É o registo que me acode, pela
imortal voz de Amália, ao ler o artigo «O mito do colesterol» de Manuel Pinto Coelho,
(Médico, doutorado em Ciências da Educação e
diplomado em medicina anti-envelhecimento), artigo
publicado no PÚBLICO 26/7/2015, pois que
a questão do perigo do colesterol virou mito, segundo ele, tal como em tempos o
do azeite de oliveira a ser ultrapassado pelos óleos vegetais doutras proveniências,
(entre as quais o girassol), mais saudáveis estes, para retomar hoje a sua
posição anterior, que Pinto Coelho também aconselha para a redução dos riscos
cardiovasculares:
Esta moda do pezinho
É bem boa de dançar
Dá-se um jeitinho ao pé
E um saltinho para o ar
Toma lá, Chiquita
Toma lá e leva
Esta linda moda para a tua terra
Vira pra direita, vira para a esquerda
Vira pra direita, muchacha galega!
Carlos Pinto Coelho informa,
apoiado em estudos, que não é o colesterol o responsável-mor das doenças
cardiovasculares, segundo as prescrições
actuais, mas muitas vezes os tratamentos delas, com fármacos como as “estatinas”,
ressalvando, todavia, essa medicação: «As
únicas pessoas que podem tirar partido das estatinas são as que sofrem de
hipercolesterolémia familiar, uma doença rara que dá uma taxa elevada de
colesterol (para cima de 330) qualquer que seja a alimentação e o modo de vida.»
O artigo, embora longo, é claro e útil, e aponta não
só efeitos benéficos da existência do colesterol nos organismos, como os meios
dietistas para o controlar:
«O mito do colesterol»
Manuel Pinto Coelho
«Na luta contra as doenças cardiovasculares, sempre
que se pensa em arteriosclerose é admitido, desde há muito tempo, que o culpado
é o colesterol que se vai depositando nas artérias, entupindo-as
progressivamente a uma velocidade proporcional ao seu nível no sangue. Ora a
verdade é que esta teoria não repousa em nenhum dado científico bem sustentado.
Na realidade, não só a investigação comprova que três
quartos das pessoas que têm o primeiro ataque cardíaco têm níveis normais de
colesterol, como estudos recentes indicam que os tratamentos, em muitas
situações, acabam por ser bem mais nocivos.
Reportando-nos exclusivamente aos problemas
cardiovasculares, têm-se negligenciado muitas vezes a importância dos numerosos
efeitos secundários provocados pelos tratamentos para baixar o colesterol,
essencialmente perda de memória, fraqueza muscular e ligamentosa, impotência
sexual e diabetes tipo2, alterações digestivas e hepáticas, dores de cabeça,
edemas, vertigens, alterações cognitivas e alergias cutâneas.
No caso das estatinas, drogas que bloqueiam, no
fígado, a enzima responsável pela produção do colesterol, essencial para a
nossa sobrevivência, talvez nos dias que correm os medicamentos que mais se
vendem em todo o mundo, utilizadas para baixar o colesterol total e a fracção
LDL do colesterol, (sendo que este último, embora não seja mais que um
transportador do colesterol do fígado, onde ele é fabricado, para os tecidos
que dele têm necessidade é considerado ridiculamente “mau colesterol”, em
contraponto com a fracção HDL, considerada “bom colesterol”, outro mero
transportador do mesmo colesterol, dos tecidos que o utilizaram, para o fígado -
a sua central de fabrico e reciclagem), o risco de diabetes e obesidade
resultante da sua toma foi ainda há pouco tempo denunciado pela comunidade
científica.
Assim, em Março de 2012 a Agência Europeia do
Medicamentos (EMA) reconheceu a gravidade do efeito diabetogénico das estatinas
e recomendou aos laboratórios que os seus efeitos secundários passem a ser
claramente anotados nas normas de utilização, norma que, parece, nem sempre
cumprida.
Mas não é tudo. Começa a aparecer cada vez mais
evidência mostrando que as estatinas pioram também a saúde cardíaca, revelando
não só que não seguras como também não são muito eficazes. Um estudo
recentemente publicado, revelou, em contraste com o aquilo que é hoje
comummente aceite (a redução do colesterol com estatinas diminuem a
arterioesclerose), que estas drogas podem, pelo contrário, estimular a
arteriosclerose e a insuficiência cardíaca (Expert Review of Clinical
Pharmacology.2015 Mar;8(2):189-99).
Alguns mecanismos fisiológicos discutidos no estudo
mostraram que as estatinas podem piorar a saúde do coração de várias formas:
- Inibindo a função da vitamina K2, necessária para
proteger as artérias da calcificação;
- Danificando a mitocôndria, prejudicando a produção
de ATP (responsável pela energia do músculo cardíaco).
- interferindo com a produção de CoQ10, como se
referirá mais adiante;
- O mesmo com proteínas contendo selénium, tais como a
glutationa peroxidase, cruciais para prevenir o dano oxidativo do tecido
muscular.
Considerando todos estes riscos, os autores concluíram
que “as epidemias da insuficiência cardíaca e arteriosclerose, quais pragas do
mundo moderno, podem ser paradoxalmente agravadas pelo uso difuso de estatinas.
Nós propomos que os correntes manuais de tratamento com estatinas sejam
criticamente reavaliados”.
No que diz respeito às doenças cardiovasculares, em
que o colesterol teima em aparecer como o mau da fita, há uma grande incerteza
sobre as suas causas e têm surgido as teorias mais contraditórias.
Sabe-se que aquilo a que se chama “placa” ateromatosa,
que reduz o diâmetro das artérias, é principalmente constituída por células
compostas pelo tecido muscular liso das artérias (proliferarando anormalmente),
cálcio, ferro e colesterol, sendo este minoritário, funcionando como um
curativo qual penso reparador do desgaste provocado pela inflamação da
parede das artérias, esta sim a verdadeira má da fita nesta questão da formação
da placa ateromatosa e da consequente arteriosclerose. Daí a importância do seu
biomarcador – a PCR (Proteína C Reativa) – estar abaixo de 0,5. Quem o tem
abaixo deste valor pode comer gorduras à vontade.
Sendo assim, se o aumento da taxa de colesterol é um
meio que o organismo encontra para se proteger, então baixar a sua taxa com
medicamentos, estatinas ou quaisquer outros, não parece boa ideia.
Se as taxas estiverem elevadas, tal deverá ser sempre
considerado como um problema essencialmente de estilo de vida, que se
corrigirá, prioritariamente, modificando o comportamento e a alimentação (de
relevar a toma diária de 3 gramas diários de Ómega 3).
As únicas pessoas que podem tirar partido das
estatinas são as que sofrem de hipercolesterolémia familiar, uma doença rara
que dá uma taxa elevada de colesterol (para cima de 330) qualquer que seja a
alimentação e o modo de vida. Se se tiver que as tomar, dever-se-á tomar também
CoQ10 ou ubiquinol, co-enzimas também anti-oxidantes cuja produção está
igualmente bloqueada pelas estatinas.
Para reduzir o risco cardiovascular, as melhores
medidas a tomar são:
- Substituir a alimentação industrial, transformada e
artificial, por alimentos frescos pouco cozinhados, se possível biológicos,
cultivados localmente;
- Aumentar o consumo de gorduras boas para a saúde
como o abacate, peixes gordos, ovos biológicos inteiros, gordura de noz de coco,
nozes, amêndoas, avelãs e azeite, de forma que o rácio entre o ómega 3 e o
ómega 6 ande entre 1/1 e 1/5 (e não 1/20 como acontece com a actual alimentação
ocidental);
- Optimizar a ingestão de cálcio, magnésio, sódio e
potássio, optando sempre que possível por legumes biológicos;
- Monitorar a taxa de vitamina D optando pela
exposição ao sol – conseguir-se-ão níveis óptimos com uma exposição de 20
minutos em pelo menos ¾ partes do corpo -, acompanhada de vitamina K2 para
evitar a calcificação das artérias;
- Restaurar os níveis hormonais, principalmente da
testosterona, com hormonas bio-idênticas;
- Parar de fumar e não beber mais de um copo de vinho
tinto por dia;
- Fazer exercício físico regularmente;
- Cuidar da higiene bucal e dentária – as pessoas com
má higiene da sua boca têm 70% de risco de desenvolver uma doença cardíaca em
contraponto com as pessoas que lavam os dentes pelo menos duas vezes por dia;
-Evitar as estatinas (salvo no caso da
hipercolesterolémia familiar), que fazem baixar as taxas de colesterol
artificialmente, sem esforço, mas com o risco de numerosos efeitos
indesejáveis, como se referiu.
- Melhorar a sensibilidade à insulina – para tal optar
por um regime com índice glicémico baixo como a batata-doce (melhor que a
batata), o mel (melhor que o açúcar), as leguminosas como as ervilhas, os
feijões e as favas (melhor que os cereais).
Com esta finalidade, considerar também o ácido
alfa-lipóico (400 mg/dia).
O colesterol é uma molécula natural produzida 70% pelo
organismo, principalmente pelo fígado, (os restantes 30% provêm dos alimentos),
que o utiliza como um verdadeiro cimento: ao nível dos músculos, para os
reparar quando estão fragilizados depois dum exercício físico; ao nível do
cérebro, para ajudar os neurónios a melhor comunicar entre si; ao nível das
artérias, para as reparar quando são lesadas.
Ele é uma das substâncias mais importantes, não só
indispensável à regeneração das células e à formação das suas membranas, à
metabolização de vitaminas como a A, D, E e K, à produção de ácidos biliares
importantes na digestão das gorduras, essencial, como se disse, para o cérebro
(contém cerca de 25 % de todo o colesterol do corpo, sendo critico na formação
das sinapses que permitem o pensamento, a aprendizagem e a formação da memória)
como à síntese de hormonas tão vitais para a nossa existência como as hormonas
sexuais – testosterona, progesterona e estrogéneo (há quem considere que ter
taxas de colesterol elevado a partir dos 65 anos é sinal de longa vida e de
virilidade...), as hormonas do stress – glucocorticóides como o cortisol, e à
mais importante de todas – a vitamina D, como as hormonas sexuais ela também
uma hormona esteróide, sendo que uma pele com níveis insuficientes de
colesterol não é capaz de a produzir.
Médico, doutorado em Ciências da Educação e diplomado em
medicina anti-envelhecimento
Sendo,
pois, o tratamento do colesterol responsável pela perda de memória, como informa o artigo do Dr. Manuel Pinto
Coelho sobre os benefícios do colesterol e os malefícios do seu tratamento – e esperemos
que tal opinião não vire pura moda efémera, como as mais - concluo com a seguinte
anedota bem humorada que o meu filho Ricardo me enviou, ele próprio a caminho
dessas patologias enervantes, ou desejoso de precaver a mãe, que já há muito se
queixa, hiperbolizando, como é seu costume, embora não lhe pertença o conto
burlesco. Um bom dito é meio caminho
para a saúde, pelo menos mental:
«Wanda,
Wilma e Waneide»
Três irmãs, Wanda, de 90, Wilma, 88 e Waneide, 86
aninhos de idade, viviam na mesma casa.
Uma noite, Wanda, a de 90, começa a encher a banheira para tomar banho; põe um pé dentro da banheira, faz uma pausa e grita:
- Alguém sabe se eu estava entrando ou saindo da
banheira?
A irmã, Wilma, de 88, responde:
- Não sei, já subo aí para ver!
Começa a subir as escadas, faz uma pausa, e grita:
- Eu estava subindo ou descendo as escadas?
A irmã caçula, Waneide, a de 86, estava na cozinha
tomando chá e escutando suas irmãs. Balança a cabeça e pensa:
- Que coisa mais triste! Espero nunca ficar assim
tão esquecida...
Prevenida, bate três vezes na madeira da mesa, e
logo responde:
- Já vou ajudá-las, mas antes vou ver quem está batendo
na porta!
Pessoal, agora fiquei com medo.....
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