Nem de propósito, os dados que recebo de Paula
Almeida, sobre a segunda Guerra, vêm ao encontro deste artigo de Vasco
Pulido Valente, que em síntese plena de dedução e de psicanálise, nos
prepara para a certeza de uma terceira guerra, donde não haverá mais escrúpulos
– nunca houve, é certo – em massacrar e soterrar mais soldados desconhecidos,
achas indefesas na fogueira ateada por homicidas de mãos lavadas e de alma
sanguínea, que seguidamente referirão valentias em cerimónias de flores e de
hinos e espadas erguidas em saudação respeitosa. Os outros conhecidos ou mesmo
os que escaparem, serão heróis e até dá
vontade de lhes tecer, aos próximos, o poema com que Reinaldo Ferreira os
biografou:
Receita para fazer um herói
Tome-se um homem,
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
Feito de nada, como nós,
E em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
É certo que estes não são espécimes desconhecidos, bem
pelo contrário, terão sempre a aura que lhes é devida, embebida na certeza que
os catapultou para a morte em glória. Mas nas guerras, sobretudo se mundiais,
há sempre hecatombes que envolvem conhecidos e desconhecidos, genocídios
necessários para diminuir os pornográficos avanços demográficos no mundo. Deve
ser por isso que o Putin, que repôs parte da Crimeia na sua rede de conquista,
não se importa de deturpar a verdade da histórica guerra, anterior à que
prepara. A Alemanha parece que está em vias de retorquir, e com certeza terá
apoios sólidos. Nós por cá, que abandonámos um vasto império que contribuía
para o nosso sustento, não vamos oferecer heroísmos inglórios, para voltarmos a
merecer o apodo tumular de soldados desconhecidos. Vamos esperar, com o coração
nas mãos. Pelos nossos filhos e pelos nossos netos.
A História segundo
Putin
09/11/2014
Como nos bons tempos de Estaline, Putin disse anteontem a
uma assembleia de “historiadores” bem obedientes que não havia nada de errado
no Pacto entre Hitler e a URSS. Ou por outras palavras, Putin declarou guerra
ao Ocidente no próprio dia em que se festejava em Berlim a queda do muro.
Esse
Pacto era, na sua parte pública, um simples tratado de não-agressão. Mas, na
sua parte secreta, dividia a leste as zonas de influência da Alemanha e da
URSS, e começava logo por entregar aos russos a Polónia oriental, que Estaline
invadiu e onde ele mandou rapidamente matar 5000 oficiais do exército de
Varsóvia. Isto só por si chegaria para avaliar a bondade e a boa-fé do Pacto,
se não houvesse no episódio em si e no discurso de Putin uma lógica muito mais
letal e suicida.
Em
2014, depois de ter perdido a guerra fria e, com ela, uma grossa fatia do seu
império, Putin vem atribuir as culpas da II Grande Guerra à Inglaterra e à
França. Segundo essa ilustre vergôntea do KGB, tinham aberto a Hitler as portas
da URSS na conferência de Munique (para que a Rússia não foi convidada) em
1938. De facto, a Inglaterra e a França obrigaram a Checoslováquia a aceitar as
condições dos nazis, que na prática equivaliam a uma rendição. Existem duas
justificações para esta miséria. Primeira, a de que as potências ocidentais
precisavam de mais tempo para se rearmar (ganharam um ano). E, segunda – de
resto, insustentável – a de que, cedendo a Hitler, o queriam atirar contra a
URSS e o comunismo, sem custo para eles e para maior descanso do “capital”.
Voltando
a Putin, a inversão da história que ele fez perante a assembleia (ou congresso)
de “historiadores” vem reviver a tese da cumplicidade das potências do Ocidente
(e com elas da América) na invasão da Rússia, num momento em que a Rússia já
tirou à Ucrânia a Crimeia e as províncias orientais, necessárias para defender
essa sua nova conquista. A culpa tem se ser, também hoje, do Ocidente, e
principalmente da Alemanha, que se preparam, embora com forças militares
ridículas, para reduzir a Rússia à insignificância. Ao fim de 25 anos de
humilhação e de pobreza, chegou a altura de responder à letra à ofensiva da
Alemanha, da França e da América e não se deixar cair nas doçuras de uma
segunda Munique. Putin, desta vez, sabe quem é o verdadeiro inimigo e tomará
as medidas convenientes.
Notícias da 2ª GUERRA
Paula
Almeida, Técnica Superior
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário