quarta-feira, 22 de julho de 2015

Momices



«Zeus, Prometeu, Atena e Momo»
Uma fábula de Esopo
Que me deu para traduzir
Em curta pausa de férias
Em vez de ler outras lérias
Tão sérias, Jesus, tão sérias!
É assim:

«Zeus, Prometeu e Atena
Tendo respectivamente criado
Um touro, um homem, uma casa,
Tomaram Momo por árbitro
Para que ela ajuizasse o valor
Das obras de cada um.
Invejosa e despeitada,
Momo declarou vivamente
Que Zeus fora desastrado
Senão mesmo estabanado
Ao não colocar os olhos
Nos cornos do touro,
 Para que ele visse onde batia
Quando combatia.
A Prometeu condenou
Por o coração não ter posto
Do homem, na parte exterior
Do corpo,
Para o vício lhe impedir
De se dissimular
E assim patentear
Os vícios de cada um
No seu maior esplendor.
Concluiu
Que Atena deveria
Ter a sua moradia
Construído com patins
Para facilitar a mudança
Em caso de má vizinhança.
Indignado
Com tanto denegrimento
Zeus expulsou do Olimpo
Momo e o seu desbragamento
- E mesmo descaramento.
A fábula mostra com gana
Que ninguém nunca é tão perfeito
Que não dê azo à chicana.»

Foi isto que disse Esopo
Na fábula dos quatro deuses,
Deuses maiores ou menores
Sendo a Momo de menor topo
Mas não de menor topete.
Ainda hoje
Que vivemos em democracia
Verificamos
Diariamente
Que é dos seres inferiores
Na escala social
- Digo-o sem qualquer prevenção racista menos moral –
Que partem os falatórios
Provocatórios
Condenando os que governam,
- Quer governem bem ou mal -
De forma unilateral.
Parece-me bem bestial!

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