Entristeceu-me o texto “Morte
Natural” de Vasco Pulido Valente. Habituada a respeitar as normas impostas naqueles
tempos em que um livrinho pequeno continha as regras da governação de então,
palavras como comunismo e socialismo eram tabu de que se não falava na escola,
nem em casa, nem mesmo com as amigas das brincadeiras. Mesmo os livros de
tendências críticas, eram coisa lida com prazer, jamais envolvendo o leitor –
pelo menos leitores que viam a vida com a alegria dos afectos, até do nosso
criado que respeitávamos com amizade e educação mútuas. O nosso 25 de Abril ensinou-me coisas e também ódios e falhas na educação. Aprendi
que os que governavam, dum modo geral eram achincalhados, até mesmo por esses
que os escritores da bondade defendiam com unhas e dentes por serem pobrezinhos
e explorados. Depressa aprenderam a reivindicar, aliás, tal como os africanos que
lá pela África iriam aprender quanto eram mais bem tratados antes, apesar do
Torga só lá ter encontrado igrejas e bastiões como símbolos da nossa presença. Nem
sequer se deu ao cuidado de verificar as escolas, os hospitais, as indústrias
que não foram mais, porque o governo de cá o impediu. Ao regressar à pátria dos
pais, aprendi coisas, essas que os meus ouvidos mal distinguiam dantes e que
surgiram na pressa de desfazer o que fora construído. Gastou-se demais, mas
tivemos a sorte de penetrar numa Europa Unida por intentos económicos e até criámos
coisas boas. Tirando a dívida, bem que podíamos orgulhar-nos de nós. O pior é
que grande parte não entendeu assim, e em vez de socialismo ou social
democracia, possibilitaram uma rede de traficância que tramou isto tudo.
E no entanto, eu não gostaria que o
socialismo desaparecesse do mapa, como conta Vasco
Pulido Valente a respeito do que se
passa em França. É uma palavra nobre, socialismo, nada tem a ver com SFIO, nome
quase de peixe, na nossa língua, todavia mais apegada à sardinha. Não, não
desejo a morte natural do PS francês. Nem do nosso, aliás. Sobretudo por causa
do Costa, Teria que escolher entre a esquerda e a direita, e esta não é com
ele. Um autêntico enguiço, credo!
Morte natural
Vasco Pulido Valente
26/10/2014
Num
país em que o “intelectual de esquerda” dominou o jornalismo e a política
durante um século, a proposta de Manuel Valls não provocou a indignação de que
se estava à espera.
Manuel Valls, o primeiro-ministro da França, nomeado por
Hollande, sugeriu que se tirasse a palavra “socialista” do nome do partido. Num
país em que o “intelectual de esquerda” dominou o jornalismo e a política
durante um século não provocou a indignação de que se estava à espera.
Houve
protestos, claro, e houve indignações, mas de qualquer maneira a proposta não
provocou um grande escândalo, nem uma grande surpresa, pela prosaica razão de
que o PSF já deixara de ser socialista, pelo menos desde Mitterrand e, com
certeza, desde o colapso da URSS. Originalmente, o nome do PSF era SFIO
(Section Française de l’Internationalle Socialiste), e embora o SPD alemão
fosse maior dominava, antes da II Guerra, o movimento pacifista dos
trabalhadores da Europa, que iriam putativamente fazer uma greve geral para
meter os governos na ordem.
Como
se sabe, um nacionalista tresloucado assassinou Jaurès, o chefe da SFIO, e os
trabalhadores preferiram a França à solidariedade internacional. Depois de
1918, os socialistas sofreram passivamente o domínio da direita e o seu único
esforço meritório esteve na defesa desesperada do partido contra os comunistas
da III Internacional. Em 1936, chegaram finalmente ao poder com Léon Blum, numa
“frente popular”, que incluía os radicais e os comunistas. O governo de Blum
durou pouco. Mas felizmente de caminho conseguiu impor o dia de oito horas
(que, com o intervalo de Vichy, ficou para sempre) e duas semanas de férias
pagas. Preso e julgado pelos colaboracionistas, Blum pagou por isso anos de
prisão e, por um triz, não foi, também ele, abatido pelas SS. De qualquer
maneira a guerra acabou mal para a SFIO, que durante a IV República resistiu
com a direita à descolonização.
A
longa guerra, a longa supremacia da direita, as divisões domésticas e o seu
geral desprestígio tornaram a SFIO inútil e obsoleta. Apareceu, assim, o
moderno PSF, de que Mitterrand, um estranho ao socialismo, se apropriou.
Entretanto, a sociedade mudara, o proletariado acabara por se dissolver numa
pequena-burguesia conservadora, o marxismo e o marxismo-leninismo adquiriram a
má reputação que amplamente mereciam e a Europa inteira rejeitava a intervenção
do Estado na economia. Ou seja, o socialismo perdera o seu fundamento e a sua
doutrina. Mesmo o Estado Social em que se refugiou tinha sido começado por
outros (na Inglaterra, na Alemanha e até em França) e ninguém no seu juízo
queria acabar com ele. Manuel Valls tirou a conclusão evidente. Nada mais.
NOTÍCIAS DA 2ª GUERRA
Paula
Almeida. Técnica
Superior
11 de novembro
1939
¾
O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reich reassegura as garantias de
que a neutralidade da Holanda e Bélgica serão respeitados.
¾
A partir do Palácio de Buckingham, a Rainha Isabel II transmite uma
mensagem a todas as mulheres do Império. Nela afirma que as mulheres têm uma
função real e vital a realizar e garante-lhes que são elas que mantêm a
Home Front estável e forte, a qual terá seus próprios perigos.
1940
¾
O cruzador alemão Atlantis interceta correio britânico altamente
secreto e envia-o para o Japão.
1941
¾
Na África Oriental, começa a batalha para empurrar os italianos para
fora do leste da África. As forças aliadas, com o apoio de guerrilheiros
locais, atacam Chilga, a oeste, e Kulkaber a sudeste da principal posição
italiana em Gondar. Os
italianos conseguem repelir os ataques.
1942
¾
Em Estalinegrado, o general alemão Paulus começa o seu último grande
ataque à cidade. Os soviéticos continuam a ter vantagem na luta de rua e na
capacidade de interromper os ataque e as comunicações alemães, reduzindo-os a
grupos isolados sem acções coordenadas. O gelo no rio Volga dificulta o
transporte de alimentos aos soviéticos.
¾ Na
Argélia e na Tunísia, as autoridades francesas assinam um armistício.
Casablanca é ocupada. A 11ª Brigada britânica desloca-se para leste de Argel e
o porto em Bougie é tomado pela 36ª Brigada. Infelizmente, estas forças de
avanço têm pouca ou nenhuma proteção aérea e a Luftwaffe começa afundar
navios que transportam equipamento importante. Os alemães acumulam já 1000
soldados na Tunísia.
¾
Hitler ordena o avanço das suas tropas sobre a França de Vichy.
1943
¾
O comandante de Auschwitz Höss é promovido a inspetor-chefe dos campos
de concentração. O novo Comandante, Liebehenschel, irá posteriormente dividir o
vasto complexo de Auschwitz, composto por mais de 30 sub-campos, em três seções
principais.
1975
¾
Dia da independência de Angola.
|
12
de novembro
1938
¾
Os nazis multam os judeus em um bilhão de marcos pelos danos causados
durante a Kristallnacht
1939
¾
Centenas de dissidentes e judeus são presos durante a busca pelos
bombistas de Munique. Enquanto isso, cartões de racionamento para vestuário são
emitidos.
¾ O
Rei George VI da Grã-Bretanha responde ao apelo de paz emitido pela rainha
Guilhermina da Holanda e pelo rei Leopoldo da Bélgica. Entretanto, Churchill,
Primeiro Lorde do Almirantado, afirma, numa transmissão de rádio, que se os
britânicos passarem o inverno sem nenhuma contrariedade séria, a primeira
campanha da guerra terá sido vencida.
¾
O presidente francês Lebrun responde negativamente à oferta de uma
mediação belgo-holandesa.
¾
Em França ocorre o primeiro concerto da ENSA (Entertainments National
Service Association) a favor das tropas britânicas e francesas no país,
contando com a presença de Maurice Chevalier e Gracie Fields.
¾
Os ministros dos negócios estrangeiros da Holanda e da Bélgica
encontram-se em Breda, Holanda.
1940
¾
Os
ministros dos negócios estrangeiros da Holanda e da Bélgica encontram-se em
Breda, Holanda.
1940
¾ A Batalha do Gabão
termina quando as Forças Francesas de Libertação tomam Libreville e toda a
África Equatorial francesa das forças do Governo de Vichy.
¾
O ministro dos negócios estrangeiro soviético, Vyacheslav Molotov (na
foto, ao meio) chega a Berlim para discutir a possibilidade da União Soviética
se juntar as Potências do Eixo. Apesar
destas negociações, os alemães continuam a planear o ataque à União Soviética,
assim como os preparativos do ataque à Grécia, com o nome de código Marita,
e à Espanha e Gibraltar, conhecida como a operação Felix.
¾
Hitler emite a Diretiva 18, onde declara que tinham sido iniciadas
medidas políticas para induzir a rápida entrada da Espanha na guerra e que
o objetivo da intervenção alemã na península Ibérica seria o de expulsar o
Inglês do Mediterrâneo Ocidental. Mencionava também a potencial invasão de
Portugal, caso os britânicos ganhassem uma posição naquele país.
1941
¾
As temperaturas na área circundante de Moscovo caem para -12 ° C,
enquanto a União Soviética manda avançar, pela primeira vez, tropas de esqui
contra as geladas forças alemãs estacionadas perto da cidade.
1942
¾
Batalha Naval de Guadalcanal entre as forças japonesas e americanas
começa perto de Guadalcanal. A batalha dura três dias e termina com uma vitória
americana.
¾
Nos EUA, a idade para o serviço militar seletivo é reduzida de 20 para
18 anos. O presidente Roosevelt estima que as Forças Armadas americanas vão chegar
a 10 milhões de homens até o final de 1943.
1943
¾
A 22ª Divisão de Infantaria alemã (General
Muller) invade a ilha de Leros, no Mar Egeu. Os britânicos e os italianos
resistem.
¾
No arquipélago
de Bismarck, os porta-aviões japoneses estacionados
em Rabaul são
retirados. Dos 173 aviões existentes, 121
foram perdidos, incluindo muitos pilotos.
¾
Na Itália, o ataque
do 5º Exército norte-americano na Linha
Reinhard não
consegue avançar. A 56ª Divisão britânica é forçada a
retirar de algumas posições em Monte
Camino.
1948
¾
Em Tóquio, um Tribunal Penal Internacional condena à morte sete
militares e funcionários do governo japonês, incluindo o General Hideki Tojo,
pelos seus atos durante a II Guerra Mundial.
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