Uma
gramática de trazer por casa
Foi
um desafio lançado por um amigo nosso, colega do meu marido – o Botelho - agora
dedicado ao acompanhamento de uma netinha que iniciou há pouco o percurso da
sua formação escolar. Com a Matemática e o Estudo do Meio entendia-se bem,
deslindando, com o recurso a exemplos concretos as noções a transmitir. Mas o
Português parecia-lhe mais complicado. Fora sempre um aluno estudioso, que
fixara os verbos, que no nosso tempo estavam alinhados na gramática a aprender,
ainda que em uníssono monocórdico. Agora os verbos, como tudo o mais, estavam
incluídos no manual de leitura, eram apresentados gradativamente, a coisa não
se tornava tão rigorosa nem tão evidente. Como também acompanho o meu neto
Bruno, pensei em transmitir uma gramática um pouco à minha maneira, como fazia
nos meus tempos de docência, explicando, muitas vezes com o latim, os fenómenos
dessa Gramática que devíamos estimar, para melhor preservarmos a língua de
muitas gafes que com tanta frequência os meios televisivos nos chutam aos
ouvidos, como essa do “interviu”, tão frequente. Se me servi da memória antiga,
não deixei de recorrer a outros meios gramaticais, sobretudo a Internet, para
actualizar um pouco os dados sem chegar a purismos linguísticos que o nosso
preciosismo pedagógico cada vez mais complica. D. Francisco Manuel de Melo,
na sua «Carta de Guia de Casados», a um amigo que lhe pediu
conselhos sobre o casamento, resumiu o conteúdo da sua obra da seguinte
maneira:
«Não
sou já mancebo. Criei-me em cortes; andei por esse mundo; atentava para as
cousas; guardava-as na memória. Vi, li, ouvi. Estes serão os textos, estes os
livros que citarei a V. M. neste papel; donde juntas algumas histórias que me
forem lembrando, pode mui bem ser que não sejam agora menos úteis que essa
máquina de Gregos e Romanos, de que os que chamamos doutos para cada cousa nos
fazem prato, que às vezes nos enfastia.»
Ao
contrário de D. Francisco Manuel de Melo, não me criei em cortes, nem andei
como ele, por esse mundo. Mas a Gramática, um pouco à minha maneira, foi feita
por amor à língua portuguesa, servindo-me da memória, recuperando alguns dados
da modernidade linguística, sobretudo na Internet.
Creio
que o Botelho, que foi sempre estudioso, saberá apreciar a espécie de cartilha
gramatical que segue, para uso de quem por ela pode fazer sentir que a língua é
algo de sagrado a respeitar.
(Nota:
Por decisão pessoal, declaro não ter escrito segundo as regras do A.O.)
GRAMÁTICA DA
LÍNGUA PORTUGUESA
Tradicional,
normativa, fundada em regras (normas).
Com arremedos de outras informações de gramática descritiva, implicando
a linguagem dos falantes, as estruturas verbais, as funções da linguagem, o alargamento
sintagmático, os campos semânticos…
1-Gramma
significa letra, em grego, símbolo: a Gramática é o tratado da organização dos
caracteres que compõem uma língua, segundo os sons/fonemas –> Fonética; segundo as formas das palavras > Morfologia
(morphê significa forma em grego) – e segundo a Sintaxe (sin
/sun significa com em grego – combinação, construção), que estuda as
funções das palavras nas frases.
2-
Definição de Gramática na Internet: «Estudo e tratado dos factos de uma
língua e das leis que a regem. Livro em que se acham expostas as regras da
linguagem.»
Fonética
Estuda os sons - os sons da linguagem humana
chamam-se fonemas, de acordo com o
alfabeto, constituído por letras - na escrita ou grafia > grafemas,
de valor mais amplo; ( fonemas, na fala):
Nota:
(Por
vezes, os grafemas são mais do que um, a representar cada fonema:
Ex:
(ã: 1 fonema, 1 grafema: lã - (o
til como sinal diacrítico);
1
fonema,
2 grafemas /(letras): -am- (amparo) ; -an- (andar);
ch, lh, nh, rr, ss….
1- Alfabeto
português: É constituído por 26 letras (5 vogais e 21
consoantes), (três provenientes dos alfabetos inglês e francês – k, w, y).
Pode ser escrito com letras maiúsculas
ou minúsculas:
a
b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z
A
B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z
(A
letra cursiva do alfabeto maiúsculo e minúsculo é, naturalmente diferente)
2- Os sons do alfabeto:
A- Vocálicos:
1- As vogais (lêem-se
sozinhas, sem apoio, de voz plena < lt. vocale)
1.1 - orais: a, e, i, o, u:
a) - abertas: alma, gato; água,
lápis; égua, anel, dez; homem, fóssil,
Córsega, sóbrio….
b) - fechadas: alma; âmago;
exagero, câmara; pêssego; teso, medo, meter;
Porto, sôfrego, amor, professor…..
c) - mudas: desde, deve, Veneza,
veloz, depósito, reportagem, meter, levar, sebenta…
d) - semivogais: i, u: fixo, mudo,
rio, arbítrio, cómico
1.2 - nasais:
ã; (Com
dois grafemas: dígrafos):am-, an-; em-, en-; im-, in-; om-, on-; um-; un- :
Nota:
Escreve-se:
am, em, im, om, um, antes de b ou
p; e om também na preposição com; ; e em bom, bombom, dom, pompom, ronrom,
som, tom…
an, en, in, on, un antes de outras
consoantes.
Exs: irmã; lã, órfã;
(Dígrafos): ambição; amputação,
canção, antigo; empolgante, empunhar; embrulho;
embaraçar; atenção, então, vencer; infante,
afincado, vinte, impossível, imbatível, fímbria,
imbricar; fonte, longo, contar, pomba, combalido,
comparecer, computador, comprimento; presunto,
undívago, função; cumprir, cumprimento; lumbago,
umbelíferas, umbrela.
B-
Consonânticos:
2 - As consoantes (soam com o apoio em vogais – bê:
cê, eme, el, kapa):
b, c, d, f, g, h, j, k,
l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, x, y,
z.
2.1-
Outros são dígrafos: (duas letras/grafemas que representam um só
fonema):
a)
ch, lh, nh: (Ex: chávena, encher, cheio,
enchido, choque, chocar, cacho, chuva; amanhã,
falhar, ralhar, solha, folhelho, ralhei,
filhinho, canalhice, velhice, calhou, grandalhona, abelhudo, farfalhudo,
repolho; ninhada, lenha, apanhar, amanhecer,
canhestro, vinhito, manhoso, punho, ninho sanhudo;.
b)
As consoantes duplas: rr, ss:
(Ex: carro, ferro, possessivo). Ver regras de
translineação: car- roça; pos-suir
c)
Outros casos (G, Q +u): GU, QU -> (soam g, k) Ex: Águeda, Guedes,
guelra, guita, laguinho, Aguiar, quem, aqueduto,
equilíbrio, saquinho, paquiderme.
c-
Ditongos: conjunto de duas
vogais que se pronunciam duma só vez (numa só emissão de voz).
Excepção: Caso do ex- (vogal e
+ consoante x soam ei(s).
Dividem-se em:
Nota prévia sobre os ditongos:
Descendentes: vogal +
semivogal: a+i : ai, pai, Monçaide, raiva; a+u:
mau, fauna; e+i: veia, anéis; e+u: seu, céu;
o+i : coisa, estoiro, Moisés, herói, anzóis;
o+u: ou, sou, estou, voou, pouco, Souselas,
Vouzela, Vouga; duas semivogais, o u no fim: iu: fugiu,
faliu.
Ascendentes: semivogal + vogal: u+a:
qual, equânime; quando (nasal); u+e: sequestro, aguentar
(nasal); duas semivogais, com o i no fim: ui : fui, Rui, azuis, muito (nasal)
3.1 - Ditongos orais:
-
Abertos: ai, au, éi, éu, ói :
Descendentes
(vogal+semivogal):
Ex: mais, autor, papéis, céu, heróis, comboio,
dezoito….
Ascendentes: (semivogal mais
vogal) : aguardente, qualquer, sequestro.
-
Fechados: ei (/ex-), eu, oi, ou :
Descendentes: Ex: manteiga, explicar, meu,
coisa, oito, afoito, foice, ouvir, souto,
outono.
-
Brandos: iu, ui: ditongos descendentes: Ex: saiu,
fugiu, piu-piu
(ditongos
ascendentes): ruivo, fortuito exequível.
3.2 - Ditongos
nasais:
- ão / am; ãe, ein, -em; õe;
ui:
Descendentes:
Ex: ão:
limão,
irmãos, farão, estudam, estavam, puderam,
digam
ãe: mãe, pães, hein!, também,
fazem, dizem, passeiem, capitães
õe: anões, põe; tostões,
refilões, sabichões
ui (nasal): muito (caso de ditongo
nasal ascendente: ui.
- Outros Exs
de ditongos nasais ascendentes: quando, quantificar,
quantidade, aguentar, frequente.
D) Tritongos
(união de uma semivogal + vogal +
semivogal em uma única sílaba).
Ex.: Uruguai: (uai -> semivogal u +
vogal a + semivogal i), Paraguai, quais, averiguou, averiguei,
iguais, uau! (tritongos orais), quão, saguão
(tritongos nasais).
Nota:
Chama-se
hiato, quando as vogais não formam ditongo: Be-a-triz, Lu-ís,
se-a-ra. Ou diérese (segundo a Linguística). Ex: sa-úde, ba-ú,
ca-í-a, pa-ís.
Sinérese, quando formam
ditongo: cai-a, fai-a, sau-na, mausoléu…
Diferentes sons
(/fonemas) para a mesma letra
(/grafema)
1- O x pode formar
diferentes sons:
ch: Ex. - xaile,
enxada, enxaguar, reixas, rixa, enxame; xeque,
coxear; México, caixilho, bexiga, enxotar,
enxuto, enxofre, coxo, coxear, roxo, lixo.
S (e antes de x
vale ei (ditongo fechado): Ex.: expoente; extintor, explicação,
exterior, texto, pretexto, contexto, contextualizar…
intervocálicos:
-s-:
trouxe, sintaxe, auxílio, auxiliar, máximo, Maximino,
Maximiliano, maximamente, proximidade, aproximar.
-z-: exame, examinar, exequível,
executar, execução, executor, exéquias, exibir,
exibição, exórdio.
-cs- (um grafema, dois
fonemas): flexão, saxão, Saxe, fax, oxigénio,
léxico flexível, saxofone.
2 - O -s-
intervocálico vale z:
Ex.: mesa, casarão, casebre,
casaco, desalinho, desequilíbrio, desigualdade, desigual,
divisor, desunião.
3- O c vale:
K (antes de a, o
ou u): cabeça; cobre, cuco, cozer, cozinhar,
coser; coscuvilheiro
s (antes de e ou i): Ex: Cecília,
prece, circo, circuito, cinco, cedo, cervicais,
célebre, bacio, bacinete.
4- Usa-se cedilha (sinal
diacrítico) no c, antes de a, o, u, quando têm valor de s:
Ex: caça; poço, açude, açambarcar, coçou,
soçobrar.
5- g tem valor de g antes a,
o, u: Ex: gato, gado, visigodo, gomil, gorar,
agulheta, agudo, aguardente
g tem valor de j antes de e ou i: geleia,
genial, génio gengibre, gente, viagem, gigante,
agigantar-se, gipsofila, giratório, ginástica.
Divisão
silábica:
As palavras, formadas por letras/fonemas,
dividem-se em diferente número de sílabas:
Monossílabos: (Ex: sol, mês, lá, Deus, fiz, com, que, um, se, nem, flor, Fox
…)
Dissílabos: (Ex: da-do, leve, Inês, Bruno, Ar-tur, Jo-ão,
Lu-ís, Paula, dançar, cama, jardim, fácil, lápis)
Trissílabos: (Ex: tri-ci-clo, Mafalda, Be-a-triz, Ângela,
Ricardo, Jo-a-quim, caneta, esperto, difícil, cozinha, professor, cadeira ….)
Polissílabos (Ex: la-pi-sei-ra,
Vitorino, Sebastião, jardineiro, companheiro, infelizmente,
in-ves-ti-ga-ção …)
Nota: Estudar no manual
de Gramática
:
1-Regras
da translineação:
Ex. car-ro, cor-rente, pos-suir, rec-tângulo, trans-cendente egíp-cio,
op-ção, op-tar, oc-tos-sílabo, fac-cioso…
Sinais
de pontuação:
ponto (final) .
vírgula,
dois
pontos :
ponto e vírgula ;
ponto de exclamação !
ponto de interrogação ?
reticências …
travessão –
Semântica: ( significado dos
signos linguísticos < gr. Sema=
sentido):
Estudar as funções dos sinais de pontuação
no discurso, segundo as
Funções da linguagem
– emotiva ou expressiva (subjectiva, centrada
no emissor - eu/nós): Ex.: Que chatice, ter de estudar!
Oxalá chovessem os euros sobre nós! Sou todo teu! Gosto desse teu corte de
cabelo! Estamos tramados! Ai de mim! Ai de vocês!
-Apelativa ou expressiva (centrada no receptor:
tu/vós): Ex: Não tires os ovos dos ninhos, nem ponhas lixo na praia.
Lavem os dentes depois de comer. Faz o bem, não olhes a quem. Direita, volver!
Em frente! Marche!
- Informativa ou denotativa (centrada no referente:
ele/s): Ex. - Hoje as marés estavam vivas. Os surfistas fartaram-se de
dar voltas nas suas pranchas. Em 1 de Dezembro de 1640 deu-se a Restauração da
independência portuguesa. O país está em crise.
-Função fática: centrada no canal
de comunicação – Ex: Percebeste? Ouviste?; – Ao telefone:
Alô! Está lá?; (Fala do taxista,
para a empresa de táxis): Pronto! …
- Função
poética (Centrada na mensagem, causando o prazer estético).
Uso de figuras de estilo várias, na criação
do estilo (Função poética):
- Comparações, metáforas, hipérboles,
hipálages, perífrases, antíteses, processos de ironia -o discurso ambíguo -
personificações, eufemismos… Inversões, paralelismos, anáforas….
(Procurar no Manual de Gramática – ou na
Internet - as diferentes figuras de estilo e as funções de cada uma para a
aquisição gradual da percepção do estilo, com exercícios de paulatina criação
literária, ou de descoberta em eventuais autores ….)
- função metalinguística (centrada na própria linguagem)
Ex: Frases do
tipo: Matilha é um nome colectivo. O sujeito da oração forma o
grupo nominal. Os advérbios são palavras invariáveis que modificam o sentido
dos verbos, adjectivos e advérbios. Fizestes é a 1ª pessoa do singular do
pretérito perfeito do indicativo na 2ª pessoa do plural.
Anotações:
Os dicionários são os manuais mais ricos em metalinguagem
…
Cada ofício ou arte tem a sua própria metalinguagem.
As funções da linguagem têm, pois, a ver
com os
Elementos de comunicação:
Emissor,
Receptor, Mensagem, Canal de comunicação (ar, electricidade,
sinais de fogo, toque de sinos / sinetas, tambor…) Referente ou Contexto,
Código (veículo de comunicação).
E com os
Níveis de língua:
I-
-Língua Cuidada, Culta
- Língua Literária e Poética
- Linguagem Técnica e Científica
II
Língua Comum : Norma
ou padrão
(A usada, de compreensão fácil. Ex. na sala
de aula…)
III
Língua Familiar
Língua Popular
(Gíria, Calão, Regionalismos)
Acentuação das palavras:
1-
Os acentos:
1.1- Tónicos:
Sílaba tónica (sobre a
qual recai o acento tónico, o acento de tom, de força).
Sílabas átonas:
- pretónicas (Ex: auxiliar, despistagem,
desmistificação
- postónicas: tráfego,
despistagem, cúpula,
faccioso
1.2- Gráficos: - Agudo (´), grave
(`), circunflexo (^). O til (~).e o acento grave (`)
são apenas sinais diacríticos. Servem ou para nasalar e (irmã), ou para
indicar vogal aberta: (à, p’r’ò)
Classificação das
palavras quanto à acentuação
Segundo a posição
da sílaba tónica, as palavras
dividem-se em:
1 - Agudas (acento tónico na última sílaba):
(Ex: anel,
café, especial, fabricar, sacudir, Sebastião , Luís
, Artur, João, Inês, Beatriz, Joaquim, português,
alguém, cão, capitães, funil, funis…..)
2--Graves
(acento
tónico na penúltima sílaba)
(Ex: casa,
cadeira, livro, Ricardo, Paula, Mafalda, Bruno,
Vitorino, alegria, tristeza, crueldade, pandeireta,
flauta, fértil, saudável, terrível, simples,
felizmente, piano, panela, ambiguidade ….):
3- Esdrúxulas: (acento na
antepenúltima sílaba). (Regra: São todas acentuadas graficamente):
(Ex: Ângela,
Cândido, próximo, pêssego, sílaba, máximo, déspota,
claríssimo, extraordinário, água, péssimo……..)
Algumas
regras de acentuação gráfica das palavras
1-Acentuam-se
(graficamente) as palavras agudas terminadas em a, e,
o, (seguidos ou não de s) e em em ou ens com
mais de uma sílaba:
Exs: - chá, papá(s), maná,
jacarandá, jacaré(s), café, pé, fé, Inês,
avó, avô …
- alguém,
contém, retém, entretém, sustém (Cf. tem, 1 sílaba),
convém, provém, sobrevém,
(Cf. vem, 1 sílaba.), armazém, vinténs, desdém,
desdéns, também, ninguém…
2- Acentuam-se (graficamente) as palavras graves terminadas
em l, n, r, x, ditongo oral ou nasal, em vogal nasal ã, em i, u, seguidos
ou não de s:
Exs
de
palavras graves terminadas em:
l e ditongo oral: fácil, fáceis, difícil,
difíceis, amável, amáveis, saudável, saudáveis….
n: hífen, íman, hímen,
alúmen
r: carácter, cadáver
x:
córtex, sílex, cóccix
ditongo
nasal: órgão (s), órfão (s)
vogal nasal: órfã(s)
vogal i(s): lápis, júri(s),
vogal u (s) oral: lótus, húmus
vogal u(s) nasal: fórum, fóruns
1- Acentuam-se
(graficamente) todas as palavras esdrúxulas:
Ex.:
sílaba, monossilábicas, âmbito, época, pêssego,
bêbedo, ênfase, polissílabo, límpido, cópia,
côncavo, fúlgido, esdrúxulo, cúmplice.
2-
Outros casos de
acentuação gráfica:
Ex:
para distinguir duas vogais que não formam ditongo (diérese):
Ex.pais (sinérese / ditongo, 1 sílaba)
– país (diérese: pa-ís, 2 sílabas); saia (sa-í-a, trissílabo) ;
ai , aí (a-í); mau (monossílabo), baú (ba-ú, dissílabo).
Exceptuam-se
as vogais nasais (em diérese) in/im de ainda e Coimbra,
não acentuadas graficamente, embora formando diérese: a-in-da, Co-im-bra.
3-
Uso do acento grave:
São
poucos os casos do uso do acento grave;
-
Em caso de crase (fusão de duas vogais da mesma espécie: a+a):
Preposição a+ artigo definido
feminino do singular e do plural a(s) > à, às:
Ex: Vou à (a+ a) cozinha, que
está às (a+as) moscas..
(No
caso do artigo definido masculino o(s) dá-se uma contracção: ao(s).
Preposição a + demonstrativo
aquele, aquela, aquelas, aquilo, aqueloutro:
Ex:
Disse àquele “gajo” (nível calão), que fosse àquela (a+aquela) escola
aprender como se fala. Será que no seu discurso ele fez referência àquilo (a+aquilo)
de que falámos? Não se referiu a esse assunto mas àqueloutro (a+
aqueloutro) / àquele) que um amigo lhe transmitiu. Os vestidos servem àquelas
(a+ aquelas) moças, e os calções àqueles (a+ aqueles)
moços.
Outros
casos:
Interjeição àgora!; para o: p’r’ò, caspitè!, Salvè!
Os Valores semânticos:
Casos de semelhança
fónica de palavras
Homonímia, Paronímia,
Homofonia, Homografia
Homo (= o mesmo)
Ónima (= nome)
Paro (=parecido, paralelo,
semelhante)
Grafê (=escrita)
Homónimas (palavras com o mesmo nome e pronúncia e sentidos
diferentes) – Casos de polissemia (sentidos diferentes da mesma
palavra): Ex: canto (nome, verbo), parto (nome, verbo), sede
(nome, verbo) como (verbo, conjunção), falha (nome, verbo), manga
(verbo, nomes), vão (nome, adj, vb), são (adj., vb.) , vista
(verbo e nomes)
Homógrafas (o mesmo nome, pronúncias e significados diferentes):
Ex: estrela (nome, e fechado), estrela (verbo, e aberto); deste(ê)/
deste(é); este (ê)/este(é); coro (ô), coro
(ó); choro(ô), choro (ó), apelo
(ê)/ apelo (é)…
Homófonas (o
mesmo som, grafias e sentidos diferentes): coser, cozer; conselho,
concelho; assento, acento; xeque, cheque; emigrante,
imigrante; maça, massa, caça, cassa, lasso,
laço…
Parónimas (semelhança de sons): cumprimento, comprimento;
prefeito / perfeito, descrição / discrição, descriminar,
discriminar…
Outros
Casos semânticos:
ligados
ao sentido das palavras (signos):
Sinonímia : (equivalência de
sentidos): Ex de sinónimos: belo
= bonito, lindo, formoso; perspicácia = esperteza; querido
= amado; agradável = aprazível; coragem = valentia; parceiro = companheiro, assemelhar-se = parecer-se…
Antonímia: (oposição de sentidos):
Ex. de antónimos: belo- feio; beleza-fealdade; grande – pequeno;
grandeza – pequenez; largo – estreito,
grosso – fino; gordura-magreza; engordar – emagrecer; esticar-encolher;
máximo-mínimo; superior-inferior; andar-parar; egoísmo-altruísmo; pasmaceira,
calma, tranquilidade, sossego – desassossego, agitação, turbulência;
paz-guerra; amar- odiar; sabedoria- ignorância; egoísmo- altruísmo……
Mesmos
Campos semânticos:
Hiperónimos (sentido mais lato:
< gr. Hiper=super, superior)
Hipónimos (sentido mais
restrito: < gr. Hipo= infra, inferior):
Ex:
COR é hiperónimo de azul; AZUL é hipónimo de
cor…
Outros
exemplos
1- hiperonímia / 2- hiponímia:
1-Carros
2-Lancia, tractor, BMW…..
1-Árvores
2-laranjeira, bananeira, pessegueiro,
faia…
Denotação
e Conotação:
Denotação: uso da palavra
no seu sentido próprio : Ex: A flor do craveiro
chama-se cravo
Conotação: uso da palavra em
sentido figurado: Ex.:- Vem cá, minha flor!
Ortografia
(< orthos:
direito, correcto; grafia, escrita).
O estudo da Gramática ensina a escrever (e falar)
correctamente uma língua, respeitando as normas dessa escrita, e os sinais de
pontuação.
No Dicionário encontram-se os significados de todos os
termos da língua, com indicações gramaticais referentes à sua estrutura
morfológica e por vezes fonética (de pronúncia), e os diversos valores
semânticos.
II- Morfologia
Morphê significa forma,
em grego. A Morfologia trata da forma e flexões das
palavras, no caso da Gramática.
(A
palavra morfologia é polissémica, aplica-se a diversidade de
casos:
Ex: A morfologia daquele corpo, daquele
terreno, daquela pintura, da ilha…)
Morfemas são unidades
mínimas lexicais ou gramaticais portadoras de sentido:
morfemas
lexicais (lexemas): parte da palavra portadora de
sentido: felizmente (mente morfema gramatical que
transforma o adjectivo em advérbio)…
morfemas gramaticais: s do plural, a do
feminino, desinências e características verbais, afixos (prefixos, infixos,
sufixos)…
A
Flexão das palavras:
As
palavras portuguesas podem ser variáveis (ou flexíveis) e invariáveis
(ou inflexíveis):
Palavras Variáveis em:
Género :
Masculino e Feminino:
(Consultar
as regras de formação do feminino)
Variam em género as seguintes classes de palavras: determinantes, nomes,
adjectivos, pronomes, numerais,
verbos (part. passado).
Ex.: o/a, um/uma,
aquele/aquela; o nosso/a nossa; amigo/amiga, pai/mãe, professor/professora,
barão/baronesa, carneiro/ovelha; cavalo/égua; estudioso/estudiosa (adjectivo biforme), dois/duas,
terceiro/a. Verbos: A jarra foi oferecida / o cartaz é destinado
à eleição).
Número:
Singular e Plural
(Consultar
as regras de formação do plural):
Variam em número as seguintes classes de
palavras: determinantes,
nomes, adjectivos, pronomes, numerais, verbos
Ex: o(s), um/uns, meu(s), esse(s),
faca(s), mulher(es), homem(mens), pão(/ães), melão(/ões), irmão(/ãos), sagaz
(/zes), professor (/res), país, países,
plural(/rais), bom, bons, sagaz(es), difícil(ceis), azul(uis), este(s),
primeiro(s) passeio/passeamos, fará/farão …….
Grau:
Variam em grau: os nomes e os adjectivos
Nomes:
-
grau aumentativo : ( sufixos indicando grandeza, desprezo, ironia…): Ex:
canzarrão, mulheraça, valentaço, matulão…)
-
grau diminutivo: (sufixos indicando pequenez, ternura (sufixos
hipocorísticos), ironia, desdém ):
Ex: rapazinho, meu pequenino, vens muito limpinho!
(por ironia = sujo). As “boquinhas” … do Garrett (Ver em
adjectivação.…
Adjectivos: (indicam características, qualidades
dos nomes):
feliz, pobre, fácil, poderoso, antipático ,
amarelo, esguio, duro, macio…
Variação dos adjectivos
em grau:
Grau normal. (Ex. feliz,
esquisito, vulnerável, sujo, limpo …….)
Grau
comparativo
(
estabelece comparação entre dois ou mais seres):
(Com os advérbios mais, menos, tão precedendo o adjectivo,
as conjunções que, (do) que, como, seguindo-o):
- de superioridade: mais feliz (do) que
- de inferioridade: menos feliz (do) que
- de igualdade): tão feliz como
Grau superlativo (grau de valor supremo):
1- absoluto (sem confronto:
1.1-sintético (com sufixos);
felicíssimo, dificílimo,
acérrimo (adj. acre)
(O sufixo íssimo é o mais
comum: excelentíssimo, graciosíssimas, estreitíssimo…
1.2-analítico:
(Com o advérbio muito precedendo o adjectivo):
Ex: muito triste (= tristíssimo), muito sólida (=
solidíssima), muito valioso (= valiosíssimo), muito pobre
(= pobríssimo ou paupérrimo).
2 - relativo (relativamente a um
conjunto ou grupo):
(os advérbios mais ou menos são
precedidos de artigos definidos):
-
de superioridade : o (a, os, as) mais alegre(s)
- de inferioridade: o (a, os,
as) menos esforçado(s).
Os adjectivos também podem variar em grau
de grandeza, (implicando conotações diversas : aumentativo e diminutivo:
Ex: Uma menina tão perfeitinha!
As couves são tenrinhas. (Garrett; “Há umas certas boquinhas gravezinhas e espremidinhas pela doutorice que são a mais aborrecidinha
coisa e a mais pequinha ….(diminutivo)
Que rapaz paspalhão,
grandalhão, sabichão! É um sabidola!! Um valentão! (aumentativo).
Pessoa
1- As
Pessoas são três:
1ª - A(s) pessoa(s) que fala(m): eu, nós
2ª - A(s) pessoa(s) com quem se fala- tu, vós, você, vocês
3ª – As pessoas de quem ou aquilo de que se
fala: ele, ela, eles, elas, isto, aquilo…
- Variam
em pessoa as seguintes classes de palavras:
-
determinantes possessivos, demonstrativos, pronomes pessoais, possessivos,
demonstrativos, verbos.
Nota: (Distinguir entre o determinante
possessivo, demonstrativo, (precede o nome)- e o pronome
-substitui o nome):
Ex: Este (próximo de mim, 1ª pessoa, determinante
demonstrativo) - rapaz tem mais juízo do que aquele (3ª
pessoa) (pronome demonstrativo) (rapaz
subentendido)
O meu / o nosso ( de mim, de nós,
1ª pessoa, determinantes possessivos) lenço é mais vistoso que o
teu / o vosso (pronomes possessivos, 2ª pessoa (lenço
subentendido)).
Modo
- Variam em modo: os verbos.
Modos e implicações semânticas:
Indicativo – Exprime uma
acção que se realiza (ou não), realizou ou realizará:
Ex: (não) faço, fiz, fazia, farei… estudo, não estudava
Conjuntivo- Exprime uma acção
ainda não realizada, irreal ou hipotética: Quero que (não) faças, se
eu (não) fizesse, quando eu fizer… Faço isto por ti para que saibas
que…
Condicional: Exprime uma acção
dependente de uma condição: Ex: Eu faria se pudesse…
Há quem o considere como tempo verbal do modo indicativo
(como futuro do pretérito) : Ex: Eu nunca seria capaz de tapar
o sol com a peneira.
Ou em caso de substituição pelo pretérito imperfeito do
indicativo: Ex: Eu gostaria (= gostava) de te dar
uma boneca.
Imperativo: Exprime uma ordem,
um conselho, um apelo: Ex: Não apanhes sol; Façam favor de
ser felizes; Faz o bem não olhes a quem
Infinitivo: Modo impessoal,
exprime uma acção ou estado sem vinculação a tempo, modo ou pessoa. Todavia, a Gramática
Portuguesa admite o infinitivo pessoal: (comer eu, comeres tu, comer
ele, comermos nós comerdes vós, comerem eles): Ex: Este livro de
receitas é para aprenderes a cozinhar. Treinem até poderem
(Se não puderem… (futuro do conjuntivo)
Os
verbos portugueses têm ainda o gerúndio e o particípio passado,
com função adjectiva ou circunstancial.
Tempo:
-
Variam em tempo : os verbos.
Notas
prévias:
1- Segundo manutenção ou
não do radical, ao longo da conjugação, os verbos dividem-se em:
1.1 - regulares (mantêm o
mesmo radical em toda a conjugação: falava, temesse, partirei
1.2 – irregulares, não
mantêm o mesmo radical em toda a conjugação: dou, dás, dê; quero, quis, queira; vou, ia,
fui; tenho, tive, tido, terei; sou, era, fui, foste; posso, podes, pude; trago,
trazes, trouxe, trarei; digo, dizes, disse, direi; faço, fazia, fizer, farei,
escrever, escrito….
2 – Segundo
a conjugação, os
verbos dividem-se em verbos de 1ª, 2ª, 3ª conjugações:
- 1ª conjugação: Verbos de infinitivo
em ar: lavar, dar, planear,
passear (a: vogal temática, ou do radical)
- 2ª conjugação: Verbos de infinitivo
em er:
temer, querer, ter, ser, haver, saber, dizer, trazer, poder, querer… e:
vogal temática, ou do radical)
Pertence também à 2ª conjugação o verbo pôr (ponere
)
e seus compostos: repor, supor, compor, dispor, transpor, sobrepor,
antepor, predispor, indispor, contrapor, propor, interpor, expor…):
- 3ª conjugação: de infinitivo em ir: partir,
ir, vir, reflectir, fugir, sair, intervir…. i: vogal temática, ou do radical)
Nota:
Supletivismo temático dos verbos:
Os
verbos ser e ir são os mais irregulares, porque as suas
formas verbais resultam de diferentes étimos verbais latinos:
Ser:
- Ser,
sendo, sou, sejamos, sede, serei (origem no verbo latino sedere);
-És, é, eras , eram (< do infinitivo latino esse)
- Fui, fomos, fora, fosse, forem (< do infinitivo
latino fore)
Ir:
- Ir, ides, iam, irei, iríamos, irdes ( < do
lt. ire)
- Vou, vamos, vá, vades, vão, vai (< do lt. vadere)
- Fui, fora, fosse, for (< de fore)
Os Tempos verbais:
1- Da
acção presente:
Presente, (do indicativo,
do conjuntivo, do imperativo, do infinitivo):
Ex. de Pr. Ind. e conj.: lavo/ lave,
passeio/ passeie, come/ coma, diz/ diga, (vós) não ides/ que vós vades, eles
vêm/ que eles venham.
Ex. de imperativo: diz(tu) dizei (vós), diga(m) (você(s),
não tenhais medo…
Ex. de Infinitivo presente ser(eu), seres, ser,
sermos, serdes, serem. (Ex- “Para seres grande, sê inteiro”)
- Casos de
excepção à terminação am (ditongo ão) da 3ª pessoa do plural do pres.
ind. (cf.
amam, estudam) ou outras formas verbais: estudavam,
teriam, fizeram, façam, sejam…):
Terminam em ão
as formas do presente do indicativo:
são (ser), estão (estar), hão
(haver), dão (dar), vão (ir).
- Característica do presente do
conjuntivo:
1 - Verbos da 1ª conjugação (inf. em –ar): característica e:
Ex.: limpe, limpes,
limpe, limpemos, limpeis, limpem.) (limpar)
- Desinências do presente do
indicativo e do presente do conjuntivo:
-, s, -, mos, -is, m
2 - Verbos da 2ª (inf. em -er)
e da 3ª conjugação (inf. em -ir): característica: a.
Ex.: coma, comas,
coma, comamos, comais, comam (comer);
parta,
partas, parta, partamos, partais, partam (partir)
Exs. Do pres. conj. dos verbos Irregulares: passeie,
passeemos, passeeis (passear), anseies, ansiemos,
ansieis (ansiar) faça, façamos, façais
(fazer), possa, possamos, possais (poder),
queira, queiramos, queirais (querer), traga,
tragamos, tragais, (trazer), Cf. tragar, 1ª conj.) - Trague, traguemos,
tragueis) - diga, digamos, digais (dizer), leia,
leiamos, leiais (ler), escrevas, escrevamos,
escrevais (escrever); cubra, cubramos, cubrais
(cobrir), - (cf. cobre, cobremos, cobreis
(cobrar) - va, vades
(ir), venha, venhamos, venhais (vir).
(Consultar a Gramática da flexão verbal)
Nota: O imperativo
negativo (e a 1ª pes. pl.e as formas referentes a você, vocês)
constroem-se com as respectivas pessoas do presente do conjuntivo: Ex. Estuda
(tu), estudai (vós), estudemos, estude (você), estudem (vocês); não
estudes, não estudemos, não estudeis, não estude(m) (você(s). Faz, fazei,
façamos, faça, faça(m / não faças, não façais, não façamos, não faça(m)
(você(s); vem, vinde, venhamos, venha, venham, não venhas; intervém, intervinde,
não intervenhas, não intervenhais (vós), vai, ide, vamos, não vás, não
vão, não vades…
1
- Da acção passada:
Pretéritos (imperfeito,
perfeito, mais que perfeito – do indicativo e do
conjuntivo; do infinitivo ( perfeito = passado).
Notas: Significado e diferentes valores do pretérito:
-pretérito perfeito: de acção
passada, perfeita, acabada:
Ex: Tive ontem um teste de Matemática. No domingo comemorou-se
o 5 de Outubro de 1910.
-Desinências do perfeito: -i, -ste, -u,
-mos, -stes, -ram:
Ex.: Verbos regulares: danc(e)i,
danç(a)ste, dançou, dançámos, dançastes, dançaram;
comi, comeste, comeu, comemos, comestes
comeram; parti, part(i)ste, partiu, partimos,
partistes, partiram.
Ex.: Verbos Irregulares: tive…; fui…; disse…;
fiz…; pude…, quis, trouxe, vim (vir), vi (ver), soube, disse……
(Consultar a Gramática)
- pretérito imperfeito: de acção
passada, contínua, por vezes concomitante com outra também passada: Ex: Ele
brincava muito no jardim de infância. Quando andava de
bicicleta, caiu e partiu a tíbia.
- Característica (distingue o tempo)
do Pretérito imperfeito do indicativo: -(a)va, (verbos de inf. em
-ar); -ia (verbos de inf.
em -er, -ir):
Ex.: amava, comia, partia
(Excepções, verbos irregulares: era
(ser), tinha (ter) e compostos – reter, conter, suster, manter -
retinha, continha, sustinha, mantinha); punha (pôr) e seus compostos: repor,
dispor, compor, recompor, supor, impor, propor, antepor, pospor, propor:
repunha, compunha, recompunha, supunha, impunha, propunha, antepunha, pospunha,
propunha)
-Desinências pessoais (distinguem
as pessoas gramaticais) do imperfeito do indicativo:
-, s, -, mos, (e)is, (e)m.
Ex. (infin. em ar): cantava, cantavas,
cantava cantávamos, cantáv(e)is, cantavam;
(infin. em er e em ir):
ia, ias, ia, íamos, íeis, iam
Característica do Pretérito imperfeito do
conjuntivo
sse: (a)sse, -(e)sse- (i)sse:
cantasse, comesse, partisse ; fizesse, saísse, dissesse,
houvesse, trouxesse, pudesse, pusesse, quisesse,
visse (ver),
viesse (vir) . (a, e, i, vogais temáticas ou do radical)
-Desinências pessoais do pretérito imperfeito do
conjuntivo:
-, s, -, mos, (e)is, (e)m.
Estiv(e)sse,
estivesses, estivesse, estivéssemos, estivésseis,
estivessem
- Pretérito-mais-que-perfeito:
-Exprime uma acção passada, anterior a outra
também passada mas mais próxima da acção.
Ex: Quando cheguei (acção – no pretérito
perfeito - de um passado mais próximo), tu já tinhas saído
(passado mais antigo – pretérito-mais-que-perfeito).
Característica do pretérito-mais-que-perfeito
simples
do modo indicativo: -ra
-:
Ex.: lavara, perdera,
fora, fizera, lera, quisera, pudera, viera, interviera,
(vir, intervir), vira, entrevira (ver, entrever), estivera ,
…..
Desinências pessoais do pretérito mais que
perfeito simples:
-, s, -, mos, (e) is, m:
Ex.: escrevera, escreveras,
escrevera, escrevêramos, escrevêreis, escreveram
Pretérito-mais-que-perfeito composto:
- do modo indicativo:
Forma-se com o pretérito imperfeito do ind.
verbo ter( / haver) + particípio passado do verbo
principal:
Ex.: tinha escrito,(sido, escutado, podido,
visto….,) (havia querido)…
- do modo conjuntivo:
Forma-se com o pretérito imperfeito do conj.
verbo ter (/haver)+ particípio passado do verbo principal)
Ex: tivesse feito, (lido, estado, podido, trazido)…. (houvesse
ele querido, teria conseguido= tivesse ele querido…)
Nota:
Pertencem ao radical (à raiz) do pretérito
(passado) os tempos verbais:
-Pretérito perfeito do indicativo: amei
(amaste), comeste, saíste, tive, soube, fui
(foste), pude, quis, trouxe, li (leste), houve,
fiz (fizeste):
-
Pretérito-mais-que-perfeito simples do indicativo: amara,
comera, saíra, tivera, soubera, fora,
pudera, quisera, trouxera, lera, houvera, fizera)
-Pretérito
imperfeito do conjuntivo: amasse, comesse, saísse,
tivesse, soubesse, fosse, pudesse, quisesse,
trouxesse, lesse, houvesse, fizesse
-
Futuro
do conjuntivo:
amar,
comer, sair, tiver, souber, for, puder,
quiser, trouxer, ler, houver, fizer (a seguir) ->
Futuro:
Formação:
Futuro simples do modo indicativo:
Forma-se com o Infinito do verbo + -ei, -ás,-á,
-emos -eis –ão (< do verbo haver: hei, hás, há, hemos, heis, hão):
ser+ei, partir+emos, poder+eis, far
(forma sincopada de fazer)+ão, inspirar+ás…….
Ex.: Mandar/ei, mandar/ás, mandar/á,
mandar/emos, mandar/eis, mandar/ão
Excepções : (formas sincopadas
dos verbos di(ze)r, fa(ze)r, tra(ze)r: dir-, trar- far-: direi,
farei, trarei.
Futuro simples do conjuntivo:
Característica : r
Desinências: -, s, - mos, des, (e)m
Ex:
- Verbos regulares: terminar, terminares,
terminar, terminarmos, terminardes, terminarem; comer,
comeres comer, comermos, comerdes, comerem; partir partires, partir partirmos,
partirdes partirem (a, e, i – vogais temáticas)
- Verbos irregulares:
Fizer (fazer) souber (saber), quiser (querer), puder (poder) vier(vir),
vir (ver), for (ir)…
Ex.: Trazer: (se, quando, eu) trouxer, trouxeres,
trouxer, trouxermos, trouxerdes, trouxerem…..
Ex: “Se fores a S. Francisco, leva flores
no teu cabelo…”
Futuro Composto:(acção futura, anterior a outra
também futura) :
Do indicativo: terei sido
Formação:(auxiliar ter no futuro ind.+
particípio passado do verbo principal):
(Quando ocorrer o evento…) terei feito, terás
dito, terá podido, teremos deslizado, tereis escrito, terão ido…)
Ex.: Já teremos comido (acção
anterior) o pudim, quando vocês chegarem (acção posterior)
Do conjuntivo: tiver sido… (acção anterior)
(Futuro do passado)
Formação: - auxiliar ter no futuro conj.+
particípio passado do verbo principal) : tiver, tiveres, tiver, tivermos
tiverdes, tiverem (limpo, descrito, manipulado, dito, visto, vindo, podido…)
Ex.: Só obterás (acção posterior) bons resultados
quando tiveres percebido (acção anterior) a matéria; quando tivermos estudado (acção anterior), poderemos ir
lanchar (acção posterior). Terás feito (acção anterior à
seguinte, também futura) um bom trabalho de análise se os resultados forem
positivos (acção posterior).
Condicional
(Modo
/ Tempo do indicativo):
Simples: verbo no infinitivo
+ ia < havia…:
Ex. ser/ia, teria, amar/ia, perderia, sentiria , faria, traria, diria, leria…..
Composto: (auxiliar no condicional + particípio passado do verbo
principal: Teria feito, terias querido, teria sido, teríamos
falado, teríeis decidido, teriam discutido…..
Infinitivo
Impessoal
(exprime a acção): beber, pescar, trabalhar, brincar,
divertir, nascer…
Pessoal:
simples: fazer(eu), fazeres tu, fazer ele/ela, fazermos nós, fazerdes
vós, fazerem eles/elas, fazerem vocês; poder, poderes, querer, quereres…. (ter
feito, termos semeado…)
Ex.: Simples: pôr, falar, ver, vir,
ir, escrever….
Composto/ passado: ter posto, ter falado,
ter visto, ter vindo, ter ido, ter escrito…
Ex: Devemos fazer o possível por andarmos
(nós) com os olhos e os ouvidos atentos à vida, para percebermos o
mundo. É possível tu comprares os elásticos para eu fazer as
pulseiras? Ser ou não ser, eis a questão.
Particípio Passado:
-Tempo verbal usado com função adjectiva:
Ex: Feitas as contas, acabado o
jantar, flores colhidas, Filhos criados, trabalhos dobrados.…
Característica do particípio passado:
-Nos verbos regulares e muitos irregulares:
(a)do, (i)do:
Exs.: sido, tido, havido
considerado, bebido, ido, podido, trazido,
sabido…
Exs.de ps.ps. irregulares: posto, vindo,
visto, feito, escrito, morto
- É usado nos tempos compostos:
Tinha dito, se tiveres feito. Tivesse eu podido……
-É usado na voz passiva e com os
verbos de significação indefinida: era sabido, foi feito
silêncio, andou perdido, permaneceu calado, está ocupado, ficou prostrado…
Nota:
Verbos com Particípios Duplos:
Há verbos que têm dois particípios,
conforme se conjugam com os verbos auxiliares ser ou estar (Formas
fortes) - ou ter (formas
fracas):
Ex.: Com ser ou estar, ficar,
permanecer, ir, vir, continuar, andar… : morto, cheio, aceso,
entregue, liberto, preso, seco…
Com
ter: matado,
enchido, acendido, entregado, libertado, prendido, secado …
Ex: A casa está entregue à
bicharada. Se o carteiro tivesse entregado toda a correspondência, teria
libertado os sacos que ficaram presos nas prateleiras e só mais
tarde foram libertos… Se tivessem acendido as lâmpadas da rua
mais tarde, elas não estariam tanto tempo acesas, nem se teria gastado
/gasto tanta luz.
Os verbos ganhar, gastar, admitem os
particípios fortes (ganho, gasto) com o auxiliar ter e os outros auxiliares:
Ele tinha ganho a consideração geral. O dinheiro foi ganho
indevidamente. Mas: «O dinheiro mal ganhado (=que foi mal ganho) água o deu
água o levou..
Gerúndio
É usado com função circunstancial:
–Ex: Vendo o pássaro, disparou (=
quando viu…); Tendo ouvido as horas, saiu (= depois de ter ouvido); Ficou
feliz, sabendo (=ao saber, quando soube, porque sabia) que não estava só.
Característica do Gerúndio: -ndo.
Vogais temáticas (pertencem à raiz do verbo): a, e/o, i
: -(a)ndo, (e)ndo, /
p(o)ndo, (-i)ndo)
Exs: passe(a)ndo,
cant(a)ndo, s(e)ndo, escrev(e)ndo, ergu(e)ndo,
sa(i)ndo, fug(i)ndo
Gerúndio composto (passado):
Formado com o gerúndio do verbo auxiliar ter/haver) +
particípio passado do verbo principal:
Ex: Tendo sabido (acção anterior)
que ela estava no ballet, foi vê-la (acção posterior).
Tempos verbais são, pois: Presentes,
Pretéritos, Futuros, Condicional, Imperativo, infinitivo (simples e composto), Gerúndio
e Particípio Passado , com função circunstancial ou adjectiva.
NOTA:
Há
também a considerar:
Verbos auxiliares:
1-
Dos tempos compostos -
- ter
- haver . O verbo haver
como auxiliar, apenas na escrita mais literária ou vernácula.
2- Da voz passiva:
- ser
3- Da conjugação perifrástica:
(aspecto
durativo da acção)
Ex:
Está a trabalhar em vez de trabalha.
Andou a maquinar, em vez de maquinou.
Está sendo
observado (perifrástica da passiva) em vez de é
observado .
-
Verbos de significação indefinida (ou incompleta):
Completam o seu
sentido com outras acções verbais – no gerúndio, no infinitivo,
no particípio passado – ou com adjectivos, ou complementos
circunstanciais.
Ex: Ser, estar, parecer, continuar, andar, ficar,
permanecer, revelar-se, tornar-se.
( Notas de Sintaxe): São chamados verbos
copulativos quando ligam a um nome predicativo do sujeito,
colocado à direita. Atribuem estado, qualidades, propriedades,
condições do sujeito:
Ex: Era rei,
estava casado, andava tresloucado, ficaria em paz,
está ali, São chamados verbos auxiliares quando são
complementados com outros no gerúndio ou no infinitivo regido de preposição:
Ex.: Ele anda escrevendo (= a escrever) uma ode à sua
musa.
Predicado de estava feliz: estava
feliz, predicativo do sujeito: feliz
Predicado de: estava escrevendo (=a
escrever) um livro: estava
escrevendo (=a escrever) um livro:
Complemento directo de escrever : um livro.
- Verbos Transitivos e Intransitivos:
(Sintaxe):
Transitivos (a acção do verbo
recai sobre algo ou algo e alguém): Perguntar ao verbo: o
quê? A quem?
1-Directos (apoiam a acção num
objecto, que tem a função sintáctica de: complemento de
objecto directo. O grupo nominal do c. dir. pode ser
substituído pelo pronome pessoal o, a, os, as
Exs: Eva comeu a
maçã (comeu-a), Sócrates bebeu a cicuta (bebeu-a).
2-Directos
e indirectos: (a acção do verbo recai sobre algo e sobre alguém
– Cs. de objecto directo e indirecto (este, regido preposição a):
Ex: Ofereceu uma pulseira à prima. Explicou a matemática ao Bruno.
O
grupo preposicional do compl. indirecto pode ser substituído pelo
pronome pessoal lhe / lhes
Ex:
Ofereceu-lhe
uma pulseira; Explicou-lhe a matemática
(Com os dois pronomes
contraídos: Ofereceu-lha, explicou-lha).
Verbos Intransitivos: Cuja acção é por
si só explícita: chorar, sofrer, rir, brincar, emagrecer, cozinhar,
chover, passear, gritar, ralhar...
Podem eventualmente tornar-se transitivos: Ex.:
Ele está a chorar. Chorou lágrimas de sangue (c. dir.). Vai passear!
Anda a passear os cãezinhos (c.d.); Quem cozinha bem, pode considerar-se
feliz. Cozinhou os legumes (c.d.) sem sal. Gritou até se cansar. Gritou impropérios
(c. d.).….
Variam em voz:
Os
verbos (transitivos, que pedem complemento directo)
(Notas
de Sintaxe):
Voz
activa: O sujeito da frase pratica a
acção expressa pelo verbo (transitivo - a acção do
verbo recai sobre um objecto):
Ex. O
leão (Suj.) comeu a presa (complem. de objecto
directo)
Voz passiva: O sujeito sofre a acção praticada pelo agente
da acção (Complemento agente da passiva, regido da
proposição por ou de), o verbo é passivo (expresso com
o auxiliar ser, no mesmo tempo e modo concordando com o novo sujeito):
Ex. A presa (suj.) foi
comida (vb. passivo) pelo leão (c. ag. pas.)
Voz activa:
Sujeito -
Verbo transitivo na voz activa - Complemento
directo
Voz passiva:
O suj. da activa (o leão)
passa a complemento agente da passiva (pelo leão) (O c. ag.
da pas. é, pois, um grupo preposicional, regido pelas preposições por
ou de)
O C. dir. act. (a presa)
passa a suj. da passiva;
O verbo leva o auxiliar ser no
mesmo tempo verbal (pret. Perf.)
Outros exs: O carteiro entregará
as cartas às meninas > As cartas serão entregues às
meninas pelo carteiro. É preciso que os meninos façam os
trabalhos com atenção > É preciso que os trabalhos sejam
feitos com atenção pelos meninos.
Nota:
Os verbos são, pois, as palavras
mais variáveis
da língua portuguesa. (Variam em voz, modo, tempo, pessoa, número e género).
Mas existem
também os verbos
defectivos (não
se conjugam em todas as formas):
1 - Pessoais (Conjugam-se apenas nas formas
arrizotónicas (em que o acento tónico não recai sobre a raiz da palavra) Ex: falir
(falimos, falis, falirei, falisse – raiz fal-…); precaver-se
(precavemo-nos, precaveis-vos, precavi-me)… - raiz: precav-)
2 -
Impessoais (sem sujeito): Ex: chover,
trovejar, nevar, haver (com o significado de existir): Ex: há, houve,
havia, haverá sacrifícios inevitáveis), nevou, chuviscava, não chovia
…
3- Unipessoais (3ª pessoas): Ex: ladrar,
zurrar…– o (s) gato(s) mia(m), a(s) rã coaxava(m) no charco…).
Ainda
a flexão das palavras
São
variáveis:
-
As
classes dos determinantes, nomes, adjectivos, pronomes, verbos.
São
invariáveis:
-As
classes das preposições, advérbios, conjunções, interjeições
AS Palavras Variáveis:
Classes
e subclasses:
1-
Determinantes:
Definição: palavra ou
morfema que se junta a um sintagma nominal
Classe
dos Determinantes:
1.1-
Predeterminante: todo(a,s),
tudo (junta-se a qualquer
outro determinante: todo o
carinho, todas estas rosas, todo um bem-estar
de apaziguamento, tudo aquilo que fizeres, todo o
meu, o nosso agrado, tudo quanto puderes…
1.2- Determinantes
artigos:
Definidos: o, a, os, as
Indefinidos: um, uma, uns, umas
1.3-Determinantes possessivos:
Um só possuidor:
1ª pessoa : meu, minha, meus,
minhas (de
mim)
2ª
pessoa
: teu, tua, teus, tuas (de ti)
3ª pessoa: seu , sua, seus,
suas
(dele, dela, de si, de você)
Mais do que um possuidor:
1ª
pessoa: nosso, nossa, nossos, nossas (de nós)
2ª pessoa: vosso, vossa,
vossos, vossas ( de vós, de vocês)
3ª pessoa: seu, sua, seus,
suas ( deles, delas, de si)
1.4- Determinantes
Demonstrativos:
Este,
esta, estes, estas; esse, essa esses
essas: aquele, aquela, aqueles, aquelas;
o outro, a outra, os outros as outras, o mesmo, a mesma, os mesmos, as mesmas,
o próprio a própria, os próprios, as próprias, tal, tais…….)
(Há
ainda os pronomes demonstrativos: isto, isso, aquilo.)
2-Determinantes Quantificadores:
2.1-Numerais:
-
Cardinais:
um, dois, três, um milhão…
- Ordinais (podem ser adjectivos, se
precedem os nomes): primeiro, segundo, décimo quinto,
vigésimo nono, quinquagésimo,
ducentésimo…
- Divisores ou partitivos: um meio, um terço. um
quinto, um décimo, um vigésimo, um centésimo…
-Multiplicativos: duplo / dobro, triplo,
quádruplo, quíntuplo, sêxtuplo, séptuplo, óctuplo, nónuplo, décuplo, undécuplo,
duodécuplo, cêntuplo.
-Distributivos: ambos
2.2-
Extensivos ou Indefinidos: Algum, nenhum, todo, outro, certo,
um, muito, pouco, cada um, qual, qualquer,
mais, menos, demais , vário….
- (E
os pronomes indefinidos invariáveis: algo, alguém, se,
nada, ninguém, tudo…)
Nota:
O «se» como pronome indefinido:
Caso de «diz-se», «pensa-se», “vive-se”, “come-se” com sujeito indeterminado,
indefinido: alguém diz, alguém come… (Corresponde ao indefinido «on» francês (
< lat. “homo”, homem): «on dit»= l’homme dit.
No
caso de verbos transitivos, o se, que se confunde com o pronome
pessoal reflexo e simultaneamente com conotação indefinida,
funciona como partícula apassivante: “vendem-se livros”
baratos -> livros são vendidos
baratos, “Aqui bebem-se bons vinhos” -> Bons vinhos são bebidos
aqui , “Faz-se muita batota” - > muita batota é feita, o
complemento directo - posposto, passando
a sujeito da passiva, o sujeito indefinido, não sendo relevante -> alguém
vende, alguém bebe, alguém faz batota.
3-Classe dos determinantes interrogativos/exclamativos e relativos:
Relativos: cujo, quanto, qual, quais:
Ex: O homem cujo segredo ninguém decifrou, morreu ontem. Quanto do
teu sal são lágrimas; a qual figura, me pareceu bem sinistra.
Interrogativos: quanto? Qual?
Quais?:Ex: Quanto peso tem o bacalhau? Quais são as partes do texto? Quanta
presunção!
Nota:
Distinguir
entre pronome e determinante possessivo, demonstrativo, indefinido, etc:
- O pronome substitui o
nome: (pro
nome)
- O determinante acompanha o nome:
Exs.:
O teu (determinante possessivo) gato é mais peludo que o meu (pronome
possessivo, subentende gato.).
Não
sei quais lápis preferes (determinante relativo) . Quais queres? (pronome interrogativo).
Estes (determinante
demonstrativo)
meninos são uns brincalhões, aqueles (pronome
demonstrativo) estão mais ajuizados. Alguns/vários (determinante
indefinido) garotos brincam no pátio, nenhum (pronome indefinido
) está a assoar-se.
\
Classe dos Nomes:
1-Próprios: (escritos com
maiúscula): Lisboa, Brasil, Bruno, Catarina,
Deus…
2-Comuns:
-
Concretos:
pão, vinho, borracha, açucareiro, panda, candeeiro…
-Abstractos (designam acções,
qualidades, estados): amizade, casamento, êxtase, alegria, tristeza,
dedicação, enfermidade, saúde, comedimento, experiência, regozijo, apatia,
largura….,
3-Colectivos (no singular indicam
uma pluralidade): exército, cardume, matilha, enxame, pomar,
laranjal, mata, bando, esquadrilha, floresta, arquipélago, tropa, alcateia….
Classe
dos Adjectivos (qualificam os nomes):
Exs.: esbelto, folclórico, azul, estreito,
estudioso, delicado, sincero, róseo, grande…
Nota: Ver acima os
graus dos adjectivos.
Casos de excepção nos
graus dos adjectivos (Formas sintéticas):
Adjectivo------------Comparativo----------------------Superlativo
Bom………………….Melhor…………………..Óptimo.(/Boníssimo)
Mau………………… Pior …………………..Péssimo (/Malíssimo)
Alto …………………
Superior ………...Supremo (/Sumo) (/Altíssimo)
Baixo ………………
Inferior……...Ínfimo, ínfero, inferno (baixíssimo)
Grande…………….. Maior…………………….Máximo (/grandíssimo)
Pequeno…………… Menor………………….Mínimo (/ pequeníssimo)
Nota:
As formas sintéticas, - superior, supremo, sumo, inferior, ínfimo, menor,
mínimo – são usadas em referentes de maior abstracção ou espiritualidade:
Diz-se:
menor índice de rendimento, mas a mais pequena das crianças; Sumo
Pontífice (=Supremo, altíssimo), suma bondade, ele é altíssimo.
Ele é o mais baixo, e tem um comportamento inferior…. O nome ”Inferno”
significa o lugar mais baixo, derivou do adjectivo latino infernus, superlativo absoluto
sintético de baixo (caso de derivação imprópria, por mudança de
categoria gramatical)..Mas diz-se “Uma grandessíssima (em calão) asneira, tramóia…)…
Classe
dos pronomes:
Subclasses:
- Possessivos,
demonstrativos, indefinidos
Nota:
Ver determinantes e distinguir entre pronome
e determinante.
Ver ainda o caso dos pronomes
demonstrativos invariáveis (isto, isso, aquilo), e os
indefinidos invariáveis (algo, alguém, outrem, ninguém….
- Relativos:
determinantes cujo, cuja, cujos cujas; quanto, quanta, quantos quantas ;
qual, quais (Ver exemplos nos determinantes) e pronomes
invariáveis : que, quem, onde.
Ex. : Que
tem a função de sujeito da oração relativa: Ex: O pássaro que
está em cima da árvore, fugiu da pontaria do caçador.
Que tem a função de
complemento directo da oração relativa.
Ex. O
pássaro que
o caçador visou, estava em cima da árvore.
Quem tem função de sujeito: Quem bateu à porta foi
o carteiro.
Quem regido de
preposições, com várias funções sintácticas: a quem, com quem, de quem, por quem, para
quem, sobre quem, ante quem, em quem…
Onde,
função circunstancial ou adverbial (de lugar) da oração
relativa: Ex: A casinha onde a Branca de Neve foi parar, pertencia
aos Sete Anõezinhos.
Interrogativos
:
Ver determinantes (variáveis):
quanto, qual, e os pronomes invariáveis que, quem:
Ex: Quem
disse isso? (Sujeito). Outras
funções sintácticas: A quem, com quem, de quem, para quem?...
(c.dir.): Que queres? Que
dizem vocês? (c. dir.) Que é isso? (nome predicativo do
sujeito)…
Pronomes PESSOAIS
Sujeito Complementos
Singular
1ª Pessoa eu me, mim, comigo
2ª
Pessoa tu/você te, ti, contigo (se, si,
consigo, com você)
3ª Pessoa
m.
ele se, si, consigo, o, lhe, ele
f. ela a,
ela
Plural
1ª Pessoa nós nos, connosco, nós (com preposições)
2ª Pessoa vós/vocês vos, convosco, vós / vocês
(com prep.)
3ª Pessoa m. eles se, si, consigo, os, lhes,
eles consigo prep.)
f. elas as elas (com prep.)
Anotações:
Conjugação
reflexa:
1-Pronomes
reflexos: me, te, se, nos vos, se
1.1- Colocados antes ou depois do verbo:
-
Nas frases negativas e nas circunstanciais, os pronomes antecedem o
verbo:
Ex: Gabo-me/ não
me gabo, vestes-te, não te vestes, se ele se atirar
à água, quando nós nos compenetrarmos,
vós penteastes-vos / vocês pentearam-se
1.2-Colocados entre os dois morfemas do futuro
e do condicional:(por tmese): lavar-me-ei, lavar-te-ás,
esfregar-se-ia , despedir-nos-íamos, suicidar-se-iam,
calar-se-ão…
O
mesmo acontece na conjugação pronominal, com os pronomes me, te, o, lhe,
nos, vos, lhes, colocados antes ou depois do verbo, ou no meio, por tmese:
Ex.: Diz-me, não me
digas; ele fez-lhe, não lhe faças, far-lhe-ei, quando vos disser.
Se te dissesse, nunca mais te calarias, mas preferes odiá-lo…
1.3-Futuro
e Condicional pronominais, no mesmo processo de tmese (intercalação do
pronome o, a, os, as (lo, la, lo, las)
entre os morfemas do infinito e os das desinências do futuro ei, ás á, emos
eis ão, ou do condicional:
Exs: fá-lo-ei, di-lo-ás,
trá-lo-á, comê-lo-emos, bebê-lo-eis- parti-lo-ão:
Sabê-lo-ia, escrevê-lo-ias, lê-lo-ia,
vê-la-íamos, escutá-los-íeis, tê-las-iam.
Regra: os pronomes complemento o, a, os,
as, passam a lo, la, los, las, depois de r, s ou z
(por assimilação total regressiva, o l de lo, assimilando o r,
s, z):
Ex: dizer > dizê-lo, digo-o, dizes
> dize-lo, diz > di-lo, dizemos > dizemo-lo, dizeis> dizei-lo.
Para as formas da 3ª pessoa do plural, dá-se uma
nasalação (por assimilação parcial progressiva): dizem-no, digam-no,
disseram-no, fizeram-no, fizessem-no …
(A razão do fenómeno fonético da assimilação
resulta do facto do artigo definido derivar do pronome demonstrativo latino
illum, illam, illos, illas que na Idade Média resultaram em lo, la, los, las(>
o, a, os, as), além do el de el-rei.
Assim: trago-lo, trazes-lo, traz-lo, trazemos-lo,
trazeis-lo, trazem-lo > trago-o (l intervocálico cai), trazello
(assimilação total regressiva, o l de lo assimila o s, r, z):>
traze-lo (cai o primeiro l: trallo, trazemollo, trazeillo > trá-lo, trazemo-lo,
trazei-lo; trazer-lo > trazello, trazê-lo, amar> amallo > amá-lo
Sintaxe:
1-Complementos directos e indirectos: Os pronomes me, te, se, nos, vos, se
podem ser complementos directos ou indirectos. Os pronomes da 3ª pessoa lhe / lhes, são sempre complementos
indirectos . O pronome da 3ª pessoa o, a, os, as são
complementos directos ou nome predicativo do sujeito.
Ex.: lavo-me (cf. lavo-o): me c.
directo; perdoo-te (cf. perdoo-lhe), te, c.
indirecto .
2-O: nome
predicativo do sujeito: Ex: És feliz? Fui-o. Sê-lo-ei-
3-Contracção (ou não) dos pronomes me,
te, lhe, nos vos (c. Indir.) com o (a, os, as) ( c. dir.):Ex: Esse livro,
traz-mo, eu dei-vo-lo, já to mostrei, já vo-lo
disse, mostraram-lhas, pedi-lho, explicaram-mos, (oferecei-nos
o livro) >-oferecei-no-lo…
4-Os pronomes tónicos nós,
vós, ele, ela, eles, elas, você, vocês usam-se com preposições,
com funções diversas: Ex.: para mim,
por ti, contra ele, ante vós, a vocês, até eles, contra nós….
5-O «se» como partícula apassivante, ver atrás,
nos determinantes indefinidos: trata-se de espécie de fusão entre o indefinido se,
e o pronome pessoal reflexo se, (com conotação indefinida), nos verbos
transitivos, passível de transformar a frase em passiva; “Vendem-se bilhetes
a partir das 14 horas > bilhetes
são vendidos (por alguém, mas não é relevante o sujeito).
As palavras
invariáveis
1-
Classe das
Preposições
(São palavras (morfemas)
que ligam outras palavras para especificar relações entre elas:
Ex: Veio de
Lisboa para Cascais de carro com o amigo, não pela (por a) autoestrada
mas pela (por a) marginal para se reunirem em confraternização
com os antigos colegas do (de+o) liceu. Os amigos são para
as ocasiões. De quantas maneiras se cozinha o bacalhau?? Vou até à
(a+a) praia pescar peixinhos para fritar. Nada se pode fazer contra
a presunção. Até onde vai a tua coragem? Desde que cheguei, não páras de
me perseguir. Entre mim e ti vamos decidir sobre o destino a dar ao
(a+o) cavalo. Perante o juiz compareceram as testemunhas de
acusação e as de defesa. De tão atrevida, foi ignorada por
todos.
Preposições: a, ante, após,
até, com, contra, de, desde, em, entre, por, perante, sem, sob, sobre
Locuções prepositivas (terminam em
preposição): debaixo de, perto de, longe de, acima de, atrás de, à
frente de, quanto a, em frente de, em face de, face a …
Ex: Depois de
mim virá quem bom me fará. “Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas
feiras…”…
Contracção de 4
preposições com determinantes e advérbios:
Há quatro preposições
que se contraem com outros elementos do discurso:
A: a + art. def. o, a, os, as > ao, à,
aos, às ; a+ pron. demonstr. aquele aquela aqueles, aquelas, aquilo - > àquele, àquela, àqueles, àquelas (caso de crase, em à(s),
àquele(s)…) (Ver referência anterior, em Fonética)
De: de + o, um, este,
esse, aquele, ali, aqui,… > do, da, dos, das, dum, duma, dumas,
dumas, deste, doutro, dali, dacolá, dalém…
Em : em + o, um, este,
esse, aquele, isto, isso, aquilo >
no, na, nos, nas, naquele, nessa, neste, nisso, naquilo…
Por: por + o, a, os, as >
pelo, pela, pelos, pelas
2-
Classe dos advérbios
(São palavras
invariáveis que modificam o sentido dos verbos, dos adjectivos e dos
advérbios):
Subclasses:
Advérbios de lugar:
aqui, aí, ali, acolá,
cá, lá, aquém, além, acima, abaixo, dentro, fora, adiante, atrás, perto, longe,
onde, aonde, algures, nenhures.
Locuções adverbiais
de lugar:
Ao longe, de perto,
em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta, por aqui, em baixo, ao meio,
em algum lugar.
Advérbios de tempo:
hoje, ontem,
anteontem, amanhã, já, agora, ora, ainda, cedo, tarde, sempre, nunca, jamais,
antes, depois, logo, então, outrora………..
Locuções adverbiais
de tempo:
Às vezes, à tarde, à noite, de
manhã, de repente, de vez em quando, em breve,
a qualquer momento, de tempos em tempos, em
breve, hoje em dia.
Advérbios de
quantidade, ou intensidade:
Mui ou muito, pouco,
mais, menos, demais, bastante, assaz, tão, tanto, quão, quanto, quase.
Locuções
adverbiais de quantidade, ou intensidade:
Em
excesso, de todo, de muito, por completo, por demais.
Advérbios de modo:
Bem, mal, assim,
aliás, devagar, felizmente, dignamente, e outros terminados em mente.
Advérbios de dúvida
Talvez, porventura,
acaso, quiçá, provavelmente…
Locuções adverbiais
de dúvida
Por certo, quem sabe?
É possível…
Advérbios de
afirmação,
Sim, efectivamente,
decerto, certo, certamente, deveras
Locuções adverbiais
de Afirmação:
Com certeza, de
certeza, de facto, com efeito…
Advérbios de negação:
Não, nem e os de tempo
nunca, jamais
Locuções
adverbiais de negação:
De
modo algum, de jeito nenhum, de forma nenhuma.
3-
Classe das conjunções
São palavras invariáveis que ligam frases ou elementos da
mesma frase.
Dividem-se em coordenativas e subordinativas:
a)-As conjunções coordenativas ligam elementos semelhantes de uma frase ou frases de
natureza semelhante, mas independentes entre si: são frases/orações coordenadas:
Ex: Eu e tu
somos bons camaradas. Eu ajudo-te e tu concordas comigo, pula que
pula, dois mais três.. Quer chova quer faça sol… É bela mas
triste. Ela tem muitos amigos porém nenhum lhe fala de amor, portanto,
não parece feliz.
3.1- Subclasses das conjunções e locuções coordenativas:
Copulativas (
indicam adição): e, nem, mais, que, e a locução não só… mas
também.
Adversativas (indicam oposição): mas,
porém, todavia, contudo, e a locução não obstante….
Disjuntivas (indicam
alternativa): ou, e as locuções quer…quer, já…já, ora…ora, seja, seja.
Conclusivas;
(indicam conclusão): logo, pois, portanto, e
as locuções por conseguinte, por consequência
b).Conjunções e locuções Subordinativas:
Ligam duas frases, uma das quais subordinada
(dependente de) a outra que exprime a acção principal (subordinante)
(sublinhadas, nos exemplos):
Ex.: A menina chorou porque o irmão lhe
tirou os lápis de cor. Embora o campo seja agradável, a praia é mais
procurada. Explicou-se-lhe bem a matéria, para que faça um
bom teste. Se trouxerem os marmelos, faremos marmelada. Quando
se acabar, faremos mais. Segundo fizeres, assim terás.Desejo
que passes um bom dia de anos.
3.2- Subclasses das conjunções
e locuções subordinativas;
Conjunções e locuções subordinativas
1-Integrantes (Introduzem orações substantivas, com funções de complemento directo, sujeito) : que, se: Ex. É preciso que não faças ondas. (suj,); Desejo que ganhes a corrida (compl. dir.). Pergunto se estás bem (c.dir.). (pedem conjuntivo)
As conjunções subordinativas seguintes introduzem orações subordinadas circunstanciais de causa, de fim, de condição, concessão, tempo,…
2-Subordinativas causais: porque, pois, que, como, porquanto, visto que, já que, uma vez que, por isso que. A conjunção como introduz sempre a frase. Ex. Como não estudou a matéria, teve má nota no teste (=Teve má nota porque não estudou…).
3-Subordinativas finais: que, porque, para que, a fim de que. Ex: Dou-ter o carro para que saibas quanto sou teu amigo. (pedem conjuntivo)
4-Subordinativas condicionais: se, a não ser que, contanto que, salvo se, desde que, caso… Ex: Se consegues manter a calma…tu serás um homem, meu filho!
5-Subordinativas concessivas: (Exprimem oposição, contrariedade): Embora, conquanto, ainda que, posto que, se bem que, apesar de que, nem que… Ex: Não vivemos felizes conquanto nos esforcemos por isso. (pedem, conjuntivo)
6-Subordinativas comparativas: (mais, menos) que, (tão) como, conforme, segundo, assim como, bem como, qual, como se, (tanto) quanto: Ex.: Não te guardo rancor tal como espero a mesma atitude de ti. É mais rápido de pernas do que de pensamento.
7. Conjunções subordinativas consecutivas: que, de maneira que, de tal sorte que, de modo que, de sorte que, tanto que, tal que, de forma que (Iniciam uma oração na qual se indica a consequência). Ex: Correu tanto que desapareceu da vista de todos.
Classe das
interjeições e locuções interjectivas:
(palavras invariáveis
expressivas de estados de espírito, emoções, apelos, chamamentos, desejos, etc:
Não desempenham função
sintática. Devem vir acompanhadas de um ponto de exclamação.
Exs. Santo Deus!
Irra! Apre! Olá! Pst! Adeus! Rua! Cuidado! Bravo!
Caramba! Socorro! Oxalá! Força! Deus me valha! Perdão! Desculpe! Àgora!,Deus me
livre! Safa!.Credo! Caspitè.....
Enriquecimento vocabular:
Campo Lexical:
A partir de um referente vocabular, criar
um campo de palavras a ele ligadas, sem pertencerem à mesma raiz lexical:
Ex. Férias sugerem: praia, campo, viagens,
transatlântico, sol, mar, avião, passeatas, leituras, diversões, dinheiro,
prazer…
Família de palavras
Formação de palavras da mesma raiz lexical
Ex.: Referente Céu (lt. Coelum): celeste, celestial, Celestino, sobrecéu, céu-da-boca,
toucinho-do-céu…
Referente
Mar: maré, mareante, marinha, marinheiro, marítimo, maremoto,
amarar,
marear…
Referente Terra: terrestre, terreal,
terreno, terraplanagem, aterrar, desterrar, enterro,
enterrar,
desenterrar, conterrâneo, conterraneidade...
Muitas
vezes o alargamento lexical resulta da junção de afixos à palavra
primitiva
Os AFIXOS são morfemas
(pequenas partículas) que se acrescentam a uma palavra primitiva (no início, no
meio ou no fim) para criarem outra palavra, derivada, complexa. Cito apenas
alguns exemplos, as gramáticas sendo prolíficas em exemplos e identificação
semântica desses morfemas. Dividem-se em prefixos, infixos sufixos:
Prefixos (muitos de origem latina, outros de origem
grega): a, ad-, i-, in-, retro-, des-, contra-, re-, trans-, ante-, com-
circum-, bis …: Ex: alargar, administrar, imortal,
impor, invariável, retroceder,
descontrair, reconstruir, transpor, antepor, compor,
circumnavegação, ambivalente, anfiteatro, hipermercado,
telemóvel, dispneia…..
Infixos: chaleira,
cafeteira, cafezal, pazada, pezinho, cãozarrão,
homenzinho, Polegarzito
Sufixos: ar,
er, or, ir (infinitivos verbais), português, espanhol,
americano, transmontano, brasileiro,
algarvio, especialmente, professor, ferreiro, casamento,
amizade, filiação, embriaguez, felicidade,
esperteza, magnificência, rapazote, filhinho….
Sufixo
incoativo : ecer, designa início e continuidade
da acçao.: entardecer, anoitecer,
esclarecer, enriquecer, empobrecer…
Chamam-se parassintéticas as
palavras simultaneamente derivadas e complexas (com sufixo e prefixo): Ex:
a+larg(o) +ar .> alargar, infelizmente, en+velh(o)+ecer,
refazer…
Há ainda os casos de formação com vocábulos
híbridos, provenientes de étimos de diferente origem – latim e grego, por
ex., (telemóvel automóvel), casos de derivação imprópria: (formação de
palavras não por acrescentamento de morfemas, mas por mudança de categoria
gramatical): Ex. Os feitos heróicos
(de particípio a nome comum)…A comida (particípio a nome), nome próprio a comum: viveu uma odisseia,
um calvário…… casos de composição por aglutinação: (agora, embora, vinagre, fidalgo),
composição por justaposição: couve-flor, girassol,
aguardente, passatempo…
As línguas estão em constante mutação, para o que vão
contribuindo também os neologismos – anglicismos, galicismos,
termos técnicos e científicos, e as
próprias línguas crioulas…..
SINTAXE
Estuda a Sintaxe a disposição
das palavras no discurso, com esclarecimento sobre a função dos vários constituintes
daquele, de maior ou menor amplitude frásica.
Constituintes da
frase:
São os grupos em que se combinam as
palavras nas frases, embora, haja frases de uma só palavra. (Exs.: Amanheceu.
Cuidado! Atenção!)
Os constituintes da frase ão quatro:
1- Grupo
Nominal
(GN): Tem, como núcleo (palavra principal),
um nome ou um pronome:
Ex: As paredes foram pintadas de branco. Elas tinham
muita humidade. Aquelas estão pintadas de verde-claro.
2- Grupo
Verbal (GV): O núcleo é um verbo ou um
complexo verbal:
Exs.: Ela chorou. O João leu um
romance. Ontem fomos à piscina. Estava lá a Rita.
3- Grupo
Adverbial (GAdv): O
núcleo é um advérbio:
Exs: Amanhã vai chover, felizmente, cá.
Ontem treinámos problemas de percentagens.
4- Grupo
Preposicional (GPrep): Introduzido
por uma preposição:
Exs: De manhã ele foi fazer uma corrida. Comemos com apetite. Por
tua causa chegámos atrasados.
Funções Sintácticas
Os vários grupos dos constituintes
exercem determinadas funções nas frases (funções sintácticas): sujeito,
predicado, complemento directo, complemento indirecto, predicativo do sujeito,
complemento oblíquo, modificador do GV
1-
Sujeito: É o GN sobre quem ou sobre o
qual se diz alguma coisa. Pode ser substituído por um pronome pessoal (ele,
ela eles elas). Para sabermos qual é o sujeito da frase pergunta-se ao
verbo quem? (/o que é que?)
Ex: A menina (/ ela) está a cantar. (Quem está a cantar?) – A
menina. A cama está
por fazer (O que é que está por fazer?) – A cama.
Tipos de sujeito: Simples (um só grupo nominal:
Ex: Os chapéus já não se usam como dantes). e composto (mais
do que um GN: Ex.: Os cães e os gatos andam à
bulha.)
2- Predicado: É a função sintáctica desempenhada
pelo GV. Pode ser constituído por:
- Um verbo (Ex. Eles sorriram).
Ou por um complexo verbal (Tu estás a estudar. Ele já tinha
feito os deveres)).
- Verbo mais constituintes (obrigatórios
(1) ou facultativos(2)): Ex: A Luísa vê, com
prazer, (2), televisão (1), à noite (2), em diversos canais
(2), por não gostar de ler (2) e para se distrair (2)..
1- Compl. directo; 2- Modificadores
( Gs. Preps. de modo, de tempo, de lugar, de
causa, de fim).
2- Constituintes do verbo que não podem ser
suprimidos
2.1- Complemento
Directo: GN que pode ser substituído pelo pronome pessoal o,
a, os, as. (Para se perceber qual é
esse G.N. pergunta-se ao verbo: Que? o quê?, quem?). Ex: “O Manuel escondeu o livro (escondeu-o)
quando avistou a mãe (a avistou)”.
(Que escondeu o Manuel? (R: o livro (C.
dir)). Quem avistou ele? R: A
mãe (C. dir.)).
2.2- Complemento
indirecto:
P.Prep. que pode ser
substituído pelo pronome pessoal lhe/lhes. Pergunta-se ao verbo:
a quem?, para se identificar esse G.Prep.
Ex: Deu um desenho ao pai (/ Deu-lhe
um desenho).
A quem deu o desenho? R: Ao pai (c.
indir.).
Nota: Por vezes, em caso de complementos directo e indirecto
substituídos pior pronomes pessoais, dá-se a contracção entre os dois pronomes
. (Anteposição dos pronomes nas frases negativas – além de outros casos).
Exs.: Dá-me esses livros,
Dá-mos. (Não mos dês). Dou-tos, Dei-vo-los. (Não
vo-los dei. Não no-los dês). Fiz as contas ao
meu pai: Fiz-lhas? (Não lhas fiz). (Quando lhas
farás? Se lhas fizeres, fá-las bem).
2.3- Complemento
Oblíquo: É o G.
Adv. ou o G. Prep. que, sendo exigidos por verbos transitivos, não
podem ser retirados, como acontece com os modificadores verbais.
Também não podem ser substituídos pelo pronome pessoal lhe ou lhes,
(como acontece com o G. Prep. com a função de complemento
indirecto).
Exs: Creio em Deus. Estou na rua.
Vou a Lisboa. Interessei-me por aquela criança.
Moro ali. Porta-te bem.
2.4- Complemento
agente da passiva: É
a função sintáctica desempenhada por um G. Prep., introduzido pela
preposição por (ou, raramente, de), específico da voz passiva,
(que na activa se traduz pelo sujeito) (Ver supra).
Ex.: A lebre foi ultrapassada pela
tartaruga. (Voz activa: A tartaruga ultrapassou a
lebre)
2.5- Predicativo do
sujeito:
Constituinte que atribui uma característica ao
sujeito ou o localiza, em certos verbos copulativos (de ligação,
como: ser, estar, ficar, parecer permanecer, continuar tornar-se e revelar-se…)
Ex.: O Rodrigo é nadador-salvador.
É de Moçambique. Hoje ele parece contente, pois está
ali, na praia, com os amigos, que ficaram felizes por ele se
ter revelado um herói, salvando um náufrago de morrer afogado. Está
aqui um louvor, portanto.
Os sublinhados são predicativos do
sujeito, sendo particularmente locativos, os predicativos “de
Moçambique”, “ali”. Os predicativos do sujeito encontram-se
sempre à direita do verbo copulativo e podem ser formados por um GN (Nadador-salvador,
um herói), um adjectivo (contente, felizes), um G. prep.
(de Moçambique), um Gr. Adv. (ali).
2.6- Modificador do
GV: : Para além
da constituição específica do predicado – verbo, verbo e
complementos obrigatórios – há um constituinte que pode ser
acrescentado ao predicado: É o modificador, que introduz informações
específicas na frase – de tempo, de lugar, de modo,
de causa, de fim, condição… podendo assumir a forma de um G.
Prep., de um G. Adv ou de uma frase. É um constituinte
facultativo, podendo ser suprimido, mas faz parte do predicado.
Ex.: De manhã, fui passear calmamente, com o meu irmão,
para os lados de Sintra, para respirar os bons ares da serra, por
nos acharmos demasiado poluídos (com
os ares da cidade)..
Grupos preposicionais (por ordem de construção frásica): de tempo, de companhia,
de lugar, de fim, de causa. Grupo adverbial de modo:
calmamente.
O Vocativo
Há ainda a considerar, como elemento
frásico mas sem relação sintática com outro termo da oração, o Vocativo,. Não pertence, portanto, nem ao
sujeito nem ao predicado. É uma expressão de chamamento ou apelo:
Ex: Não vás ao mar, Tóino!
Meu Deus, salva-nos! “Ó Maria, diz àquela
cotovia que fale mais devagar”.
Modificadores dos
nomes:
São, além dos adjectivos
que qualificam os nomes (Ex. rapariga brincalhona), os Gs.
Preps., antigos determinativos do nome, com carácter restritivo
(Ex.: Rapaz de brio, sopa de peixe…), ou apositivo, entre
vírgulas, que apõem informações a um nome (Ex. João, filho de Abel,
Afonso Henriques, o Conquistador. “Lisboa, cidade de mármore e de granito” ….
Orações subordinadas:
Poder-se-á classificar as diversas
orações subordinadas segundo as suas funções, em substantivas, adjectivas,
adverbiais, de que apenas daremos alguns exemplos:
Exs: É conveniente que não te atrases. (Substantiva completiva,
serve de sujeito ao verbo anterior)
Quero que vás comigo, diz-me se
vais. (Substantivas completivas, servem de complementos
directos às anteriores, subordinantes)
O pardal, que comia na seara,
fugiu ao avistar o gato (Subordinada adjectiva relativa explicativa
[atenção à vírgula obrigatória]). O pardal que avisto da janela está a
comer bichinhos. (Subordinada adjectiva relativa restritiva.
Ver, antes, conjunções
subordinativas:
Introduzem orações
subordinadas adverbiais : causais, condicionais, concessivas,
consecutivas, comparativas, condicionais, finais.
- Embora as perguntas “O quê?"
"Quem?", "Quando?", "Onde?", "Como?" e
"Porquê?" façam parte do lead da notícia
jornalística, o aluno deve habituar-se desde cedo a formular respostas a
questões com os tais interrogativos, para precisar ideias que lhe permitam estruturar
um pensamento gradativamente coerente, segundo articuladores do discurso
específicos de situação inicial, intermédia ( oposição, causa… ), final,
conclusiva, e segundo os tipos de discurso (declarativo, expositivo,
narrativo, argumentativo…),
É bem conhecida a anteposição do
complemento directo na Proposição d’ “Os Lusíadas” provando
quanto aquele pode ser igualmente um sintagma móvel, que posto em relevo no
início e ao longo das duas primeiras estrofes da Proposição sintetizou
e realçou, na posição inicial, o objectivo do canto épico:
Vejamos:
As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando Cantando espalharei por toda a parte Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Análise dessa oração principal:
|
Sujeito: (oculto >
eu)
Predicado: espalharei cantando,
por toda a parte, as armas e os barões assinalados e também as memórias
gloriosas daqueles reis e aqueles,
Complemento directo: as armas e os barões
assinalados, e também as memórias gloriosas daqueles reis, e aqueles
Modificador (de modo): cantando
Modificador (de lugar): por toda a parte
Todo o discurso era
analisado nos meus tempos em orações várias, com a tal divisão das orações que
esclareciam o significado de um pensamento desdobrando-se e estendendo-se em
maravilhosos panoramas, como aqueles que o ladrão de Bagdá deveria avistar do
seu tapete voador - as designações gramaticais mudadas, contudo, hoje, para
outras flores do reportório científico gramatical, o modificador, que a
avidez um tanto pedante de mudança talvez não mantenha por muito tempo, nos velozes
solavancos do progresso cultural..
Também o texto de Almeida Garrett sobre
o Vale de Santarém é um excerto de grande precisão descritiva que se pode
decompor em sintagmas de várias funções, ensinando o aluno a precisar, a
localizar, a aplicar os seus conhecimentos gramaticais, a percepcionar o
discurso sensorial, a desenvolver a capacidade crítica e de observação da
realidade.
O
VALE DE SANTARÉM
«O vale de Santarém é um destes lugares
privilegiados pela Natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o
ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita: não há ali nada
grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de tons, de
disposição em tudo quanto se vê e se sente que não parece senão que a paz, a
saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali
um reinado de amor e benevolência. As paixões más, os pensamentos mesquinhos,
os pesares e as vilezas da vida não podem senão fugir para longe. Imagina-se
por aqui o Eden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a
virgindade do seu coração.
À esquerda do vale, e abrigado do norte pela
montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo
viço e variedade. A faia, o freixo, o álamo entrelaçam os ramos amigos; a
madressilva, a musqueta penduram de um a outro suas grinaldas e festões; a
congossa, os fetos, a malva-rosa do valado vestem e alcatifam o chão.
Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro
das árvores a janela meia-aberta de uma habitação antiga mas não delapidada –
com certo ar de conforto grosseiro, e carregada na cor pelo tempo e pelos
vendavais do sul a que está exposta. A janela é larga e baixa: parece mais
ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê...
Interessou-me aquela janela.»
Outras mais coisas se
poderiam acrescentar no estudo da Sintaxe, não esquecendo as regras da
versificação e novamente as figuras de estilo, apoiadas em exemplos. E já
agora, façamos os alunos ler as maravilhosas páginas de “A Cidade e as
Serras” , analisando todo o recurso a figuras de estilo e sentindo o prazer
estético que essas páginas transmitem, na adjectivação, nos advérbios, nas
comparações, no discurso animista e impressionista, na noção de perspectiva da
sua arte pictórica, na sua frase poética de uma beleza ímpar:
«E em breve os nossos
males esqueceram, ante a incomparável beleza daquela serra bendita!
Com que
brilho e inspiração copiosa a compusera o divino artista que faz as serras, e
que tanto as cuidou, e tão ricamente as dotou neste seu Portugal bem-amado! A
grandeza igualava a graça. Para os vales, poderosamente cavados, desciam bandos
de arvoredos, tão copados e redondos, dum verde tão moço, que eram como um
musgo macio, onde apetecia cair e rolar. Dos pendores, sobranceiros ao carreiro
fragoso, largas ramarias estendiam o seu toldo amável, a que o esvoaçar leve
dos pássaros sacudia a fragrância. Através dos muros seculares, que sustêm as
terras liados pelas eras, rompiam grossas raízes coleantes a que mais hera se
enroscava. Em todo o torrão, de cada fenda, brotavam flores silvestres. Brancas
rochas, pelas encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido pelo
vento e pelo sol; outras, vestidas de líquen e de silvados floridos, avançavam
como proas de galeras enfeitadas; e de entre as que se apinhavam nos cimos,
algum casebre que para lá galgara, todo amachucado e torto, espreitava pelos
postigos negros, sobre as desgrenhadas farripas de verdura, que o vento lhe
semeara nas telhas. Por toda a parte a água sussurrante, a água fecundante…
Espertos regatinhos fugiam, rindo com os seixos, por entre as patas da égua e
do burro; grossos ribeiros açudados saltavam com fragor de pedra em pedra; fios
direitos e luzidios como cordas de prata vibravam e faiscavam, das alturas aos
barrancos; e muita fonte, posta à beira de veredas, jorrava por uma bica,
beneficamente, à espera dos homens e dos gados… Todo um cabeço por vezes era
uma seara, onde um vasto carvalho ancestral, solitário, dominava, co
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