj. dos verbos Irregulares: passeie, passeemos, passeeis (passear), anseies, ansiemos, ansieis (ansiar) faça, façamos, façais (fazer), possa, possamos, possais (poder), queira, queiramos, queirais (querer), traga, tragamos, tragais, (trazer), Cf. tragar,  conj.) - Trague, traguemos, tragueis) - diga, digamos, digais (dizer), leia, leiamos, leiais (ler), escrevas, escrevamos, escrevais (escrever); cubra, cubramos, cubrais (cobrir), - (cf. cobre, cobremos, cobreis (cobrar) -  va, vades (ir), venha, venhamos, venhais (vir).
 (Consultar a Gramática da flexão verbal)

Nota: O imperativo negativo (e a 1ª pes. pl.e as formas referentes a você, vocês) constroem-se com as respectivas pessoas do presente do conjuntivo: Ex. Estuda (tu), estudai (vós), estudemos, estude (você), estudem (vocês); não estudes, não estudemos, não estudeis, não estude(m) (você(s). Faz, fazei, façamos, faça, faça(m / não faças, não façais, não façamos, não faça(m) (você(s); vem, vinde, venhamos, venha, venham, não venhas; intervém, intervinde, não intervenhas, não intervenhais (vós), vai, ide, vamos, não vás, não vão, não vades…

1     - Da acção passada: 

Pretéritos (imperfeito, perfeito, mais que perfeito do indicativo e do conjuntivo; do infinitivo ( perfeito = passado).

Notas: Significado e diferentes valores do pretérito:

-pretérito perfeito: de acção passada, perfeita, acabada:  Ex: Tive ontem um teste de Matemática. No domingo comemorou-se o 5 de Outubro de 1910.

-Desinências do perfeito: -i, -ste, -u, -mos, -stes, -ram:

Ex.: Verbos regulares: danc(e)i, danç(a)ste, dançou, dançámos, dançastes, dançaram; comi, comeste, comeu, comemos, comestes comeram; parti, part(i)ste, partiu, partimos, partistes, partiram.

Ex.: Verbos Irregulares: tive…; fui…; disse…; fiz…; pude…, quis, trouxe, vim (vir), vi (ver), soube, disse…… (Consultar a Gramática)

- pretérito imperfeito: de acção passada, contínua, por vezes concomitante com outra também passada: Ex: Ele brincava muito no jardim de infância. Quando andava de bicicleta, caiu e partiu a tíbia.

- Característica (distingue o tempo) do Pretérito imperfeito do indicativo: -(a)va, (verbos de inf. em -ar);  -ia (verbos de inf. em -er, -ir):
Ex.: amava, comia, partia
(Excepções, verbos irregulares: era (ser), tinha (ter) e compostos – reter, conter, suster, manter - retinha, continha, sustinha, mantinha); punha (pôr) e seus compostos: repor, dispor, compor, recompor, supor, impor, propor, antepor, pospor, propor: repunha, compunha, recompunha, supunha, impunha, propunha, antepunha, pospunha, propunha)

-Desinências pessoais (distinguem as pessoas gramaticais) do imperfeito do indicativo: 
-, s, -, mos, (e)is, (e)m.

Ex.  (infin. em ar): cantava, cantavas, cantava cantávamos, cantáv(e)is, cantavam;
         (infin. em er e em ir):  ia, ias, ia, íamos, íeis, iam

Característica do Pretérito imperfeito do conjuntivo

sse: (a)sse, -(e)sse- (i)sse: cantasse, comesse, partisse  ; fizesse, saísse, dissesse, houvesse, trouxesse, pudesse, pusesse, quisesse, visse (ver), viesse (vir) . (a, e, i, vogais temáticas ou do radical)

-Desinências pessoais do pretérito imperfeito do conjuntivo:
-, s, -, mos, (e)is, (e)m.

Estiv(e)sse, estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis, estivessem

- Pretérito-mais-que-perfeito:

-Exprime uma acção passada, anterior a outra também passada mas mais próxima da acção.
Ex: Quando cheguei (acção – no pretérito perfeito - de um passado mais próximo), tu já tinhas saído (passado mais antigo – pretérito-mais-que-perfeito).


Característica do pretérito-mais-que-perfeito simples do modo indicativo: -ra -:
Ex.: lavara, perdera, fora, fizera, lera, quisera, pudera, viera, interviera, (vir, intervir), vira, entrevira (ver, entrever), estivera , …..

Desinências pessoais do pretérito mais que perfeito simples:
-, s, -, mos, (e) is, m:
Ex.: escrevera, escreveras, escrevera, escrevêramos, escrevêreis, escreveram


Pretérito-mais-que-perfeito composto:

  - do modo indicativo:
Forma-se com o pretérito imperfeito do ind. verbo ter( / haver) + particípio passado do verbo principal:
Ex.: tinha escrito,(sido, escutado, podido, visto….,) (havia querido)…       

- do modo conjuntivo:
Forma-se com o pretérito imperfeito do conj. verbo ter (/haver)+ particípio passado do verbo principal)
Ex: tivesse feito, (lido, estado, podido, trazido)…. (houvesse ele querido, teria conseguido= tivesse ele querido…)

Nota:
Pertencem ao radical (à raiz) do pretérito (passado) os tempos verbais:

-Pretérito perfeito do indicativo: amei (amaste), comeste, saíste, tive, soube, fui (foste), pude, quis, trouxe, li (leste), houve, fiz (fizeste):
           
- Pretérito-mais-que-perfeito simples do indicativo: amara, comera, saíra, tivera, soubera, fora, pudera, quisera, trouxera, lera, houvera, fizera)

-Pretérito imperfeito do conjuntivo: amasse, comesse, saísse, tivesse, soubesse, fosse, pudesse, quisesse, trouxesse, lesse, houvesse, fizesse

- Futuro do conjuntivo: amar, comer, sair, tiver, souber, for, puder, quiser, trouxer, ler, houver, fizer  (a seguir) ->

Futuro:
Formação:
Futuro simples do modo indicativo:
Forma-se com o  Infinito do verbo + -ei, -ás,-á, -emos -eis –ão (< do verbo haver: hei, hás, há, hemos, heis, hão): ser+ei, partir+emos, poder+eis, far (forma sincopada de fazer)+ão, inspirar+ás…….
Ex.: Mandar/ei, mandar/ás, mandar/á, mandar/emos, mandar/eis, mandar/ão
Excepções : (formas sincopadas dos verbos di(ze)r, fa(ze)r, tra(ze)r: dir-, trar- far-: direi, farei, trarei.

Futuro simples do conjuntivo:

Característica : r
Desinências:   -, s, - mos, des, (e)m
Ex:
- Verbos regulares: terminar, terminares, terminar, terminarmos, terminardes, terminarem; comer, comeres comer, comermos, comerdes, comerem; partir partires, partir partirmos, partirdes partirem (a, e, i – vogais temáticas)
- Verbos irregulares: Fizer (fazer) souber (saber), quiser (querer), puder (poder) vier(vir), vir (ver), for (ir)…
Ex.: Trazer: (se, quando, eu) trouxer, trouxeres, trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem…..
Ex: “Se fores a S. Francisco, leva flores no teu cabelo…”

Futuro Composto:(acção futura, anterior a outra também futura) :

Do indicativo: terei sido
Formação:(auxiliar ter no futuro ind.+ particípio passado do verbo principal):
(Quando ocorrer o evento…) terei feito, terás dito, terá podido, teremos deslizado, tereis escrito, terão ido…)
Ex.: Já teremos comido (acção anterior) o pudim, quando vocês chegarem (acção posterior)

Do conjuntivo: tiver sido… (acção anterior) (Futuro do passado)

Formação: - auxiliar ter no futuro conj.+ particípio passado do verbo principal) : tiver, tiveres, tiver, tivermos tiverdes, tiverem (limpo, descrito, manipulado, dito, visto, vindo, podido…)

Ex.: Só obterás (acção posterior) bons resultados quando tiveres percebido (acção anterior) a matéria;  quando tivermos estudado (acção anterior), poderemos ir lanchar (acção posterior). Terás feito (acção anterior à seguinte, também futura) um bom trabalho de análise se os resultados forem positivos (acção posterior).


Condicional
 (Modo / Tempo do indicativo):

Simples: verbo no infinitivo + ia < havia…: Ex. ser/ia, teria, amar/ia, perderia, sentiria , faria, traria, diria, leria…..

 Composto: (auxiliar  no condicional + particípio passado do verbo principal: Teria feito, terias querido, teria sido, teríamos falado, teríeis decidido, teriam discutido…..

Infinitivo
            Impessoal (exprime a acção): beber, pescar, trabalhar, brincar, divertir, nascer…
            Pessoal: simples: fazer(eu), fazeres tu, fazer ele/ela, fazermos nós, fazerdes vós, fazerem eles/elas, fazerem vocês; poder, poderes, querer, quereres…. (ter feito, termos semeado…)
           
Ex.: Simples: pôr, falar, ver, vir, ir, escrever….
Composto/ passado: ter posto, ter falado, ter visto, ter vindo, ter ido, ter escrito…

Ex: Devemos fazer o possível por andarmos (nós) com os olhos e os ouvidos atentos à vida, para percebermos o mundo. É possível tu comprares os elásticos para eu fazer as pulseiras? Ser ou não ser, eis a questão.


Particípio Passado:
-Tempo verbal usado com função adjectiva:
Ex: Feitas as contas, acabado o jantar, flores colhidas, Filhos criados, trabalhos dobrados.

Característica do particípio passado: 

-Nos verbos regulares e muitos irregulares: (a)do, (i)do:
Exs.: sido, tido, havido considerado, bebido, ido, podido, trazido, sabido

Exs.de ps.ps. irregulares: posto, vindo, visto, feito, escrito, morto

- É usado nos tempos compostos: Tinha dito, se tiveres feito. Tivesse eu podido……
-É usado na voz passiva e com os verbos de significação indefinida: era sabido, foi feito silêncio, andou perdido, permaneceu calado, está ocupado, ficou prostrado…

Nota:

Verbos com Particípios Duplos:
Há verbos que têm dois particípios, conforme se conjugam com os verbos auxiliares ser ou estar (Formas fortes) -  ou ter (formas fracas):

Ex.: Com ser ou estar, ficar, permanecer, ir, vir, continuar, andar… : morto, cheio, aceso, entregue, liberto, preso, seco…

      Com ter: matado, enchido, acendido, entregado, libertado, prendido, secado …

Ex: A casa está entregue à bicharada. Se o carteiro tivesse entregado toda a correspondência, teria libertado os sacos que ficaram presos nas prateleiras e só mais tarde foram libertos… Se tivessem acendido as lâmpadas da rua mais tarde, elas não estariam tanto tempo acesas, nem se teria gastado /gasto tanta luz.

Os verbos ganhar, gastar, admitem os particípios fortes (ganho, gasto) com o auxiliar ter e os outros auxiliares: Ele tinha ganho a consideração geral. O dinheiro foi ganho indevidamente. Mas: «O dinheiro mal ganhado (=que foi mal ganho) água o deu água o levou..

Gerúndio

É usado com função circunstancial:
–Ex: Vendo o pássaro, disparou (= quando viu…); Tendo ouvido as horas, saiu (= depois de ter ouvido); Ficou feliz, sabendo (=ao saber, quando soube, porque sabia) que não estava só.

Característica  do Gerúndio:  -ndo.   Vogais temáticas (pertencem à raiz do verbo): a, e/o, i
: -(a)ndo, (e)ndo, / p(o)ndo, (-i)ndo)

Exs: passe(a)ndo, cant(a)ndo, s(e)ndo, escrev(e)ndo, ergu(e)ndo, sa(i)ndo, fug(i)ndo

Gerúndio composto (passado):
Formado com o gerúndio do verbo auxiliar ter/haver) + particípio passado do verbo principal:

Ex: Tendo sabido (acção anterior) que ela estava no ballet, foi vê-la (acção posterior).


Tempos verbais são, pois: Presentes, Pretéritos, Futuros, Condicional, Imperativo, infinitivo (simples e composto), Gerúndio e Particípio Passado , com função circunstancial ou adjectiva.

NOTA:
Há também a considerar:

 Verbos auxiliares:

1- Dos tempos compostos         -

- ter
- haver .   O verbo haver como auxiliar, apenas na escrita mais literária ou vernácula.

2- Da voz passiva:

-  ser

3- Da conjugação perifrástica:
(aspecto durativo da acção)

                        Ex:    Está a trabalhar em vez de trabalha.
Andou a maquinar, em vez de maquinou.
 Está sendo observado (perifrástica da passiva) em vez de é observado .


- Verbos de significação indefinida (ou incompleta):
 Completam o seu sentido com outras acções verbais – no gerúndio, no infinitivo, no particípio passadoou com adjectivos, ou complementos circunstanciais.
Ex: Ser, estar, parecer, continuar, andar, ficar, permanecer, revelar-se, tornar-se.

( Notas de Sintaxe): São chamados verbos copulativos quando ligam a um nome predicativo do sujeito, colocado à direita. Atribuem estado, qualidades, propriedades, condições do sujeito:

Ex:  Era rei, estava casado, andava tresloucado, ficaria em paz, está ali, São chamados verbos auxiliares quando são complementados com outros no gerúndio ou no infinitivo regido de preposição: Ex.: Ele anda escrevendo (= a escrever) uma ode à sua musa.

Predicado de estava feliz: estava feliz,  predicativo do sujeito: feliz
Predicado de: estava escrevendo (=a escrever) um livro:  estava escrevendo (=a escrever) um livro:
Complemento directo de escrever : um livro.

- Verbos Transitivos e Intransitivos:

(Sintaxe):

Transitivos (a acção do verbo recai sobre algo ou algo e alguém): Perguntar ao verbo: o quê? A quem?

1-Directos (apoiam a acção num objecto, que tem a função sintáctica de: complemento de objecto directo. O grupo nominal do c. dir. pode ser substituído pelo pronome pessoal o, a, os, as
Exs: Eva comeu a maçã (comeu-a), Sócrates bebeu a cicuta (bebeu-a).

2-Directos e indirectos: (a acção do verbo recai sobre algo e sobre alguém – Cs. de objecto directo e indirecto (este, regido preposição a): Ex: Ofereceu uma pulseira à prima. Explicou  a matemática  ao Bruno.

O grupo preposicional do compl. indirecto pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe / lhes
Ex: Ofereceu-lhe uma pulseira; Explicou-lhe a matemática
 (Com os dois pronomes contraídos: Ofereceu-lha, explicou-lha).
Verbos Intransitivos: Cuja acção é por si só explícita: chorar, sofrer, rir, brincar, emagrecer, cozinhar, chover, passear, gritar, ralhar...

Podem eventualmente tornar-se transitivos: Ex.: Ele está a chorar. Chorou lágrimas de sangue (c. dir.). Vai passear! Anda a passear os cãezinhos (c.d.); Quem cozinha bem, pode considerar-se feliz. Cozinhou os legumes (c.d.) sem sal. Gritou até se cansar. Gritou impropérios (c. d.).….

Variam em voz:
 Os verbos (transitivos, que pedem complemento directo)
(Notas de Sintaxe):
Voz activa:  O sujeito da frase pratica a acção expressa pelo verbo (transitivo - a acção do verbo recai sobre um objecto):
Ex. O leão (Suj.) comeu a presa (complem. de objecto directo)
Voz passiva:  O sujeito sofre a acção praticada pelo agente da acção (Complemento agente da passiva, regido da proposição por ou de), o verbo é passivo (expresso com o auxiliar ser, no mesmo tempo e modo concordando com o novo sujeito):
Ex. A presa (suj.) foi comida (vb. passivo) pelo leão (c. ag. pas.)

Voz activa:
Sujeito  -   Verbo transitivo na voz activa   -   Complemento directo

Voz passiva:
O suj. da activa (o leão) passa a complemento agente da passiva (pelo leão) (O c. ag. da pas. é, pois, um grupo preposicional, regido pelas preposições por ou de)
O C. dir. act. (a presa) passa a suj. da passiva;

O verbo leva o auxiliar ser no mesmo tempo verbal (pret. Perf.)

Outros exs: O carteiro entregará as cartas às meninas > As cartas serão entregues às meninas pelo carteiro. É preciso que os meninos façam os trabalhos com atenção > É preciso que os trabalhos sejam feitos com atenção pelos meninos.
Nota:
 Os verbos são, pois, as palavras mais variáveis da língua portuguesa. (Variam em voz, modo, tempo, pessoa, número e género).
Mas existem também os verbos defectivos (não se conjugam em todas as formas):
1 - Pessoais (Conjugam-se apenas nas formas arrizotónicas (em que o acento tónico não  recai sobre a raiz da palavra) Ex: falir (falimos, falis, falirei, falisse – raiz fal-…); precaver-se (precavemo-nos, precaveis-vos, precavi-me)… - raiz: precav-)
  2 - Impessoais (sem sujeito): Ex: chover, trovejar, nevar, haver (com o significado de existir): Ex: há, houve, havia, haverá sacrifícios inevitáveis), nevou, chuviscava, não chovia …     
3-  Unipessoais (3ª pessoas): Ex: ladrar, zurrar…– o (s) gato(s) mia(m), a(s) rã coaxava(m) no charco…).

Ainda a flexão das palavras

São variáveis:
-
As classes dos determinantes, nomes, adjectivos, pronomes, verbos.

São invariáveis:

-As classes das preposições, advérbios, conjunções, interjeições


AS Palavras Variáveis:

Classes e subclasses:

1-   Determinantes:
Definição: palavra ou morfema que se junta a um sintagma nominal

Classe dos Determinantes:

1.1-       Predeterminante: todo(a,s), tudo  (junta-se a qualquer outro determinante:  todo o carinho, todas estas rosas, todo um bem-estar de apaziguamento, tudo aquilo que fizeres, todo o meu, o nosso agrado, tudo quanto puderes…

1.2-  Determinantes artigos:
Definidos: o, a, os, as
Indefinidos: um, uma, uns, umas

1.3-Determinantes possessivos:
Um só possuidor:
1ª pessoa : meu, minha, meus, minhas (de mim)
  pessoa : teu, tua, teus, tuas (de ti)
3ª pessoa: seu , sua, seus, suas (dele, dela, de si, de você)
Mais do que um possuidor:
      1ª pessoa: nosso, nossa, nossos, nossas (de nós)
2ª pessoa: vosso, vossa, vossos, vossas ( de vós, de vocês)
3ª pessoa: seu, sua, seus, suas ( deles, delas, de si)

    1.4-  Determinantes Demonstrativos:
Este, esta, estes, estas;  esse, essa esses essas:  aquele, aquela, aqueles, aquelas; o outro, a outra, os outros as outras, o mesmo, a mesma, os mesmos, as mesmas, o próprio a própria, os próprios, as próprias, tal, tais…….)
(Há ainda os pronomes demonstrativos: isto, isso, aquilo.)

2-Determinantes Quantificadores:

2.1-Numerais:
  - Cardinais: um, dois, três, um milhão…
- Ordinais (podem ser adjectivos, se precedem os nomes): primeiro, segundo, décimo quinto, vigésimo nono, quinquagésimo,   ducentésimo…
- Divisores ou partitivos: um meio, um terço. um quinto, um décimo, um vigésimo, um centésimo…
-Multiplicativos: duplo / dobro, triplo, quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo, séptuplo, óctuplo, nónuplo, décuplo, undécuplo, duodécuplo, cêntuplo.
-Distributivos: ambos

             2.2- Extensivos ou Indefinidos: Algum, nenhum, todo, outro, certo, um,      muito, pouco, cada um, qual, qualquer, mais, menos, demais , vário….
-   (E os pronomes indefinidos invariáveis: algo, alguém, se, nada, ninguém, tudo…)

Nota:
 O «se» como pronome indefinido: Caso de «diz-se», «pensa-se», “vive-se”, “come-se” com sujeito indeterminado, indefinido: alguém diz, alguém come… (Corresponde ao indefinido «on» francês ( < lat. “homo”, homem): «on dit»= l’homme dit.

No caso de verbos transitivos, o se, que se confunde com o pronome pessoal reflexo e simultaneamente com conotação indefinida, funciona como partícula apassivante: “vendem-se livros” baratos  -> livros são vendidos baratos, “Aqui bebem-se bons vinhos” -> Bons vinhos são bebidos aqui , “Faz-se muita batota” - > muita batota é feita, o complemento directo -  posposto, passando a sujeito da passiva, o sujeito indefinido, não sendo relevante -> alguém vende, alguém bebe, alguém faz batota.
       
3-Classe dos determinantes interrogativos/exclamativos e relativos:
Relativos: cujo, quanto, qual, quais: Ex: O homem cujo segredo ninguém decifrou, morreu ontem. Quanto do teu sal são lágrimas; a qual figura, me pareceu bem sinistra.
  Interrogativos: quanto? Qual? Quais?:Ex: Quanto peso tem o bacalhau? Quais são as partes do texto? Quanta presunção!

Nota:

Distinguir entre pronome e determinante possessivo, demonstrativo, indefinido, etc:
                  - O pronome substitui o nome: (pro nome)
- O determinante acompanha o nome:
Exs.: O teu (determinante possessivo) gato é mais peludo que o meu (pronome possessivo, subentende gato.).
Não sei quais lápis preferes (determinante relativo) .  Quais queres? (pronome interrogativo).
Estes (determinante demonstrativo) meninos são uns brincalhões, aqueles (pronome demonstrativo) estão mais ajuizados. Alguns/vários (determinante indefinido) garotos brincam no pátio, nenhum (pronome indefinido ) está  a  assoar-se.
\
Classe dos Nomes:

1-Próprios: (escritos com maiúscula): Lisboa, Brasil, Bruno, Catarina,   Deus…

2-Comuns:
- Concretos: pão, vinho, borracha, açucareiro, panda, candeeiro…
-Abstractos (designam acções, qualidades, estados): amizade, casamento, êxtase, alegria, tristeza, dedicação, enfermidade, saúde, comedimento, experiência, regozijo, apatia, largura…., 

  3-Colectivos (no singular indicam uma pluralidade):  exército, cardume, matilha, enxame, pomar, laranjal, mata, bando, esquadrilha, floresta, arquipélago, tropa, alcateia….

Classe dos Adjectivos  (qualificam os nomes):
Exs.: esbelto, folclórico, azul, estreito, estudioso, delicado, sincero, róseo, grande…

Nota: Ver acima os graus dos adjectivos.

Casos de excepção nos graus dos adjectivos (Formas sintéticas):
                                             
Adjectivo------------Comparativo----------------------Superlativo
Bom………………….Melhor…………………..Óptimo.(/Boníssimo) Mau…………………  Pior       …………………..Péssimo (/Malíssimo)
 Alto ………………… Superior ………...Supremo (/Sumo) (/Altíssimo)
 Baixo ………………  Inferior……...Ínfimo, ínfero, inferno (baixíssimo)
 Grande……………..  Maior…………………….Máximo (/grandíssimo)
Pequeno……………  Menor………………….Mínimo (/ pequeníssimo)
Nota: As formas sintéticas, - superior, supremo, sumo, inferior, ínfimo, menor, mínimo – são usadas em referentes de maior abstracção ou espiritualidade:
Diz-se: menor índice de rendimento, mas a mais pequena das crianças; Sumo Pontífice (=Supremo, altíssimo), suma bondade, ele é altíssimo. Ele é o mais baixo, e tem um comportamento inferior…. O nome ”Inferno” significa o lugar mais baixo, derivou do adjectivo latino  infernus, superlativo absoluto sintético de baixo (caso de derivação imprópria, por mudança de categoria gramatical)..Mas diz-se “Uma grandessíssima (em calão)  asneira, tramóia…)…
Classe dos pronomes:
Subclasses:
- Possessivos, demonstrativos, indefinidos 
Nota:
 Ver determinantes e distinguir entre pronome e determinante.
 Ver ainda o caso dos pronomes demonstrativos invariáveis (isto, isso, aquilo), e os indefinidos invariáveis (algo, alguém, outrem, ninguém.

- Relativos: determinantes cujo, cuja, cujos cujas; quanto, quanta, quantos quantas ; qual, quais (Ver exemplos nos determinantes) e pronomes invariáveis : que, quem, onde.
Ex. : Que tem a função de sujeito da oração relativa: Ex: O pássaro que está em cima da árvore, fugiu da pontaria do caçador.
Que tem a função de complemento directo da oração relativa.  Ex. O pássaro que o caçador visou, estava em cima da árvore.
Quem tem  função de sujeito: Quem bateu à porta foi o carteiro.
Quem regido de preposições, com várias funções sintácticas:  a quem, com quem, de quem, por quem, para quem, sobre quem, ante quem, em quem…
Onde, função circunstancial ou adverbial (de lugar) da oração relativa: Ex: A casinha onde a Branca de Neve foi parar, pertencia aos Sete Anõezinhos.
Interrogativos :
 Ver determinantes (variáveis): quanto, qual, e os pronomes invariáveis que, quem:
Ex: Quem disse isso? (Sujeito).  Outras funções sintácticas: A quem, com quem, de quem, para quem?...
 (c.dir.): Que queres? Que dizem vocês? (c. dir.) Que é isso? (nome predicativo do sujeito)
Pronomes PESSOAIS
Sujeito                         Complementos
Singular         
  1ª Pessoa                            eu                              me, mim, comigo
  2ª Pessoa                           tu/você                      te, ti, contigo (se, si, consigo, com você)          
   3ª Pessoa                         m. ele                             se, si, consigo, o, lhe, ele
                                                 f.   ela                                                      a,          ela
Plural

 1ª Pessoa                                nós                           nos, connosco, nós (com preposições)
 2ª Pessoa                          vós/vocês                     vos, convosco, vós / vocês (com prep.)
 3ª Pessoa                            m. eles                  se, si, consigo, os, lhes, eles consigo prep.)
                                                 f.  elas                                           as  elas (com prep.)


Anotações:
Conjugação reflexa:

1-Pronomes reflexos: me, te, se, nos vos, se

1.1-  Colocados antes ou depois do verbo:
- Nas frases negativas e nas circunstanciais, os pronomes antecedem o verbo:
Ex: Gabo-me/ não me gabo, vestes-te, não te vestes, se ele se atirar à água, quando nós  nos compenetrarmos, vós penteastes-vos / vocês pentearam-se

  1.2-Colocados entre os dois morfemas do futuro e do condicional:(por tmese): lavar-me-ei, lavar-te-ás, esfregar-se-ia , despedir-nos-íamos, suicidar-se-iam, calar-se-ão…

O mesmo acontece na conjugação pronominal, com os pronomes me, te, o, lhe, nos, vos, lhes, colocados antes ou depois do verbo, ou no meio, por tmese:
Ex.: Diz-me, não me digas; ele fez-lhe, não lhe faças, far-lhe-ei, quando vos disser. Se te dissesse, nunca mais te calarias, mas preferes odiá-lo

1.3-Futuro e Condicional pronominais, no mesmo processo de tmese (intercalação do pronome  o, a, os, as (lo, la, lo, las) entre os morfemas do infinito e os das desinências do futuro ei, ás á, emos eis ão, ou do condicional:
Exs: fá-lo-ei, di-lo-ás, trá-lo-á, comê-lo-emos, bebê-lo-eis- parti-lo-ão:
Sabê-lo-ia, escrevê-lo-ias, lê-lo-ia, vê-la-íamos, escutá-los-íeis, tê-las-iam.

Regra: os pronomes complemento o, a, os, as, passam a lo, la, los, las, depois de r, s ou z (por assimilação total regressiva, o l de lo, assimilando o r, s, z):
Ex: dizer > dizê-lo, digo-o, dizes > dize-lo, diz > di-lo, dizemos > dizemo-lo, dizeis> dizei-lo.
Para as formas da 3ª pessoa do plural, dá-se uma nasalação (por assimilação parcial progressiva): dizem-no, digam-no, disseram-no, fizeram-no, fizessem-no
(A razão do fenómeno fonético da assimilação resulta do facto do artigo definido derivar do pronome demonstrativo latino illum, illam, illos, illas que na Idade Média resultaram em lo, la, los, las(> o, a, os, as), além do el de el-rei.
Assim:  trago-lo, trazes-lo, traz-lo, trazemos-lo, trazeis-lo, trazem-lo > trago-o (l intervocálico cai), trazello (assimilação total regressiva, o l de lo assimila o s, r, z):> traze-lo (cai o primeiro l: trallo, trazemollo, trazeillo > trá-lo, trazemo-lo, trazei-lo; trazer-lo > trazello, trazê-lo, amar>  amallo > amá-lo

Sintaxe:

1-Complementos directos e indirectos:  Os pronomes me, te, se, nos, vos, se podem ser complementos directos ou indirectos. Os pronomes da 3ª pessoa  lhe / lhes, são sempre complementos indirectos . O pronome da 3ª pessoa o, a, os, as são complementos directos ou nome predicativo do sujeito.
Ex.: lavo-me (cf. lavo-o): me c. directo; perdoo-te (cf. perdoo-lhe), te, c. indirecto .

              2-O: nome predicativo do sujeito: Ex: És feliz? Fui-o. Sê-lo-ei-

3-Contracção (ou não) dos pronomes me, te, lhe, nos vos (c. Indir.) com o (a, os, as) ( c. dir.):Ex: Esse livro, traz-mo, eu dei-vo-lo, já to mostrei, já vo-lo disse, mostraram-lhas, pedi-lho, explicaram-mos, (oferecei-nos o livro) >-oferecei-no-lo
4-Os pronomes tónicos nós, vós, ele, ela, eles, elas, você, vocês usam-se com preposições, com funções diversas: Ex.:  para mim, por ti, contra ele, ante vós, a vocês, até eles, contra nós….

5-O «se» como partícula apassivante, ver atrás, nos determinantes indefinidos: trata-se de espécie de fusão entre o indefinido se, e o pronome pessoal reflexo se, (com conotação indefinida), nos verbos transitivos, passível de transformar a frase em passiva; “Vendem-se bilhetes a partir das 14 horas  > bilhetes são vendidos (por alguém, mas não é relevante o sujeito).

As palavras invariáveis


1-    Classe das Preposições

(São palavras (morfemas) que ligam outras palavras para especificar relações entre elas:
Ex: Veio de Lisboa para Cascais de carro com o  amigo, não pela (por a) autoestrada mas pela (por a) marginal para se reunirem em confraternização com os antigos colegas do (de+o) liceu. Os amigos são para as ocasiões. De quantas maneiras se cozinha o bacalhau?? Vou até à (a+a) praia pescar peixinhos para fritar. Nada se pode fazer contra a presunção. Até onde vai a tua coragem? Desde que cheguei, não páras de me perseguir. Entre mim e ti vamos decidir sobre o destino a dar ao (a+o) cavalo. Perante o juiz compareceram as testemunhas de acusação e as de defesa. De tão atrevida, foi ignorada por todos.

Preposições: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, por, perante, sem, sob, sobre
Locuções prepositivas (terminam em preposição): debaixo de, perto de, longe de, acima de, atrás de, à frente de, quanto a, em frente de, em face de, face a …
Ex: Depois de mim virá quem bom me fará. “Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas feiras…”…

Contracção de 4 preposições com determinantes e advérbios:

Há quatro preposições que se contraem com outros elementos do discurso:

A:  a + art. def. o, a, os, as > ao, à, aos, às ; a+ pron. demonstr. aquele aquela aqueles, aquelas, aquilo  - > àquele, àquela, àqueles, àquelas  (caso de crase, em à(s), àquele(s)…) (Ver referência anterior, em Fonética)

De: de + o, um, este, esse, aquele, ali, aqui,… > do, da, dos, das, dum, duma, dumas, dumas, deste, doutro, dali, dacolá, dalém…

Em : em + o, um, este, esse, aquele, isto, isso, aquilo >  no, na, nos, nas, naquele, nessa, neste, nisso, naquilo…

Por: por + o, a, os, as > pelo, pela, pelos, pelas


2-   Classe dos advérbios
(São palavras invariáveis que modificam o sentido dos verbos, dos adjectivos e dos advérbios):

Subclasses:

 Advérbios de lugar:
aqui, aí, ali, acolá, cá, lá, aquém, além, acima, abaixo, dentro, fora, adiante, atrás, perto, longe, onde, aonde, algures, nenhures.

Locuções adverbiais de lugar:
Ao longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta, por aqui, em baixo, ao meio, em algum lugar.

Advérbios de tempo:
hoje, ontem, anteontem, amanhã, já, agora, ora, ainda, cedo, tarde, sempre, nunca, jamais, antes, depois, logo, então, outrora………..
Locuções adverbiais de tempo:
Às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, em breve,  a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.

Advérbios de quantidade, ou intensidade: 
Mui ou muito, pouco, mais, menos, demais, bastante, assaz, tão, tanto, quão, quanto, quase.
Locuções adverbiais de quantidade, ou intensidade: 
Em excesso, de todo, de muito, por completo, por demais.

Advérbios de modo:
Bem, mal, assim, aliás, devagar, felizmente, dignamente, e outros terminados em mente.

Advérbios de dúvida
Talvez, porventura, acaso, quiçá, provavelmente…
Locuções adverbiais de dúvida
Por certo, quem sabe? É possível…

Advérbios de afirmação,
Sim, efectivamente, decerto, certo, certamente, deveras
Locuções adverbiais de Afirmação:
Com certeza, de certeza, de facto, com efeito…

Advérbios de negação:
Não, nem e os de tempo nunca, jamais
Locuções adverbiais de negação:
De modo algum, de jeito nenhum, de forma nenhuma.

3-    Classe das conjunções

São palavras invariáveis que ligam frases ou elementos da mesma frase.

Dividem-se em coordenativas e subordinativas:

a)-As conjunções coordenativas ligam elementos semelhantes de uma frase ou frases de natureza semelhante, mas independentes entre si: são frases/orações  coordenadas:

Ex: Eu e tu somos bons camaradas. Eu ajudo-te e tu concordas comigo, pula que pula, dois mais três.. Quer chova quer faça sol… É bela mas triste. Ela tem muitos amigos porém nenhum lhe fala de amor, portanto, não parece feliz.

3.1- Subclasses das conjunções e locuções coordenativas:

Copulativas ( indicam adição): e, nem, mais, que, e a locução não só… mas também.

Adversativas (indicam oposição): mas, porém, todavia, contudo, e a locução não obstante….

Disjuntivas (indicam alternativa): ou, e as locuções quer…quer, já…já, ora…ora, seja, seja.

Conclusivas; (indicam conclusão): logo, pois, portanto, e as locuções por conseguinte, por consequência

b).Conjunções e locuções Subordinativas:

Ligam duas frases, uma das quais subordinada (dependente de) a outra que exprime a acção principal (subordinante) (sublinhadas, nos exemplos):

Ex.: A menina chorou porque o irmão lhe tirou os lápis de cor. Embora o campo seja agradável, a praia é mais procurada. Explicou-se-lhe bem a matéria, para que faça um bom teste. Se trouxerem os marmelos, faremos marmelada. Quando se acabar, faremos mais. Segundo fizeres, assim terás.Desejo que passes um bom dia de anos.

3.2- Subclasses das conjunções e locuções subordinativas;

Conjunções e locuções subordinativas

   1-Integrantes (Introduzem orações substantivas, com funções de complemento directo, sujeito) : que, se: Ex. É preciso que não faças ondas. (suj,); Desejo que ganhes a corrida (compl. dir.).  Pergunto se estás bem (c.dir.). (pedem conjuntivo)

As conjunções subordinativas seguintes introduzem orações subordinadas circunstanciais de causa, de fim, de condição, concessão, tempo,…

2-Subordinativas causais: porque, pois, que, como, porquanto, visto que, já que, uma vez que, por isso que. A conjunção como introduz sempre a frase. Ex. Como não estudou a matéria, teve má nota no teste (=Teve má nota porque não estudou…).

3-Subordinativas finais: que, porque, para que, a fim de que. Ex: Dou-ter o carro para que saibas quanto sou teu amigo. (pedem conjuntivo)

 4-Subordinativas condicionais:  se, a não ser que, contanto que, salvo se, desde que, caso… Ex: Se consegues manter a calma…tu serás um homem, meu filho!

5-Subordinativas concessivas: (Exprimem oposição, contrariedade): Embora, conquanto, ainda que, posto que, se bem que, apesar de que, nem que… Ex: Não vivemos felizes conquanto nos esforcemos por isso. (pedem, conjuntivo)

6-Subordinativas comparativas: (mais, menos) que, (tão) como, conforme, segundo, assim como, bem como, qual, como se, (tanto) quanto: Ex.: Não te guardo rancor tal como espero a mesma atitude de ti. É mais rápido de pernas do que  de pensamento.

7. Conjunções subordinativas consecutivas: que, de maneira que, de tal sorte que, de modo que, de sorte que,  tanto que, tal que,  de forma que (Iniciam uma oração na qual se indica a consequência). Ex: Correu tanto que desapareceu da vista de todos.

 

Classe das interjeições e locuções interjectivas:
(palavras invariáveis expressivas de estados de espírito, emoções, apelos, chamamentos, desejos, etc:
Não desempenham função sintática. Devem vir acompanhadas de um ponto de exclamação.
Exs. Santo Deus!  Irra!  Apre!  Olá! Pst! Adeus! Rua! Cuidado! Bravo! Caramba! Socorro! Oxalá! Força! Deus me valha! Perdão! Desculpe! Àgora!,Deus me livre! Safa!.Credo! Caspitè.....

Enriquecimento vocabular:

Campo Lexical:

A partir de um referente vocabular, criar um campo de palavras a ele ligadas, sem pertencerem à mesma raiz lexical:
Ex. Férias sugerem: praia, campo, viagens, transatlântico, sol, mar, avião, passeatas, leituras, diversões, dinheiro, prazer…


Família de palavras

Formação de palavras da mesma raiz lexical

Ex.: Referente Céu (lt. Coelum):  celeste, celestial,  Celestino, sobrecéu, céu-da-boca,
toucinho-do-céu…

Referente  Mar: maré, mareante, marinha, marinheiro, marítimo, maremoto, amarar,
marear…

Referente Terra: terrestre, terreal, terreno, terraplanagem, aterrar, desterrar, enterro,
enterrar, desenterrar, conterrâneo, conterraneidade...

Muitas vezes o alargamento lexical resulta da junção de afixos à palavra primitiva
Os AFIXOS são morfemas (pequenas partículas) que se acrescentam a uma palavra primitiva (no início, no meio ou no fim) para criarem outra palavra, derivada, complexa. Cito apenas alguns exemplos, as gramáticas sendo prolíficas em exemplos e identificação semântica desses morfemas. Dividem-se em prefixos, infixos sufixos:
Prefixos  (muitos de origem latina, outros de origem grega): a, ad-, i-, in-, retro-, des-, contra-, re-, trans-, ante-, com- circum-, bis …: Ex: alargar, administrar, imortal, impor,  invariável, retroceder, descontrair, reconstruir, transpor, antepor, compor, circumnavegação, ambivalente, anfiteatro, hipermercado, telemóvel, dispneia…..
Infixos: chaleira, cafeteira, cafezal, pazada, pezinho, cãozarrão, homenzinho, Polegarzito
Sufixos: ar, er, or, ir (infinitivos verbais), português, espanhol, americano, transmontano, brasileiro, algarvio, especialmente, professor, ferreiro, casamento, amizade, filiação, embriaguez, felicidade, esperteza, magnificência, rapazote, filhinho….
Sufixo incoativo : ecer, designa início e continuidade da acçao.:  entardecer, anoitecer, esclarecer, enriquecer, empobrecer…
Chamam-se parassintéticas as palavras simultaneamente derivadas e complexas (com sufixo e prefixo): Ex: a+larg(o) +ar .> alargar, infelizmente, en+velh(o)+ecer, refazer
Há ainda os casos de formação com vocábulos híbridos, provenientes de étimos de diferente origem – latim e grego, por ex., (telemóvel automóvel), casos de derivação imprópria: (formação de palavras não por acrescentamento de morfemas, mas por mudança de categoria gramatical): Ex. Os feitos heróicos  (de particípio a nome comum)…A comida (particípio a nome),  nome próprio a comum: viveu uma odisseia, um calvário…… casos de composição por aglutinação:  (agora, embora, vinagre, fidalgo), composição por justaposição: couve-flor, girassol, aguardente, passatempo…
As línguas estão em constante mutação, para o que vão contribuindo também os neologismosanglicismos, galicismos, termos  técnicos e científicos, e as próprias línguas crioulas…..

SINTAXE
Estuda a Sintaxe a disposição das palavras no discurso, com esclarecimento sobre a função dos vários constituintes daquele, de maior ou menor amplitude frásica.
Constituintes da frase:
São os grupos em que se combinam as palavras nas frases, embora, haja frases de uma só palavra. (Exs.: Amanheceu. Cuidado! Atenção!)
Os constituintes da frase ão quatro:
1-   Grupo Nominal (GN): Tem, como núcleo (palavra principal), um nome ou um pronome:
Ex: As paredes foram pintadas de branco. Elas tinham muita humidade. Aquelas estão pintadas de verde-claro.

2-   Grupo Verbal (GV): O núcleo é um verbo ou um complexo verbal:
Exs.: Ela chorou. O João leu um romance. Ontem fomos à piscina. Estava lá a Rita.

3-   Grupo Adverbial (GAdv): O núcleo é um advérbio:
Exs: Amanhã vai chover, felizmente, . Ontem treinámos problemas de percentagens.

4-   Grupo Preposicional (GPrep): Introduzido por uma preposição:
Exs:  De manhã ele foi fazer uma corrida. Comemos com apetite. Por tua causa chegámos atrasados.

Funções Sintácticas
Os vários grupos dos constituintes exercem determinadas funções nas frases (funções sintácticas): sujeito, predicado, complemento directo, complemento indirecto, predicativo do sujeito, complemento oblíquo, modificador do GV
1-   Sujeito: É o GN sobre quem ou sobre o qual se diz alguma coisa. Pode ser substituído por um pronome pessoal (ele, ela eles elas). Para sabermos qual é o sujeito da frase pergunta-se ao verbo quem? (/o que é que?)
Ex: A menina (/ ela) está a cantar.  (Quem está a cantar?) A menina.  A cama está por fazer (O que é que está por fazer?) – A cama.
Tipos de sujeito: Simples (um só grupo nominal: Ex: Os chapéus já não se usam como dantes). e composto (mais do que um GN: Ex.: Os cães e os gatos andam à bulha.)
2- Predicado: É a função sintáctica desempenhada pelo GV. Pode ser constituído por:
-  Um verbo (Ex. Eles sorriram). Ou por um complexo verbal (Tu estás a estudar. Ele já tinha feito os deveres)).
- Verbo mais constituintes (obrigatórios (1) ou facultativos(2)): Ex: A Luísa vê, com prazer, (2), televisão (1), à noite (2), em diversos canais (2), por não gostar de ler (2) e para se distrair (2)..
1- Compl. directo; 2- Modificadores ( Gs. Preps. de modo, de tempo, de lugar, de causa, de fim).
2-  Constituintes do verbo que não podem ser suprimidos
2.1- Complemento Directo: GN  que pode ser substituído pelo pronome pessoal o, a, os, as. (Para se perceber  qual é esse G.N. pergunta-se ao verbo: Que? o quê?, quem?).  Ex: “O Manuel escondeu o livro (escondeu-o) quando avistou a mãe  (a avistou)”. (Que escondeu o Manuel? (R: o livro (C. dir)). Quem avistou ele? R: A mãe (C. dir.)).
2.2- Complemento indirecto: P.Prep. que pode ser substituído pelo pronome pessoal lhe/lhes. Pergunta-se ao verbo: a quem?, para se identificar esse G.Prep.
Ex: Deu um desenho ao pai (/ Deu-lhe um desenho). A quem deu o desenho? R: Ao pai (c. indir.).
Nota: Por vezes, em caso de complementos directo e indirecto substituídos pior pronomes pessoais, dá-se a contracção entre os dois pronomes . (Anteposição dos pronomes nas frases negativas – além de outros casos).
Exs.: Dá-me esses livros, Dá-mos. (Não mos dês). Dou-tos, Dei-vo-los. (Não vo-los dei. Não no-los dês). Fiz as contas ao meu pai: Fiz-lhas? (Não lhas fiz). (Quando lhas farás? Se lhas fizeres, fá-las bem).
2.3- Complemento Oblíquo: É o G. Adv. ou o G. Prep. que, sendo exigidos por verbos transitivos, não podem ser retirados, como acontece com os modificadores verbais. Também não podem ser substituídos pelo pronome pessoal lhe ou lhes, (como acontece com o G. Prep. com a função de complemento indirecto).
Exs: Creio em Deus. Estou na rua. Vou a Lisboa. Interessei-me por aquela criança. Moro ali. Porta-te bem.
2.4- Complemento agente da passiva: É a função sintáctica desempenhada por um G. Prep., introduzido pela preposição por (ou, raramente, de), específico da voz passiva, (que na activa se traduz pelo sujeito) (Ver supra).
Ex.: A lebre foi ultrapassada pela tartaruga. (Voz activa: A tartaruga ultrapassou a lebre)
2.5- Predicativo do sujeito: Constituinte que atribui uma característica ao sujeito ou o localiza, em certos verbos copulativos (de ligação, como: ser, estar, ficar, parecer permanecer, continuar tornar-se e revelar-se…)
Ex.: O Rodrigo é nadador-salvador. É de Moçambique. Hoje ele parece contente, pois está ali, na praia, com os amigos, que ficaram felizes por ele se ter revelado um herói, salvando um náufrago de morrer afogado. Está aqui um louvor, portanto.
Os sublinhados são predicativos do sujeito, sendo particularmente  locativos, os predicativos “de Moçambique”, “ali”. Os predicativos do sujeito encontram-se sempre à direita do verbo copulativo e podem ser formados por um GN (Nadador-salvador, um herói), um adjectivo (contente, felizes), um G. prep. (de Moçambique), um Gr. Adv. (ali).
2.6- Modificador do GV: : Para além da constituição específica do predicado – verbo, verbo e complementos obrigatórioshá um constituinte que pode ser acrescentado ao predicado: É o modificador, que introduz informações específicas na frase – de tempo, de lugar, de modo, de causa, de fim, condição… podendo assumir a forma de um G. Prep., de um G. Adv ou de uma frase. É um constituinte facultativo, podendo ser suprimido, mas faz parte do predicado.
Ex.: De manhã, fui passear calmamente, com o meu irmão, para os lados de Sintra, para respirar os bons ares da serra, por nos acharmos demasiado poluídos (com os ares da cidade)..
Grupos preposicionais (por ordem de construção frásica): de tempo, de companhia, de lugar, de fim, de causa. Grupo adverbial de modo: calmamente.
O Vocativo
Há ainda a considerar, como elemento frásico mas sem relação sintática com outro termo da oração, o Vocativo,. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem ao predicado. É uma expressão de chamamento ou apelo:
Ex: Não vás ao mar, Tóino! Meu Deus, salva-nos! “Ó Maria, diz àquela cotovia que fale mais devagar”.

Modificadores dos nomes:
São, além dos adjectivos que qualificam os nomes (Ex. rapariga brincalhona), os Gs. Preps., antigos determinativos do nome, com carácter restritivo (Ex.: Rapaz de brio, sopa de peixe…), ou apositivo, entre vírgulas, que apõem informações a um nome (Ex. João, filho de Abel, Afonso Henriques, o Conquistador. “Lisboa, cidade de mármore  e de granito” ….

Orações subordinadas:
Poder-se-á classificar as diversas orações subordinadas segundo as suas funções, em substantivas, adjectivas, adverbiais, de que apenas daremos alguns exemplos:
Exs: É conveniente que não te atrases. (Substantiva completiva, serve de sujeito ao verbo anterior)
Quero que vás comigo, diz-me se vais. (Substantivas completivas, servem de complementos directos às anteriores, subordinantes)
O pardal, que comia na seara, fugiu ao avistar o gato (Subordinada adjectiva relativa explicativa [atenção à vírgula obrigatória]). O pardal que avisto da janela está a comer bichinhos. (Subordinada adjectiva relativa restritiva.
Ver, antes, conjunções subordinativas: Introduzem orações subordinadas adverbiais : causais, condicionais, concessivas, consecutivas, comparativas, condicionais, finais.

- Embora as perguntas “O quê?" "Quem?", "Quando?", "Onde?", "Como?" e "Porquê?" façam parte do lead da notícia jornalística, o aluno deve habituar-se desde cedo a formular respostas a questões com os tais interrogativos, para precisar ideias que lhe permitam estruturar um pensamento gradativamente coerente, segundo articuladores do discurso específicos de situação inicial, intermédia ( oposição, causa… ), final, conclusiva, e segundo os tipos de discurso (declarativo, expositivo, narrativo, argumentativo…),

É bem conhecida a anteposição do complemento directo na Proposição d’ “Os Lusíadas” provando quanto aquele pode ser igualmente um sintagma móvel, que posto em relevo no início e ao longo das duas primeiras estrofes da Proposição sintetizou e realçou, na posição inicial, o objectivo do canto épico:
Vejamos:
As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis
que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando
Cantando espalharei por toda a parte
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Análise dessa oração principal:
Sujeito: (oculto > eu)
Predicado: espalharei cantando, por toda a parte, as armas e os barões assinalados e também as memórias gloriosas daqueles reis e aqueles,
Complemento directo: as armas e os barões assinalados, e também as memórias gloriosas daqueles reis, e aqueles
Modificador (de modo): cantando
Modificador (de lugar): por toda a parte

Todo o discurso era analisado nos meus tempos em orações várias, com a tal divisão das orações que esclareciam o significado de um pensamento desdobrando-se e estendendo-se em maravilhosos panoramas, como aqueles que o ladrão de Bagdá deveria avistar do seu tapete voador - as designações gramaticais mudadas, contudo, hoje, para outras flores do reportório científico gramatical, o modificador, que a avidez um tanto pedante de mudança talvez não mantenha por muito tempo, nos velozes solavancos do progresso cultural..


 Também o texto de Almeida Garrett sobre o Vale de Santarém é um excerto de grande precisão descritiva que se pode decompor em sintagmas de várias funções, ensinando o aluno a precisar, a localizar, a aplicar os seus conhecimentos gramaticais, a percepcionar o discurso sensorial, a desenvolver a capacidade crítica e de observação da realidade.

O VALE DE SANTARÉM
«O vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela Natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita: não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de tons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. As paixões más, os pensamentos mesquinhos, os pesares e as vilezas da vida não podem senão fugir para longe. Imagina-se por aqui o Eden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração.
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. A faia, o freixo, o álamo entrelaçam os ramos amigos; a madressilva, a musqueta penduram de um a outro suas grinaldas e festões; a congossa, os fetos, a malva-rosa do valado vestem e alcatifam o chão.
Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meia-aberta de uma habitação antiga mas não delapidada – com certo ar de conforto grosseiro, e carregada na cor pelo tempo e pelos vendavais do sul a que está exposta. A janela é larga e baixa: parece mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê...
Interessou-me aquela janela.»


Outras mais coisas se poderiam acrescentar no estudo da Sintaxe, não esquecendo as regras da versificação e novamente as figuras de estilo, apoiadas em exemplos. E já agora, façamos os alunos ler as maravilhosas páginas de “A Cidade e as Serras” , analisando todo o recurso a figuras de estilo e sentindo o prazer estético que essas páginas transmitem, na adjectivação, nos advérbios, nas comparações, no discurso animista e impressionista, na noção de perspectiva da sua arte pictórica, na sua frase poética de uma beleza ímpar:

«E em breve os nossos males esqueceram, ante a incomparável beleza daquela serra bendita!
Com que brilho e inspiração copiosa a compusera o divino artista que faz as serras, e que tanto as cuidou, e tão ricamente as dotou neste seu Portugal bem-amado! A grandeza igualava a graça. Para os vales, poderosamente cavados, desciam bandos de arvoredos, tão copados e redondos, dum verde tão moço, que eram como um musgo macio, onde apetecia cair e rolar. Dos pendores, sobranceiros ao carreiro fragoso, largas ramarias estendiam o seu toldo amável, a que o esvoaçar leve dos pássaros sacudia a fragrância. Através dos muros seculares, que sustêm as terras liados pelas eras, rompiam grossas raízes coleantes a que mais hera se enroscava. Em todo o torrão, de cada fenda, brotavam flores silvestres. Brancas rochas, pelas encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido pelo vento e pelo sol; outras, vestidas de líquen e de silvados floridos, avançavam como proas de galeras enfeitadas; e de entre as que se apinhavam nos cimos, algum casebre que para lá galgara, todo amachucado e torto, espreitava pelos postigos negros, sobre as desgrenhadas farripas de verdura, que o vento lhe semeara nas telhas. Por toda a parte a água sussurrante, a água fecundante… Espertos regatinhos fugiam, rindo com os seixos, por entre as patas da égua e do burro; grossos ribeiros açudados saltavam com fragor de pedra em pedra; fios direitos e luzidios como cordas de prata vibravam e faiscavam, das alturas aos barrancos; e muita fonte, posta à beira de veredas, jorrava por uma bica, beneficamente, à espera dos homens e dos gados… Todo um cabeço por vezes era uma seara, onde um vasto carvalho ancestral, solitário, dominava, co

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