quinta-feira, 16 de julho de 2015

Deu o sinal a trombeta lusitana



Ouvi a entrevista na SIC a Passos Coelho, por Clara de Sousa. Calculei que, apesar do prazer que me foi dado viver, na audição de um discurso educado, sereno, inteligente, cônscio do seu trabalho, que outros pretendem inverdadeiro, atidos às promessas primeiras de poupar funcionários, contribuintes e a população em geral das garras do empobrecimento que se chamou, afinal, de austeridade, ele seria sempre admirado pelos do seu partido, desprezado pelos das oposições.  E de facto, mesmo António Vitorino, inteligente que é, não o poupou a seguir, no debate com Santana Lopes, este sempre embrulhado nos dizeres da calma delicadeza, falsamente humilde, com o parceiro fronteiro, nem carne nem peixe, como é costume hoje, atidos que estamos às dietas vegetarianas. Realmente, Passos explicou que as contas, quando tomou o poder, estavam erradas, para justificar a mentira das suas promessas eleitoralistas de há quatro anos.
 Salazar, ao menos, nunca teve que se justificar, foi posto a governar em sossego, como a linda Inês, e apenas lhe coube impor regras e distribuir dinheiros parcimoniosamente, com pulso de ferro.  Todos sabem que as ordens para a austeridade vêm de cima – ou do centro distribuidor dos fundos – e que foi necessário cumprir. Mas fingem ignorá-lo, consideram Passos cobarde, porque não se impôs como Tsipras e os camaradas de luta. Agora que já viram que a coragem de Tsipras e do seu staff não passou de rapaziadas atrevidas - que todavia resultam (na absoluta situação de impotência do povo grego, habituado de longa data a esquemas mamários), pela opção europeia de não deixar a Grécia afundar-se, perdoando a dívida ou prolongando (irrisoriamente) o prazo da sua solvência – continuam a atacar Passos Coelho, por não ser bom companheiro, colaborando, como os nossos defensores syrízicos, meladamente, na salvação  grega. Também António Costa se esmera no discurso atacante, monocórdico, repetitivo, vão.
O que é certo é que não pensam na pátria, esses que atacam o governo. Preferem a ironia dos lugares comuns: diz o roto ao nu, vira o disco e toca o mesmo, chover no molhado, o mais do mesmo… Somos uns filósofos e peras.

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