E a voz da nossa amiga fez-se ouvir, inesperada no
argumento:
- Vou votar no Marcelo porque quando viajar viaja
sozinho. Só gasta pela metade. O Cavaco custou milhões.
- E não vai viver para Belém – acrescentou a minha irmã, muito poupada. Mas nisso
concordaram em que parece que o Cavaco também não foi, amigo dos seus haveres e
dos seus cómodos, fazendo apenas as cerimónias lá, segundo explicação da nossa
amiga, depois de eu referir os Natais com gente a visitar os jardins do palácio,
coisa que me ficou na lembrança, mais os almoços aos emigrantes, não sei se
ainda em S. Bento, nos tempos de Primeiro Ministro, pois com os empréstimos da
União Europeia, os dinheiros dos emigrantes deixaram de ser tão precisos para o
país, só os Bancos se interessando por eles, de forma, direi mesmo muito
absorvente nestes tempos das falências bancárias.
- Também o Passos Coelho viveu sempre em Massamá,
acrescentou a nossa amiga esfuziante de malícia, mas atalhei com calor:
- O seu intuito
era o de resolver o problema financeiro do país.
Achei que se fosse o Tino a presidir, ele não deixaria
de se mudar com armas e bagagens para o palácio, mas ficaram horrorizadas com essa
hipótese ou mesmo outras passíveis de eleição, a minha irmã decidindo-se pelo
Marcelo, a nossa amiga por ninguém, apesar dos custos das viagens reduzidos a
metade no caso de Marcelo, eu ainda na dúvida, habituada a cumprir e provavelmente
votando também nele, embora o ache tão oportunista como os outros, todos
lembrando palhaços na arena deste circo
em que nos debruçamos diariamente, com as entrevistas reveladoras de interesses
próprios, e lavagem de roupa suja pelo meio. Pelo menos, Marcelo não usa desses
truques acusatórios sórdidos, como fazem com ele os da esquerda e até Maria de
Belém, ansiosos pela mudança de 180
graus na governança total do país, ou simplesmente ansiosos por o destronar
de um cargo que a todos convém. É certo que Marcelo também não dá garantias
quanto à cor política, mas, habituado a falar, parece menos entaramelado e mais
esclarecido, embora, naturalmente, com as suas astúcias próprias de “fala-barato”,
segundo a minha mãe, nos tempos em que o ouvia.
Também se falou no Concerto de Ano Novo em Viena,
transmitido pela RTP, que todas vimos religiosamente, lembrando a beleza e a
riqueza dos cenários, dos palácios, das imagens, do Danúbio serpenteando pelos belos
panoramas austríacos, e as valsas em outros palácios ou exteriores, e os
pequenos cantores de Viena e o maestro extraordinário duma orquestra extraordinária
…
- Outro mundo, suspirou a nossa amiga, que
referiu também o Circo do Mónaco, na Sic, como espectáculo superior.
Contou-se dos DDT que são “levados do diabo” na
expressão da nossa amiga, falou-se da Hola espanhola, das suas belezas
espampanantes e casamentos brilhantes, revista que em tempos tentámos
arremedar, mas sem eficácia, espécie de Tino concorrendo despudoradamente à
presidência da República…
A propósito da Hola espanhola, contei de um programa
que vira na TV5, sobre Madame de Sévigné, cujo luxo, preciosismo e influência no
seu tempo muito explicavam do pensamento e irradiação do povo francês, e outros povos nortenhos
onde não seria possível um Tino a concorrer ao cargo de Presidente da República,
a não ser em termos de circo português.
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