Mais uma voz de sensatez, de formiga consciente das
invernias a chegar, que tenta explicitar razões teóricas para aplicação prática,
criticando igualmente actuações da nossa madracice e da nossa esperteza saloia,
como seja a actuação traiçoeira desses setenta importantes – notáveis,
talvez pela traição – por muito que os argumentistas - não de meia tigela mas
de meias tintas, na delicadeza do savoir faire democrático, timorato de
se comprometer - se esforcem por mostrar que, não os achando oportunos, em
todo o caso não lhes parecem condenáveis - o ideal democrático da liberdade os
inocenta. Como, aliás, inocenta os incendiários, entre os mais exemplos.
Eis a voz de Henrique Salles da Fonseca, no A Bem da
Nação, no seu artigo
«MARGINAIS E MADRAÇOS», de Março de 2014
Foi David
Ricardo (1772 – 1823) que imaginou a teoria do marginalismo cujo exemplo clássico
consistia em saber até que ponto interessava utilizar terras agrícolas
marginais, ou seja, menos produtivas do que as mais ricas. A conclusão apontava
no sentido de que a exploração de campos marginais (mais custosos por unidade
produzida) teria o preço unitário de venda do produto que se estudasse como
limite do nível do custo médio unitário das produções totais. Esse ponto quantitativo
definiria o maior lucro global.
Outra
figura do marginalismo que ficou célebre consiste na propensão marginal à
poupança, ou seja, quanto se poupa (e, complementarmente, quanto se investe)
por cada unidade monetária a mais disponível no rendimento.
E de
conceito em conceito, colhe meditarmos sobre a propensão marginal à importação:
por cada unidade monetária a mais disponível no rendimento, quanto dela se
destina a comprar produtos importados (e, complementarmente, quanto dela se
destina a comprar produtos nacionais)?
É claro
que logo assalta a pergunta sobre o que terão estas questões a ver com a actual
realidade portuguesa quando o que está em causa não é uma unidade monetária a
mais disponível no rendimento mas sim várias unidades a menos. A resposta é
simples: nada obriga a que a conjuntura se tenha de equiparar à teoria na
certeza, porém, de que a interpretação das realidades estruturais ou
conjunturais se torna mais fácil quando teoricamente enquadrada.
E qual é
a realidade? Pois bem, ao contrário do que por aí propalam 70 destacados maus
pagadores, a dívida externa bruta está em vias de redução e em especial a da
banca (“Outras Instituições Financeiras Monetárias, em «economês») está mesmo
em clara redução.
Daqui
resulta que os bancos estrangeiros já reduziram o cepticismo com que até há
relativamente pouco tempo olhavam para os seus homólogos portugueses e já lhes
voltaram a dar crédito. Sim, porque uma grande parte da quebra nas importações
se deveu ao facto de os bancos nacionais terem perdido o crédito externo de que
usaram e abusaram para financiarem as importações de tudo e mais alguma coisa,
o perverso crédito ao consumo desenfreado.
E quando
o perverso «modelo de desenvolvimento» que nos atirou para a desgraça começa a
ser substituído por um modelo virtuoso que nos poderá tirar da falência, logo
começam as importações a ganhar terreno e a Balança Corrente a aproximar-se dos
saldos nulos
BALANÇAS
CORRENTE E DE CAPITAL (....)
Parece
que, para além desses 70, anda muito mais gente por aí que não aprendeu nada
com a crise por que passámos e que se mantém apostada na nossa desgraça
colectiva.
Perante
gente desta, para quê análises rebuscadas de teoria económica se o que se
mostra necessário é um cabaz de medidas administrativas que impeça o dislate?
David Ricardo
teve muitos méritos, nomeadamente este de inspirar os marginais portugueses
que, de madraços, só pensam nas férias consumistas e desprezam a vida
efectivamente produtiva. Dá vontade de dar um murro na mesa e bradar em
uníssono com Camilo Lourenço: -SAIAM DA FRENTE
Nenhum comentário:
Postar um comentário