Uma vasta reportagem historiográfica de António da
Cunha Duarte Justo, publicada no “A Bem da Nação”, sobre as tragédias do
nosso tempo, de naufragados no “mare nostrum” da lenda ou da realidade antigas que
nos habituáramos a respeitar nas suas rotas de domínio que, felizmente, também
nos atingiram, favorecendo o nosso progresso, e que agora vemos ignobilmente
manchado de corpos que tentaram evadir-se dos seus destinos de hediondez.
Mas a tragédia dos africanos, a quem foi dito um dia
que tinham direito integral ao governo do seu habitat continental, sendo da
responsabilidade desses que o disseram - esquecidos muitos deles de que igualmente
ocupavam continentes inteiros de “índios” primeiros, cujas civilizações foram por
eles conscienciosamente destruídas, em actos de vandalismo de efeito
irrecuperável - deveria ser, pois, da solução desses que favoreceram os terrorismos
para expulsarem os europeus da África, e permitirem que os tais africanos
singrassem na independência e na voracidade dos instintos dos seus novos chefes.
As tais ideologias instigadoras do ódio e da visão parcial contra os
colonizadores, resultaram - além do despotismo e crime e miséria a que fomos e
continuamos assistindo - em tantas destas tragédias mediterrânicas, de hordas
de desgraçados, actuais invasores de uma Europa impotente, que pretende ser
generosa acolhendo-os e tentando salvá-los dos parasitários donos de
embarcações que os aliciam rumo ao eldorado das suas novas esperanças, numa
Europa ela própria esfrangalhada.
Um “mare nostrum” macabro, sepultura de tantos desses
e dos que da Ásia tentam igualmente escapar aos crimes da loucura que se
generalizou imparavelmente no mundo. Fora a que se prepara ainda numa Rússia cinicamente
imperialista, que a si própria não põe travões de domínio. Assim vamos, na
impotência de uns e de outros, no salve-se quem puder no meio da loucura, há alguns
anos favorecida pelos tais chefes de sábias mentes criminosas, na Europa, na
Ásia, enquanto na América do Sul, se vão sucedendo graves mazelas, no seu mundo também de malandrice e ambição.
Um mar de ilhas
e de cruzeiros, um mar de lendas e de encantamento. Um mar de corpos afundados,
daqueles a quem foi dito que tinham direito a permanecer livres nas suas
terras.
«700 REFUGIADOS NAUFRAGADOS NO
MEDITERRÂNEO»
Drama dos Refugiados – Um Problema sem Solução?
As
notícias catastróficas sobre refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo
para a Europa multiplicam-se de dia para dia; o número de naufragados subiu,
esta última semana, já para mais de mil.
Segundo
a agência da ONU para refugiados do ACNUR, deu-se agora (19.04.2015) a maior
tragédia no Mar Mediterrâneo com refugiados. A 10 km da Líbia afundou um
arrastão com 700 pessoas a bordo, dos quais apenas 28 puderam ser salvos.
Dias
antes, segundo a organização de ajuda humanitária Save the Children tinha
naufragado já um navio ao largo da costa da Líbia, com 560
refugiados/imigrantes. A Guarda Costeira italiana ainda conseguiu salvar 144
dos naufragados.
Desde
o início deste ano, já foram salvos 19.000 imigrantes.
Operações de salvação de
imigrantes/refugiados
«Mare Nostrum» e «Frontex»
Em
Novembro de 2014, a Itália deu por finda a operação (“mare nostrum”) de
salvação de migrantes vindos das costas da Líbia” e iniciada depois do
naufrágio de Lampedusa onde morreram 400 imigrantes líbios em Outubro de 2013.
Esta operação italiana custou 114 milhões de euros e conseguiu salvar 150 mil
vidas em perigo de naufragar no mediterrâneo.
Para
poupar dinheiro e para, alegadamente, não facilitar o tráfego dos traficantes contrabandistas
de refugiados e para não se tornar num incentivo para outros refugiados, a UE
não continuou a missão salvadora “mare nostrum”, criando, em vez dela, uma
patrulha (“Triton”) a operar no alto-mar mediterrânico que faz o rastreio de
barcos (impedir barcos ilegais e salvar pessoas). A Marinha dos estados membros
e a Agência de Patrulha de Fronteiras (Frontex) só podem operar no âmbito de 30
milhas náuticas das fronteiras da UE, o que facilita a vida aos traficantes de
imigrantes/refugiados.
Entre
os Estados membros não há acordo em criar estratégias mais eficientes atendendo
também à situação mercantil com os refugiados e aos concorrentes interesses e
compromissos históricos dos diferentes países europeus em relação a África. (A
Inglaterra não participa na Frontex).
Por
outro lado, uma política de distribuição equitativa dos imigrantes pelos
diferentes países membros revelar-se-ia injusta. A agravar a situação está o
facto de a grande maioria de imigrantes serem muçulmanos e estes se organizam
em guetos que se definem, geralmente, na auto afirmação e contraposição em
relação à cultura não muçulmana. Por um lado, os imigrantes/refugiados trazem
sangue novo e contribuem para o rejuvenescimento de uma Europa já envelhecida,
por outro trazem imensos custos, a curto prazo, no que respeita a medidas de
alojamento, formação escolar, profissional e de integração no mundo social e
laboral.
A UE encontra-se dividida
entre o combate às organizações de tráfico (quadrilhas de contrabando) que
fomentam o tráfego com refugiados cobrando entre 4.000 e 7.500 Euros por
pessoa, pela sua passagem para a Europa, em condições míseras e desumanas, e o
regime jurídico a aplicar: as autoridades europeias têm dúvidas sobre a
definição do estatuto dos refugiados que se for de ordem económica, não dá
direito a asilo, e se for de ordem política implica o direito a asilo no país
onde aportarem.
Esta
nova catástrofe motivou a intenção de criar novas iniciativas a nível europeu.
Neste sentido pensa-se na extensão da missão de salvação “mare nostrum” a nível
europeu e a medidas nos países costeiros africanos. “Mare nostrum” tinha a
vantagem de detectar o perigo nas zonas costeiras da Líbia.
Muitas
das famílias dos refugiados/imigrantes vivem em situações críticas no que
respeita à segurança, à corrupção das autoridades da alta hierarquia e a
dificuldades económicas e por isso procuram enviar os seus jovens mais robustos
para a Europa para que, uma vez que tenham um lugar de trabalho, possam enviar
dinheiro para elas.
As
nações e a ONU enviam bastante dinheiro para projectos de desenvolvimento e de
infraestruturas mas, como não há controlo, muito do dinheiro é desviado,
enquanto projectos pequenos, a nível regional de Autarquias, Aldeias, no dizer
de Cap Anamur, são eficientes: “à medida que se sobe na hierarquia aumenta a
corrupção”.
Rotas dos refugiados ilegais
Segundo
menção da imprensa alemã, as rotas de proveniência da maior parte dos
refugiados ilegais, em 2014, foram: Europa de Leste com 1.270 refugiados (vindos do
Vietname, Afeganistão e Geórgia), Europa do Sul com 43.360 refugiados (do
Kosovo, Afeganistão e Síria), Grécia com 8.360 (da Albânia, Macedónia e
Geórgia), Mediterrâneo Oriental com 50.830 refugiados (da Síria, Afeganistão e
Somália), Canárias com 275 refugiados (de Marrocos, Guiné e Senegal),
Mediterrâneo Ocidental com 7.840 refugiados (dos Camarões, Argélia e Mali) e
Mediterrâneo Central com 170.760 refugiados (da Síria, Eritreia e Somália).
A
esperança desesperada tenta a ilegalidade como meio para melhorar a vida. Fogem
do Iraque, da Síria, da Líbia, do Afeganistão, do Iémen, de Marrocos, de Mali,
etc. Fogem à guerra, à injustiça e à pobreza. Explorados por quadrilhas
traficantes, vêem a sua vida ameaçada até atingirem a cortina europeia da
Itália, Grécia, Bulgária ou Espanha. Chegados a um país europeu vêem-se
confrontados com burocracias e costumes estranhos bem como com o receio de
parte da população dos países de recepção que vêem a sua identidade cultural
ameaçada e as finanças das comunas sobrecarregadas.
Devido
à contínua afluência de refugiados à Alemanha já se observam actos de
vandalismo contra casas que são preparadas para a recepção de refugiados e uma
crescente oposição de grupos que se manifestam contra políticos que a nível
local tomam iniciativas de criar lugares de alojamento para refugiados. Por
outro lado assiste-se na população alemã a uma grande participação em medidas
de ajuda concreta a refugiados.
Para
não se sobrecarregar a sociedade com problemas de integração a sociedade
acolhedora terá de garantir o sucesso aos refugiados que encontrem guarida
entre nós, indo de encontro às suas necessidades humanas, nos diferentes níveis
de acolhimento. Por outro lado os migrantes muçulmanos terão de mostrar mais
vontade de respeitar a mentalidade dos países acolhedores não se rebelando
contra a integração.
Num
barco saído da Líbia (14.04.2015), com 105 imigrantes, tripulantes muçulmanos
lançaram 12 cristãos ao mar, encontrando-se agora 15 dos prováveis assassinos
(da Costa do Marfim, Mali e Senegal) a contas com a justiça italiana em
Palermo. A realidade ultrapassa a nossa fantasia: no mesmo barco, na procura de
salvação em terras cristãs, imigrantes muçulmanos perseguem companheiros
cristãos em nome da sua religião! Em casas para refugiados na Alemanha tem havido
contendas entre refugiados que se agridem devido à sua diferença religiosa.
Muitos
africanos passaram o primeiro colonialismo na sonolência e agora como
imigrantes têm medo de ser colonizados pelo ocidente civilizado. Antigamente os
"chefes" forneciam escravos à Europa em troca de algum dinheiro e
hoje fornecem-nos matéria-prima deixando os seus cidadãos passar mal.
Combater
as causas e não apenas as consequências da catástrofe humana, será a grande
tarefa da UE, procurando fomentar perspectivas de vida digna nos seus países de
origem e criando um ambiente favorável à integração dos hóspedes chegados. Sem
uma abertura mútua entre hóspedes e hospedeiros acumular-se-ão problemas e
criar-se-ão situações futuras perigosas para toda a população.
António da Cunha Duarte Justo
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