Uma tempestade arrasava os campos, as árvores, os bichos, tudo ia pelos ares. Não a raposa. Essa escondeu-se num buraco da árvore e assim podia ir comendo as galinhas do galinheiro próximo, que as entreabertas lhe permitiam conquistar. E troçava do esquilo que, no cimo da árvore, tentava abrigar-se sob a sua vasta cauda, quase inútil, porque também ensopada. –“És um tolo, disse ela, julgas que a cauda te basta para te cobrires, assim pesada da água que cai? Eu meto-me no buraco e de lá comando a vida."
Mas a tempestade, causada pelo deus das intempéries – e também das bonanças, temos de ser gratos - amaina. La Fontaine o afirma. E ei-la, agora, a raposa, a tentar safar-se da fúria do dono do galinheiro. O esquilo, do cimo da árvore, a roer as poucas nozes que a tempestade poupou, avista-a ao longe, a fugir, da matilha que a persegue. Mas, sério, sabendo das contingências da vida, causadas pelos que comandam as tempestades, não ri da raposa:
“L’écureuil l’aperçoit qui fuit / Devant la meute qui le suit. / Ce plaisir ne lui coûte guère, / Car bientôt il le voit aux portes du trépas. / Il le voit ; mais il ne rit pas, / Instruit par sa propre misère ».
Não ri da raposa, porque sabe que outra virá, se não a mesma, “sabedor arguto da sua própria miséria”, de impotência contra os que voltam sempre, no rodopio das retomas, cada vez mais semelhantes entre si.
Entretanto, na questão da Educação, uma vez mais a nossa age matreiramente, atribuindo ao povo caçador – “la meute”, a matilha – intenções que ela própria fomentou ao criar - ela-própria e a companheira ministerial - a tempestade favorecedora do ataque aos esquilos – os professores sem qualidade, responsáveis pelo insucesso escolar.
Agora ela afirma, com a apoiante ministerial, que isso foi um insulto da matilha aos esquilos-professores, que atravessaram a tempestade - criada não pelo deus das intempéries e das bonanças mas por si própria, raposa tempestuosa - com as caudas pejadas dos portefólios das instruções e dos labores, tentando não sucumbir aos pesos e às acusações; e que o ensino foi um êxito em resultados e em aumento de população escolar; e que quem os acusa de facilitismo e passagens imerecidas – a tal matilha perseguidora - está só a ofender os professores.
Vê-se que a nossa raposinha esperta trabalha bem para o voto dos esquilos em si própria, raposa matreira que inverte as questões, nas sem-razões das suas acusações, resultantes, antes, das suas maquinações.
Com efeito, eu sempre ouvi dizer que todas as reprovações escolares tinham que ser devidamente justificadas, e que bom seria, e mais eficiente, os esquilos trabalharem para o sucesso discente. Caso contrário, haveria insucesso na docência esquilina.
A haver insulto aos professores, ele foi fomentado, sim, por quem comandou a nossa vida colectiva.
Mas o resultado foi positivo, que o sucesso se fez. Como a luz, no primeiro dia.
Mas a tempestade, causada pelo deus das intempéries – e também das bonanças, temos de ser gratos - amaina. La Fontaine o afirma. E ei-la, agora, a raposa, a tentar safar-se da fúria do dono do galinheiro. O esquilo, do cimo da árvore, a roer as poucas nozes que a tempestade poupou, avista-a ao longe, a fugir, da matilha que a persegue. Mas, sério, sabendo das contingências da vida, causadas pelos que comandam as tempestades, não ri da raposa:
“L’écureuil l’aperçoit qui fuit / Devant la meute qui le suit. / Ce plaisir ne lui coûte guère, / Car bientôt il le voit aux portes du trépas. / Il le voit ; mais il ne rit pas, / Instruit par sa propre misère ».
Não ri da raposa, porque sabe que outra virá, se não a mesma, “sabedor arguto da sua própria miséria”, de impotência contra os que voltam sempre, no rodopio das retomas, cada vez mais semelhantes entre si.
Entretanto, na questão da Educação, uma vez mais a nossa age matreiramente, atribuindo ao povo caçador – “la meute”, a matilha – intenções que ela própria fomentou ao criar - ela-própria e a companheira ministerial - a tempestade favorecedora do ataque aos esquilos – os professores sem qualidade, responsáveis pelo insucesso escolar.
Agora ela afirma, com a apoiante ministerial, que isso foi um insulto da matilha aos esquilos-professores, que atravessaram a tempestade - criada não pelo deus das intempéries e das bonanças mas por si própria, raposa tempestuosa - com as caudas pejadas dos portefólios das instruções e dos labores, tentando não sucumbir aos pesos e às acusações; e que o ensino foi um êxito em resultados e em aumento de população escolar; e que quem os acusa de facilitismo e passagens imerecidas – a tal matilha perseguidora - está só a ofender os professores.
Vê-se que a nossa raposinha esperta trabalha bem para o voto dos esquilos em si própria, raposa matreira que inverte as questões, nas sem-razões das suas acusações, resultantes, antes, das suas maquinações.
Com efeito, eu sempre ouvi dizer que todas as reprovações escolares tinham que ser devidamente justificadas, e que bom seria, e mais eficiente, os esquilos trabalharem para o sucesso discente. Caso contrário, haveria insucesso na docência esquilina.
A haver insulto aos professores, ele foi fomentado, sim, por quem comandou a nossa vida colectiva.
Mas o resultado foi positivo, que o sucesso se fez. Como a luz, no primeiro dia.
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