Sempre houve potências, em todos os tempos se falou em
impérios – o império persa, o de Alexandre, o romano, os grandes do mundo ambicionando
abarcar mais mundo. O maior de todos foi o britânico, por isso o Inglês é hoje
a língua universal por excelência, e os Ingleses o povo de grande relevo, na
sua educação e na sua pose. Um dia, talvez isso acabe, como acabou o latim,
disseminado, contudo, em outras línguas da evolução social e cultural. Nas “Cartas
de Inglaterra” Eça, que foi cônsul
em Newcastle e Bristol, muito escreveu sobre os Ingleses, por vezes com ironia,
mas sem dúvida com admiração, que provinha do reconhecimento de quanto pode a
cultura na construção do comportamento humano e das nações, que ele sintetizou na
personagem Craft, o inglês fleumático e culto, amigo de Carlos da Maia e de
João da Ega, personagens de elegante recorte, mau grado as ligeirezas de carácter
específicas de qualquer humano ser que se preze.
As “Cartas de Inglaterra” são pródigas em descritivo magistral
do poderio e ambição ingleses, que não pouparam os povos da Irlanda, do Afeganistão,
do Egipto, que permitiram a sua arrogante ocupação e destruição insensata, e
que, no retrato de Lord Beaconsfield, Benjamin Disraeli, conservador e primeiro
ministro, sintetiza, como protagonista da extraordinária ênfase desse poderio segregacionista
inglês:
«A sua assombrosa popularidade parece-me provir de duas
causas: a primeira é a sua ideia (que inspirou toda a sua política) de que a Inglaterra
deveria ser a potência dominante do mundo, uma espécie de Império Romano,
alargando constantemente as suas colónias, apossando-se dos continentes
bárbaros e britanizando-os, reinando em todos os mercados, decidindo com o peso
da sua espada a paz ou a guerra do mundo, impondo as suas instituições, a sua
língua, as suas maneiras, a sua arte, tendo por sonho um orbe terráqueo que
fosse todo ele um império britânico, rolando em ritmo através dos espaços.
Este ideal, que tomou o nome de imperialismo, nos dias de
glória de Lord Beaconsfield, é uma ideia querida a todo o inglês; os mesmos
jornais liberais que, com tanto furor, denunciavam os perigos desta política
romana, no fundo gozavam uma imensa satisfação de orgulho em proclamarem a sua
inconveniência. Havia tanta prosápia britânica em conceber um tal Império, como
em o condenar, e em dizer, com ar de nobre renunciamento: “Não nos convém a
responsabilidade de governar o mundo”»(in “Cartas
de Inglaterra”, VIII - Lord Beaconsfield)
Este domínio do mundo foi, assim, aliado a um consenso
generalizado de arrogância e ambição de poder, que, se partiu de uma cabeça de
judeu inteligente e célebre, teve, todavia o apoio da monarquia britânica e o
apreço da rainha Vitória que o nomeou Lord. Não têm o mesmo carisma, as
conquistas de Napoleão como as invasões europeias de Hitler no seu quê de sinistro
e de loucura desses chefes, sobretudo do último, conquistas que naturalmente
seriam fracassadas, embora não efémeras e necessariamente criminosas. O povo
francês como o alemão se submeteram a esses chefes, talvez por manipulação
ideológica ou naturalmente acobardada.
O certo é que os povos do centro e do norte europeus têm um
poder de organização e de trabalho superiores aos do sul, talvez por factores
climáticos, talvez porque assim teve que ser, é dos fados.
A Alemanha defendeu-se dos “castigos” impostos pelos povos vencedores,
continuando a trabalhar em ordem e progresso e coesão e participou na aliança
aparentemente generosa e táctica de união económica de povos europeus destinada
a uma melhor autodefesa. A Banca distribuidora dos fundos monetários cobra
taxas miseravelmente esbulhadoras, segundo se diz, donde, a impossibilidade de ressarcimento
das dívidas nos povos endividados, destruída
a economia também por excesso de falcatrua de muitos dos encarregados das
empresas nesses países.
O Império que se segue é, pois, favorecido pelos Bancos,
como exércitos avançados dessas potências, informa o artigo de António da Cunha Duarte Justo «OS BANCOS SÃO OS EXÉRCITOS AVANÇADOS DAS POTÊNCIAS», publicado no “A Bem da Nação”:
«OS BANCOS SÃO OS EXÉRCITOS
AVANÇADOS DAS POTÊNCIAS»
«União
Europeia dividida em Europa do Norte e Europa do Sul
Em
termos de mentalidade e de economia a Europa encontra-se dividida em duas: a
Europa do Norte e a Europa do Sul como podemos constatar a partir da luta
cultural iniciada no século XVI pela reforma protestante e em parte na maneira
como o império romano desabou. A norte predomina a mentalidade da cultura
protestante (mais capitalista e técnica) e a sul a mentalidade católica (de
caracter mais rural e natural); a primeira tem uma perspectiva mais individual
(elitista) e a segunda uma perspectiva mais comunitária (popular).
Com
a tragédia da segunda guerra mundial os países centrais e nórdicos começam por
criar uma união económica integradora das economias. Com a queda do muro de
Berlim resultante do colapso do comunismo pensou-se na organização de uma
Europa económica e política sem fronteiras (1). Finda assim a época das guerras
militares entre países europeus para surgir um outro tipo de guerra: a guerra
económica com sanções e servidões entre as nações.
Antes
as nações usavam a força dos exércitos para derrubarem principados e nações;
actualmente, com uma estratégia adequada à democracia, as potências usam o seu
poder financeiro internacional (Bancos) para derrubarem soberanias de economia
mais fraca e para humilharem democracias. De facto, os bancos são os novos
exércitos avançados das nações.
Por
outro lado, os soldados mercenários da guerra foram substituídos pelos
trabalhadores migrantes…
A
estratégia pós-guerra da França de condicionar a União da Alemanha à criação da
Moeda Única (Zona Euro) para, deste modo, a amarrar e criar uma zona de paz
duradoura na Europa não parece frutificar. A Alemanha perdeu a guerra
político-militar mas ganhou a guerra económico-política; e esta é a guerra do
globalismo.
Como
se vê da Grécia e de Bruxelas, da disputa entre o norte e o sul da Europa, as
hostes avançadas e discretas da economia não arredam pé. Não há uma política
económica para as nações. Em vez de uma Europa confiante vive-se numa sociedade
europeia de medos. A Europa do Norte compreende-se como trabalhadora arrecadando
para o seu celeiro e sofre do medo de ter de distribuir o que de todos
arrecadou com suor e inteligência: A Europa do Sul teme pelo seu estilo de
vida: uma existência do bom viver; “não só de pão vive o Homem”; por isso se
reage veementemente não querendo ser reduzida a homo faber.
António
da Cunha Duarte Justo
Nenhum comentário:
Postar um comentário