Desta vez tratou-se do Figo, que a minha amiga anda a par de todas e não perdoa nenhuma, ao contrário da minha índole branda, mais criada dentro dos valores da misericórdia divina e menos dada às leituras da cólera terrena. Disse ela então:
- A ignorância da lei não aproveita a ninguém, dizia o inspector do ensino em Moçambique, Moás Gonçalves...
Eu, naturalmente, não atingi logo o seu pensamento em toda a vastidão, mas ela esclareceu:
- Veja-me lá por onde anda o dinheiro do Zé pagante! Se o Moás Gonçalves vivesse, tinha que chegar à conclusão de que estava enganado! “Quem prevarica e diz que desconhece a lei é castigado na mesma. Não serve o dizer que desconhece.” Era o que ele dizia.
Eu continuava obtusa:
- Mas onde quer chegar? Com tantos a justificar-se pela ignorância...
- Ao Figo. Quero chegar ao Figo! Porque o Figo recebeu não sei quanto na negociata do Tagus Park, um dinheirão...
- Não interessa, deixe-o lá, coitado, ele não é menos que os outros, ora essa! – era a minha misericórdia a interceder pelo Figo, que sempre me pareceu um bom rapaz sério.
- Afinal o dinheiro que lhe foi parar às mãos é do Zé pagante. Pronto, mas declarou que não sabia e foi ilibado. O que é que é preciso para se ficar enterrado até à cabeça? (A mania da minha amiga de enterrar! E logo até à cabeça, credo! E nunca o machado da paz, que não é assim compreensiva como eu!) Ele já disse que vai responder por escrito e não vai acrescentar mais nada do que já disse na Assembleia. Já está despachado!
- Estão todos. O Sócrates também vai responder por escrito, e até se compreende, com tantas obrigações que tem em mãos...
- Mas isto é já uma pouca vergonha daquelas que não se sabe se dá para rir se para chorar!
- Rir é o melhor remédio, diz-se por aí, e suponho que foi o Rabelais que afirmou que “le rire est le propre de l’homme”, temos que aproveitar as coisas boas da natureza humana.
- Mas os próprios jornalistas ou economistas entrevistados não têm a mínima esperança. Falam com uma convicção arrasadora, apresentam números fatais, como provas, como podemos rir? Uma das coisas que um deles mencionou foi o despacho do Cavaco para a construção TGV. Ele pergunta como.
- E os Sócrates respondem: “comendo...”
- A ignorância da lei não aproveita a ninguém, dizia o inspector do ensino em Moçambique, Moás Gonçalves...
Eu, naturalmente, não atingi logo o seu pensamento em toda a vastidão, mas ela esclareceu:
- Veja-me lá por onde anda o dinheiro do Zé pagante! Se o Moás Gonçalves vivesse, tinha que chegar à conclusão de que estava enganado! “Quem prevarica e diz que desconhece a lei é castigado na mesma. Não serve o dizer que desconhece.” Era o que ele dizia.
Eu continuava obtusa:
- Mas onde quer chegar? Com tantos a justificar-se pela ignorância...
- Ao Figo. Quero chegar ao Figo! Porque o Figo recebeu não sei quanto na negociata do Tagus Park, um dinheirão...
- Não interessa, deixe-o lá, coitado, ele não é menos que os outros, ora essa! – era a minha misericórdia a interceder pelo Figo, que sempre me pareceu um bom rapaz sério.
- Afinal o dinheiro que lhe foi parar às mãos é do Zé pagante. Pronto, mas declarou que não sabia e foi ilibado. O que é que é preciso para se ficar enterrado até à cabeça? (A mania da minha amiga de enterrar! E logo até à cabeça, credo! E nunca o machado da paz, que não é assim compreensiva como eu!) Ele já disse que vai responder por escrito e não vai acrescentar mais nada do que já disse na Assembleia. Já está despachado!
- Estão todos. O Sócrates também vai responder por escrito, e até se compreende, com tantas obrigações que tem em mãos...
- Mas isto é já uma pouca vergonha daquelas que não se sabe se dá para rir se para chorar!
- Rir é o melhor remédio, diz-se por aí, e suponho que foi o Rabelais que afirmou que “le rire est le propre de l’homme”, temos que aproveitar as coisas boas da natureza humana.
- Mas os próprios jornalistas ou economistas entrevistados não têm a mínima esperança. Falam com uma convicção arrasadora, apresentam números fatais, como provas, como podemos rir? Uma das coisas que um deles mencionou foi o despacho do Cavaco para a construção TGV. Ele pergunta como.
- E os Sócrates respondem: “comendo...”
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