Europa, 2017, “Os burocratas da indignação”, um artigo de
João Miguel Tavares, sobre as regras para participar numa Europa
que se chama unida e que continua a regular, mesmo após as regras já terem sido
aplicadas segundo decisões anteriores, e a provocar distúrbios, à conta disso,
como lebre que se levanta para o caçador disparar. Mas encontrei também na
Internet outro artigo, já antigo, que refere pesquisas sobre a existência ou
não da Arca de Noé da história bíblica, seguida de alguns comentários, que nos
permite mergulharmos no mundo de uma fantasia que nos leva a Álvaro de Campos
«Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.»
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.»
e a uma história em que sempre acreditei, como fazendo parte de um conceito de omnipotência divina que pontua a nossa insuficiência como justificadores do mundo criado. A verdade é que gostei de ler, e como achei graça a alguns comentários, coloquei-os a seguir, como forma de entretenimento para esquecer os nossos fogos, com essa do dilúvio…
OPINIÃO -
Os burocratas da indignação
Sempre que abrimos a boca, há
hoje um burocrata de indignação a medir cada palavra, e a encontrar nelas
curvaturas proibidas.
Público, 10 de agosto de
2017
João Miguel Tavares
O pensador alemão Hans Magnus
Enzensberger tem um livrinho que eu gosto muito de citar chamado O Afável Monstro de Bruxelas ou a Europa Sob Tutela. É um pequeno ensaio
onde reflecte sobre os problemas da burocracia europeia e o seu frenesim
regulatório. A explicação de Enzensberger é simultaneamente simples e
iluminada: Bruxelas regula muito porque tem muitos funcionários cujo
trabalho é regular. No início da construção europeia, essa regulação era
uma necessidade real, por ser indispensável uniformizar as principais regras da
actividade económica no seio de uma nova comunidade de países. Só que depois de
o essencial ter sido feito, o exército de funcionários cujo emprego era
produzir regulamentos continuou à disposição, e sem vontade de voltar para casa.
Daí Bruxelas ter acabado a regular a curvatura dos pepinos (máximo de 10
milímetros de curvatura para 10 centímetros de comprimento, se querem ser
comercializados nos mercados europeus) e a espessura das bananas (mínimo de 27
milímetros).
Estou convencido de que as
cada vez mais bizarras e escabichadas reivindicações da comunidade LGBTI+, e
dos muitos grupos que se entretêm a vitaminar a hipersensibilidade das
minorias, padecem do mesmo mal. Como procurei explicar no meu texto
anterior (“Breve
história da comunidade LGBTQQIAAP”), nos países ocidentais a maior parte dos direitos
pelos quais os gays lutaram durante décadas já lhes foram justamente
reconhecidos. Só que as organizações pela luta desses direitos
continuam a existir, tal como os activistas que dedicaram a vida inteira à
causa, envolvendo subsídios do Estado, ordenados, funcionários e uma certa
cadência protestativa. Assim sendo, e tal como acontece com os burocratas em
Bruxelas, muitos dos membros mais vocais dos grupos que lutam pelos direitos de
minorias historicamente oprimidas transformaram-se em burocratas da indignação
– hoje em dia protestam contra coisas absurdas porque a sua profissão (nalguns
casos, o seu hobby) é protestar.
Note-se: é claro que continuam
a existir boas razões de protesto. Enquanto um casal homossexual for incapaz de
circular pelas ruas com o à-vontade e as manifestações de carinho de um casal
heterossexual, a discriminação continuará a existir. Estas são atitudes que
demoram décadas a mudar, infelizmente. Contudo, se olharmos para as mais
graves discriminações, existe hoje um consenso social generalizado: já não são
permitidas; estão reguladas; a saída do armário é cada vez menos problemática.
Há milhares de pessoas dispostas a proteger publicamente os direitos gay, como se viu no caso Gentil Martins. Os gestos
discriminatórios são efectivamente considerados inaceitáveis pela maior parte
da população. E, talvez por isso, a luta evoluiu. Deixou de estar concentrada
nos gestos e nas leis, e passou para o território das palavras discriminatórias
– porque é preciso manter acesa a chama do protesto.
O problema é que esse tour de force tem duas consequências
profundamente perversas: em primeiro lugar, aliena antigos aliados, porque
muitas pessoas que sempre lutaram pelas grandes reivindicações LGBT são
subitamente enviadas para o território da homofobia; em segundo lugar, ao
saltar da vigilância dos gestos para o policiamento das palavras, invade aquilo
que para muitos é o território sagrado da liberdade de expressão. Sempre
que abrimos a boca, há hoje um burocrata de indignação a medir cada palavra, e
a encontrar nelas curvaturas proibidas. É irritante – e muito insensato.
Mesmo depois de 5 mil anos a busca continua! A história
da Arca de Noé é relatada em várias culturas e religiões, sendo parte
da história dos cristãos, judeus e muçulmanos.
E por isso ela está na Bíblia, na Torá no Corão e até na 'Epopeia de Gilgamesh', de 2.500 anos
E por isso ela está na Bíblia, na Torá no Corão e até na 'Epopeia de Gilgamesh', de 2.500 anos
A
corrida em busca da Arca começou há milênios, mas ganhou força na
história recente graças ao piloto russo Vladimir Roskovitski, que supostamente
avistou a silhueta de um grande barco em um lago gelado perto do
monte Ararat, em 1916.
No
ano seguinte, o czar Nicolau II, decidiu enviar uma expedição ao Ararat, e
segundo algumas teorias da conspiração, a expedição teria
conseguido encontrar a Arca, mas todos os documentos e fotos que confirmavam o
achado se perderam após a Revolução Bolchevique. Ou seja, nenhuma comprovação
de fato...
Depois
disso, muitos tentaram encontrar a Arca. como o americano Daniel
McGivern, que em 2004, anunciou que tinha localizado a Arca através de imagens
de satélite da CIA.
Ela
estaria em uma geleira a mais de cinco mil metros de altura, mas de novo se
repetiu o fato de nada ficar comprovado...
A
última e mais recente exploração foi feita pelo russo Andrei Poliakov, que em
2003 organizou uma expedição ao monte de 5.435 metros de altura, que faz
fronteira entre Turquia, Armênia, Azerbaijão e Irã.
O
explorador afirma ter comprovado praticamente toda a história da Arca,
e ainda disse que Noé não a construiu com suas próprias mãos,
mas sim encomendou sua construção! Mas claro que nada foi ainda confirmado de
maneira definitiva.
A
jazida de Durupinar, a 30 quilômetros ao sul de Ararat, é considerado por
muitos estudiosos, como o local onde encalhou a arca de Noé quando
a água do dilúvio baixou. O motivo é simples: nessas colinas é possível
identificar a forma de um grande barco. Porém, arqueólogos turcos que estudaram
o local, concluíram que se trata de uma formação natural que surgiu após um
terremoto em 1948.
Outras
expedições afirmam terem encontrado as âncoras da Arca de Noé (feitas
de pedra com buracos e cruzes entalhadas) próximo dali, mas outros
especialistas acreditam que elas são, na verdade, monumentos construídos pelos
primeiros cristãos, e nunca fizeram parte da Arca original, se é
que ela existiu de fato.
E caso
Ararat tenha sido de fato o porto de destino da Arca de Noé, é
pouco provável que seja encontrada qualquer evidência por lá, já que o monte
é na verdade um vulcão, e teria queimado qualquer resquício da Arca na
erupção de 1840.
Supostamente,
o único pedaço fossilizado da arca está preservado na Catedral de Echmiadzin,
na Armênia, que é objeto de peregrinação há muito tempo. A única Arca que
podemos ver de fato, está exposta na Holanda, e foi construída com as supostas
dimensões da versão bíblica, com 137 metros de comprimento e 23 de largura.
Pelo
menos por enquanto, a Arca de Noé continua sendo um mistério e uma
questão de fé, já que a ciência não conseguiu comprovar praticamente nada. E
provavelmente essa questão vai continuar inspirando expedições e polêmicas por
muito tempo!
42 Comentários:
27 de abril de 2016
Pois
é. Mais besteiras. Não entendo pq tem pessoas que ainda vão atrás de provas de
coisas que aconteceram na Bíblia.
A cada
dia que passa a arqueologia descobre mais e mais coisas que comprovam a bíblia,
que é considerado um livro de validade Histórica, vejo muitos criticando e
ninguém mostrando evidências contra.
Eliana Souza 18 de maio de
2017 :
Eiiii
essa é de Deus pra vcs que não acreditam nas santas escrituras, o seu tempo vai
chegar para vcs se prostrarem e adorarem e gritarem que só o Senhor é Deus, vcs
vão precisar; presta bem atenção em nome de Jesus, que vive e reina para todo o
sempre.
A
bíblia e suas besteiras infinitas...
Engraçado
é que Jesus disse que assim como foi nos dias de Noé, assim será na presença
dele. O mundo estava exatamente como hoje. Isso é besteira para você? E os
mitos e lendas sobre o Dilúvio espalhados por todas as civilizações antigas.
Isso é besteira também? Animais congelados em lugares altos, como leões por
exemplo, a milhares de quilômetros de seu habitat natural, isso também é
besteira? Como disse o artigo, a explicação de não haver mais resquícios da
Arca é bem plausível. E Moisés não tinha obrigação de saber que o monte Ararat
era um vulcão. Sim, crer na Bíblia exige fé, que não é propriedade de todos.
Nem sua. Mas fé, com base, com razões. Com fatos. Como Hebreus 11:1: (1 «Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e uma
demonstração das coisas que não se vêem.»)
Por que não procura conhecer melhor sobre esse
e outros assuntos no jw.org? .…………..
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