José Saramago gabou, numa crónica do seu “O caderno de Saramago” do Diário de Notícias de 3 de Agosto. Gabou Gabriel García Marquez.
Mas só depois de dividir os escritores em dois grupos, de dimensão diferente, ressalvando, embora, a hipotética repulsa destes em se deixarem dividir assim. Foi o primeiro, o dos que rasgaram caminhos à literatura, os da dimensão menor; o segundo, o dos que viajam no rasto daqueles, que são, naturalmente, da dimensão maior.
Estou convicta de que Saramago, ao considerar Garcia Marquez, dos pontífices do rasgão, que o traumatizou aquando da leitura dos “Cem Anos de Solidão” – e penso que, não só lhe causou trauma como lhe serviu de um dos seus modelos – não deixa de pretender que o situemos no grupo dos que também rasgou caminhos à literatura, mesmo com modelos respigados aqui e além. Como afirmou Mallarmé, segundo citação de Laurent Jenny, no estudo “Estratégia da Forma” contido em “POÉTIQUE – INTERTEXTUALIDADES” (Liv. Almedina): “Mais ou menos todos os livros contêm, medida, a fusão de qualquer repetição”.
É por isso que eu acho a tese de Saramago de estremadela dos escritores – os que rasgam o caminho e os que vão no trilho – pouco convincente. Porque teria que excluir uma quantidade dos que até aqui achei génios e passariam a não ser, porque usaram o trilho. Tal foi, no nosso caso português, Camões, e Eça e Pessoa e não me importo de considerar Gil Vicente no grupo. E se eles seguiram trilhos!
A Agustina, quando fez a "Sibila", foi outro deslumbramento de realismo e magia, nem sei mesmo se o Garcia Marques a não teria lido para a sua "Solidão", seguindo-lhe um pouco o rasto.
E depois, há tanta gente que nos deslumbra, desses que escrevem! oh! a querida Agatha Christie! E os dramaturgos franceses do século XX, relidos e amados os dos séculos anteriores! Como eles criaram coisas originais, a partir de modelos. A “Antígona” do Anouilh, é diferente da do Sófocles, mas tão plena de encanto! E bem assim “La Guerre de Troie n’aura pas lieu”, de Giraudoux, como é expressiva de conceito! Oh! a Simone de Beauvoir!
Não pretendo alargar-me em exemplos, bem conhecidos de Saramago, e, certamente, em maior quantidade e qualidade do que aquela que poderei citar. Só quero observar que achei o seu texto pedante, de uma arrogância imprópria de um prémio Nobel. Porque um prémio Nobel deve saber dos condicionalismos que presidem à própria escolha para o ser.
E trazer para a arena de um julgamento os motivos de análise que presidem aos partidarismos usados em relvados de futebol, é usar de um critério extremista pouco sensato, que não gabo.
Mas só depois de dividir os escritores em dois grupos, de dimensão diferente, ressalvando, embora, a hipotética repulsa destes em se deixarem dividir assim. Foi o primeiro, o dos que rasgaram caminhos à literatura, os da dimensão menor; o segundo, o dos que viajam no rasto daqueles, que são, naturalmente, da dimensão maior.
Estou convicta de que Saramago, ao considerar Garcia Marquez, dos pontífices do rasgão, que o traumatizou aquando da leitura dos “Cem Anos de Solidão” – e penso que, não só lhe causou trauma como lhe serviu de um dos seus modelos – não deixa de pretender que o situemos no grupo dos que também rasgou caminhos à literatura, mesmo com modelos respigados aqui e além. Como afirmou Mallarmé, segundo citação de Laurent Jenny, no estudo “Estratégia da Forma” contido em “POÉTIQUE – INTERTEXTUALIDADES” (Liv. Almedina): “Mais ou menos todos os livros contêm, medida, a fusão de qualquer repetição”.
É por isso que eu acho a tese de Saramago de estremadela dos escritores – os que rasgam o caminho e os que vão no trilho – pouco convincente. Porque teria que excluir uma quantidade dos que até aqui achei génios e passariam a não ser, porque usaram o trilho. Tal foi, no nosso caso português, Camões, e Eça e Pessoa e não me importo de considerar Gil Vicente no grupo. E se eles seguiram trilhos!
A Agustina, quando fez a "Sibila", foi outro deslumbramento de realismo e magia, nem sei mesmo se o Garcia Marques a não teria lido para a sua "Solidão", seguindo-lhe um pouco o rasto.
E depois, há tanta gente que nos deslumbra, desses que escrevem! oh! a querida Agatha Christie! E os dramaturgos franceses do século XX, relidos e amados os dos séculos anteriores! Como eles criaram coisas originais, a partir de modelos. A “Antígona” do Anouilh, é diferente da do Sófocles, mas tão plena de encanto! E bem assim “La Guerre de Troie n’aura pas lieu”, de Giraudoux, como é expressiva de conceito! Oh! a Simone de Beauvoir!
Não pretendo alargar-me em exemplos, bem conhecidos de Saramago, e, certamente, em maior quantidade e qualidade do que aquela que poderei citar. Só quero observar que achei o seu texto pedante, de uma arrogância imprópria de um prémio Nobel. Porque um prémio Nobel deve saber dos condicionalismos que presidem à própria escolha para o ser.
E trazer para a arena de um julgamento os motivos de análise que presidem aos partidarismos usados em relvados de futebol, é usar de um critério extremista pouco sensato, que não gabo.
Um comentário:
Talvez o Saramago só se leia mesmo a si próprio.
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