Ouvi
ontem e leio hoje, na Internet, que Alberto João Jardim chamará ao seu programa
de concorrente provável à presidência da República ,«Tomada da Bastilha”:
«Alberto João Jardim ainda não
anunciou se é ou não candidato à Presidência da República, mas já tem um
programa para a corrida a Belém, a que deu o nome de "Tomada da
Bastilha". No documento a que a SIC teve acesso, Jardim defende uma
revisão da Constituição. Numa das alterações que propõe, o Presidente da
República passa a ser o chefe do Governo e é eleito para um mandato de sete
anos. O programa prevê também a proibição do direito à greve em quatro setores.»
Donde se segue que Alberto João
Jardim, figura que confina em si o Zé Povinho da revolta contra as distinções
entre as classes, ao arrasar a sua Bastilha, num simbolismo de sociedade igualitária,
por outro lado aspira às altas categorias sociais, ao pretender comandar
ditatorialmente todas essas classes, já liquidadas na amálgama que outros
ditadores semearam, chefe supremo no cimo do triângulo distintivo, igual a
Deus, igual a si próprio, omnipotente, omnisciente, omnipresente, homem
modesto, vindo de baixo, chegando ao topo, os outros que sejam iguais, ele será
diferente, a cereja cimeira na massa indistinta do bolo.
Figura caricata que provavelmente foi
dos que condenaram os longos anos de governo de Salazar, não se importando,
contudo, de lhe seguir as pisadas de veterania governativa, tal como, aliás,
muitos sequazes das tradições imaculadas de Abril, apoderou-se da sua ilha por
longos anos, a reboque dos dinheiros que lhe foram distribuídos, sem ter que
prestar grandes contas aos Quixotes duma pátria que desprezou, Sancho Pança ambicioso
da sua ilha da Barataria, onde aquele julgou salomonicamente, onde este revela
a sua altaneira ausência de educação numa despudorada arrogância.
“Tomada da Bastilha?” Só por
antífrase.
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