Li à minha amiga o comentário da minha filha ao texto sobre a entrevista a Santana e a Costa: “Haverá diferença entre as palavras e os actos de uns e os actos e as palavras de outros? Gosto mais de ti e da tua amiga”.
E logo a minha amiga, desembestada, sem me dar ocasião a repontar, no orgulho de quem se acha com o exclusivo dos saberes:
- Eu acho que eles deviam pagar do bolso deles. Não é que fosse o Santana! Todos fizeram despesas estúpidas, de país rico. Acho um escândalo, tão grande, tão grande, tão grande! Nunca se pôs a hipótese de alguém ser castigado. Fizeram tudo como se estivessem num país rico. É assessora p’ra isto, assessora p´r’àquilo! E os prédios lá ficaram, todos a cair, e as instalações eléctricas completamente perigosíssimas, naqueles prédios podres. Há muito prédio podre! É o Santo António que os protege. E depois há a outra parte rica. Metade, metade.
Timidamente lembrei as favelas do Rio, como termo de comparação, e informei que os da parte rica também se queixam, da falta de verde, da falta de limpeza, da poluição dos carros... Não quis ouvir.
- Gostaria de saber qual foi o melhor presidente da Câmara.
- Nuno Abecassis?
- Não sei se foi melhor mas trabalhou com menos mordomias. Eles são os primeiros a reconhecer que não prestam, eles dizem isso, essa é que é uma verdade. Deviam ter feito mais. Lisboa é de facto uma cidade original. Deixaram degradar. Eu, quando ia de autocarro, fartava-me de olhar para os prédios. Está tudo muito estragado. Uma cidade com o Tejo a seus pés!
Eu também costumava olhar, no tempo em que por lá andava, via o típico das ruelas, mas as roupas nas varandas sempre me envergonharam. Uma capital com tanta lavagem de roupa suja à mostra! Não achava graça.
E os Jardins de S. Pedro de Alcântara, onde levava os alunos para lerem as descrições de Lisboa n’ “Os Maias” sob esse ângulo! Tudo sujo das folhas caídas, mas tão belo! Tudo tão belo e tão em ruínas!
Mas as ruínas vão progredir, pois em alguma coisa merecemos ter progresso.
No fundo, todos damos razão a Medina Carreira quando refere que os governos aqui se processam numa alternância partidária de colocação dos familiares e amigos dos governantes. A maioria entrou pobre e saiu rica. E Medina Carreira apresenta números.
As nossas ruínas são para continuar.
E logo a minha amiga, desembestada, sem me dar ocasião a repontar, no orgulho de quem se acha com o exclusivo dos saberes:
- Eu acho que eles deviam pagar do bolso deles. Não é que fosse o Santana! Todos fizeram despesas estúpidas, de país rico. Acho um escândalo, tão grande, tão grande, tão grande! Nunca se pôs a hipótese de alguém ser castigado. Fizeram tudo como se estivessem num país rico. É assessora p’ra isto, assessora p´r’àquilo! E os prédios lá ficaram, todos a cair, e as instalações eléctricas completamente perigosíssimas, naqueles prédios podres. Há muito prédio podre! É o Santo António que os protege. E depois há a outra parte rica. Metade, metade.
Timidamente lembrei as favelas do Rio, como termo de comparação, e informei que os da parte rica também se queixam, da falta de verde, da falta de limpeza, da poluição dos carros... Não quis ouvir.
- Gostaria de saber qual foi o melhor presidente da Câmara.
- Nuno Abecassis?
- Não sei se foi melhor mas trabalhou com menos mordomias. Eles são os primeiros a reconhecer que não prestam, eles dizem isso, essa é que é uma verdade. Deviam ter feito mais. Lisboa é de facto uma cidade original. Deixaram degradar. Eu, quando ia de autocarro, fartava-me de olhar para os prédios. Está tudo muito estragado. Uma cidade com o Tejo a seus pés!
Eu também costumava olhar, no tempo em que por lá andava, via o típico das ruelas, mas as roupas nas varandas sempre me envergonharam. Uma capital com tanta lavagem de roupa suja à mostra! Não achava graça.
E os Jardins de S. Pedro de Alcântara, onde levava os alunos para lerem as descrições de Lisboa n’ “Os Maias” sob esse ângulo! Tudo sujo das folhas caídas, mas tão belo! Tudo tão belo e tão em ruínas!
Mas as ruínas vão progredir, pois em alguma coisa merecemos ter progresso.
No fundo, todos damos razão a Medina Carreira quando refere que os governos aqui se processam numa alternância partidária de colocação dos familiares e amigos dos governantes. A maioria entrou pobre e saiu rica. E Medina Carreira apresenta números.
As nossas ruínas são para continuar.
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