quinta-feira, 22 de abril de 2010

Tableau!

O meu marido é que tem andado a ouvir todos esses debates da Comissão de Inquérito relativos aos esclarecimentos exigidos pelos vários partidos sobre as negociatas de que se tem falado ultimamente e que implicam responsabilização do PM. Eu tenho ouvido alguns, um tanto desatentamente, enquanto preparo o almoço. Hoje cheguei na altura em que Rui Pedro Soares afirmava, no meio do silêncio da Assembleia, recusar responder a quaisquer perguntas que lhe fossem feitas sobre a sua implicação nos casos Taguspark, TVI e outros que tais, depois de anteriormente Paulo Penedos o ter mais ou menos defendido nas várias perguntas que lhe foram feitas objectivamente pelos contrários.
A declaração de recusa de resposta teve um efeito inicial de bomba, de estupor geral, cujo efeito de reacção surge só segundos após. As reacções surgiram, na vibração da indignação, ante o capricho de alguém bem industriado para assim responder, com a recusa de responder. Entretanto, as razões pertinentes dos vários deputados, entre os quais Pacheco Pereira, Cecília Meireles e outros, considerando o insólito do procedimento, eram seguidas pelos sorrisos finórios dos do PS, ou pelas suas caras voltadas, tapadas por uma das mãos – e percebi o que significa a expressão “não querer dar a cara” – a menos que o sentido fosse mesmo de troça – dos opositores inutilmente esforçados - sem querer dar nas vistas mas dando, como também fazem os adolescentes, na troça disfarçada da companheira mal vestida.
O comentário do meu marido sobre a “corja” que assim escudava Pedro Soares, não me espantou. É claro que não tem a ver esta corja com a do Camilo, da sua novela ao modo naturalista, cheia de gente espessa na sua fealdade de maneiras e carácter vicioso. A “corja” socialista que usa todos os truques para definitivamente arrumar as questões de ilicitudes ou corrupção em que está envolvida, não sendo bonita, tem, todavia, a auréola de esplendor que lhe fornece a safadeza endinheirada bem sucedida.
Não valia a pena o esforço de uma Comissão de Inquérito. Ninguém vai cair do seu pedestal.

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