Retomo o anterior texto do meu
filho Ricardo, que não comentei então:
Manter uma
página de opinião é um trabalho árduo e há que seguir um rumo sem desviar-se um
milímetro. À nossa volta, no entanto, estão os outros, os que rumam de acordo
com as marés da História e os que se deixam ir, flutuando, por essas mesmas
marés. Habituaste-te a citar os outros e não sais desse registo. No entanto
corres o risco de desanimar, pois aquilo que se vê hoje nem sempre é o que
aconteceu há 10 anos. Já há muito que sigo desanimado com o rumo dos
acontecimentos da história, mais as mentalidades mesquinhas que a produzem.
Ainda vou lendo aqui e ali, mas a cada dia que passa fico mais triste com o que
me cerca - as oportunidades perdidas
desde os tempos do Cavaco até à atualidade...
Beijos,
Ricardo
Acho muito forte essa
afirmação de que mantenho uma página de opinião, no meu blog. São vários os temas que por ele passam, mas
indiscutivelmente é sobre opiniões e escritos alheios que me tenho entretido,
ultimamente, geralmente entusiasmada com esses escritos alheios, é certo,
embora por vezes condenando-os, por diferente rumo ideológico que colide com o
meu parecer, baseado em opiniões arreigadas por determinada formação ética,
mais do que por qualquer laivo de erudição política. Os articulistas da opinião
têm, naturalmente, uma formação que não é a minha, e a maior parte das vezes com
eles aprendo coisas do seu saber que não só me ilustram como me aprazem na sua
forma de estar, de escrever ou de comentar. Por isso os transcrevo para o meu
blog, com prazer, ciente de que a nossa nação pode com eles progredir, em retrocesso
de aventura palreira, que foi a que protagonizou o 25 de Abril, para o bem e
para o mal.
Tal como aprendi nos
clássicos, tant bien que mal, a formatar o meu pensamento e reflexão, sinto-me
feliz ao ler estes jovens articulistas modernos que pesquisam os seus temas, como
reforço casuístico, e são corajosos a defender os seus pontos de vista. Por
isso os ponho no meu blog, “para mais tarde recordar”, ou antes, dada a
contingência a que Saturno nos habituou, para ficarem no espaço mediático, enquanto
este não for submetido à mesma contingência saturnina.
As mudanças são naturais, e
o rumo da história faz entristecer quem não se soube adaptar ou acreditou nos
fautores da mudança.
Mas só aproveitam em termos
de saliência os que alinham na nova ordem, embora os génios dos pés - e corpos conectados
com aqueles - não precisem de se enquadrar em esquemas partidários para se
salientarem. Os seus corpos – e sobretudo os pés - lhes bastam, génios de
competência física, de reconhecimento universal. Quanto aos que usam mais as cabeças
– ou as mãos acompanhantes – terão que navegar no sentido da maré, e essa está
para ficar, por conveniência doméstica – ou domesticada.
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