O discurso foi quase todo da minha amiga, nem quase me deu tempo a recalcitrar. Porque tentei defender o nosso Sócrates, considerando que ele deve ter sido uma criança educada na poupança e desejosa, já adulto e Primeiro Ministro, de difundir os valores dela, habituando os meninos que ele quer que nasçam, logo que nasçam, a valorizar o tostãozinho, agora cêntimo, que, quando tiverem dezóito anos, com os juros em cima, já deve dar para a casa, se não tirarem o curso como ele também deseja.
Mas ela não quis ouvir, completamente vencida pela cólera:
- Duzentos euros? Um fulano que diz isto devia ir preso. Está a fazer pouco do pai e da mãe. Fico parva! Não acredito que o Sócrates seja analfabruto!
- Pode crer que não é! – tentei furar o bloco iracundo, com os dizeres da minha compreensão camarada e avessa a discussões. – Não deve dizer essas coisas do nosso Primeiro Ministro! Afinal, os outros Primeiros nunca se interessaram pelo problema.
Não quis saber:
- Como é possível tal proposta, que, para mais não passa de promessa! Os espanhóis dão 2500 euros.
- Ah! Mas esses até podem pagar mais, que são mais abastados!
- Pois! Ele julga que os 200 euros, que vai buscar ao bolso dos contribuintes, são um estímulo para que a família e os amigos vão ajudando e depositando na conta-poupança do bebé que nasce agora, com os duzentos euros da generosidade ministerial. Quando chegar aos dezóito anos está rico. É o que ele quer dizer aos futuros pais: “Façam favor de terem filhos, que aos dezóito anos eles terão um pé de meia.” Eu nem quero acreditar no que estou a ver!
- Mas olhe que a esmola é um estímulo para o aumento da natalidade.
- Qual quê! Os Portugueses não podem ter filhos, a maior parte não pode.
- Só o povo, coitado.
- Já não. Têm um e depois aprendem que não há razão para ter. Ninguém já tem condições, o Governo não dá condições.
Concordei:
- É. Os pais a trabalhar, os infantários caros, os subsídios insuficientes, a vida é complicada.
- Ontem assisti na TVI a entrevistas de famílias com muitos filhos. Uma delas foi porque teve trigémeos, a acrescentar ao filho que já tinham. Queixaram-se. Os dois a trabalhar, são vidas quase heróicas.
Contraponho, convicta:
- Heróicas.
- A senhora dos trigémeos disse mesmo que este país não serve para as portuguesas terem filhos, não é país para se ter filhos. Eles não tiveram ajuda nenhuma, nem sequer para pagar as vacinas, por não serem funcionários do Estado. É um país de velhos. A menos que os emigrantes dêem uma ajuda.
- O pior é que a emigração, que contaria para o progresso, não vai querer educar os filhos cá, com o ensino como está!
Mas ela não quis ouvir, completamente vencida pela cólera:
- Duzentos euros? Um fulano que diz isto devia ir preso. Está a fazer pouco do pai e da mãe. Fico parva! Não acredito que o Sócrates seja analfabruto!
- Pode crer que não é! – tentei furar o bloco iracundo, com os dizeres da minha compreensão camarada e avessa a discussões. – Não deve dizer essas coisas do nosso Primeiro Ministro! Afinal, os outros Primeiros nunca se interessaram pelo problema.
Não quis saber:
- Como é possível tal proposta, que, para mais não passa de promessa! Os espanhóis dão 2500 euros.
- Ah! Mas esses até podem pagar mais, que são mais abastados!
- Pois! Ele julga que os 200 euros, que vai buscar ao bolso dos contribuintes, são um estímulo para que a família e os amigos vão ajudando e depositando na conta-poupança do bebé que nasce agora, com os duzentos euros da generosidade ministerial. Quando chegar aos dezóito anos está rico. É o que ele quer dizer aos futuros pais: “Façam favor de terem filhos, que aos dezóito anos eles terão um pé de meia.” Eu nem quero acreditar no que estou a ver!
- Mas olhe que a esmola é um estímulo para o aumento da natalidade.
- Qual quê! Os Portugueses não podem ter filhos, a maior parte não pode.
- Só o povo, coitado.
- Já não. Têm um e depois aprendem que não há razão para ter. Ninguém já tem condições, o Governo não dá condições.
Concordei:
- É. Os pais a trabalhar, os infantários caros, os subsídios insuficientes, a vida é complicada.
- Ontem assisti na TVI a entrevistas de famílias com muitos filhos. Uma delas foi porque teve trigémeos, a acrescentar ao filho que já tinham. Queixaram-se. Os dois a trabalhar, são vidas quase heróicas.
Contraponho, convicta:
- Heróicas.
- A senhora dos trigémeos disse mesmo que este país não serve para as portuguesas terem filhos, não é país para se ter filhos. Eles não tiveram ajuda nenhuma, nem sequer para pagar as vacinas, por não serem funcionários do Estado. É um país de velhos. A menos que os emigrantes dêem uma ajuda.
- O pior é que a emigração, que contaria para o progresso, não vai querer educar os filhos cá, com o ensino como está!
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