terça-feira, 11 de novembro de 2014

Cá pelo burgo e fora



Alberto Gonçalves troça, no artigo “A União das Esquerdas” da hipótese da aliança de Costa com Livre, uma nova geração de votantes, pretendendo ser do PC mas não aceite por este, que pertence a uma velha geração e não admite ser molestado por rapazotes a querer sobressair, o que é característica dos rapazotes, jovens sabedores, embora desconhecedores dos princípios, há muito engolidos, é certo, por agulha de gramofone, rachada e repetitiva, o que, de resto, não faz zangar ninguém, que somos normalmente avessos a inovações, salvo se forem do foro tecnológico, acrescentando mais uma tecla ao aparelho telemóvel, companheiro da vida diária. Em todo o caso, julgo que Alberto Gonçalves se engana nas prioridades de esquerda a que Costa se vai associar, que são amplas as costas do Costa, para aceitar no seu saco traseiro todo e qualquer espécime de esquerda, desde que este não renegue entrar para o saco traseiro de Costa, que do dianteiro se encarregará ele, onde não faltarão velhos e novos, sempre aceites, sobretudo os primeiros, cada vez com mais peso, embora a gente mal perceba o porquê disso, se bem que, historiograficamente falando, nos pareça que tem muito a ver com as espezinhadelas sofridas pelo pobre, provindas do rico, e com o servilismo ofertado ao rico pelo pobre.
Quanto ao Português velho, o texto que segue, trata-se de uma crítica a alguém- Moreira da Silva, ministro do ambiente, que resolve cortar no desperdício de carros, sacos de plástico, etc. em defesa do ambiente, ou porque acha que os portugueses têm mimo a mais. Não deixo de o apoiar, e sobretudo por pensar que lá se vai o meu lixo para o contentor , limitado nos sacos, que é preciso poupar.
“Os direitos dos animais”, eis um texto engraçadíssimo, que desmascara a falsa bondade dos que entendem que quem foi “trabalhar” para matar, a coberto dum nome muito em voga, tem direito a voltar, para, de preferência, matar por cá, embora Alberto Gonçalves deseje o seu regresso, de preferência rigidamente estendidos em tala.

Os artigos:
A união das esquerdas
por ALBERTO GONÇALVES, 02 novembro 2014
Enquanto os partidos do governo discutem o futuro da coligação, António Costa procura uma coligação só dele. Até ver, diversos indícios sugerem que a dita acontecerá com o Livre, potentado com o qual o PS se reúne frequentemente. Trata-se de uma aliança peculiar, tendo em conta que as recentes sondagens colocam os socialistas no limiar da maioria absoluta e o Livre no limiar da inexistência. É verdade que Rui Tavares, fundador, rosto e grande líder desta simpática agremiação, garante que o Livre representa "uma nova geração de votantes e um novo segmento do eleitorado". Mas também é verdade que o comum dos mortais necessita de microscópio para detectar essa geração e esse segmento. Ou isso ou uma ida ao Lux.
Cabe aos politólogos explicar porque é que o namoro entre as duas forças (no caso do Livre, a força é apenas de expressão) será contraproducente para ambas. Um acordo pré-eleitoral com aqueles que, no fundo, não passam de comunistas sem lugar no PCP, roubaria muito mais votos ao PS "moderado" do que os acrescentados pelo Livre. Além de que, na perspectiva do Livre, a cedência ao "sistema" representado pelo PS alienaria parte dos frequentadores do Lux. Quanto a um acordo pós-eleitoral, convinha respeitar o conceito e anunciá-lo depois das eleições, para evitar os sarilhos referidos e só na improvável hipótese de o grupo parlamentar do Livre (controlem as gargalhadas, s.f.f.) for decisivo no controlo da AR pelo PS. Como o tipo de análises acima me aborrece, não sou politólogo, benesse que agradeço diariamente a diversas entidades divinas.
Desçamos ao mundo real. Corrido de Estrasburgo, o Dr. Tavares, à semelhança de tantos jovens portugueses, procura emprego - e a invenção do Livre disfarça o embaraço do exercício. Já no que toca ao Dr. Costa, a motivação não é tão óbvia. Talvez julgue convictamente vir a precisar de apoios folclóricos. Talvez julgue que o convívio com o extremismo "jovem" compensa o mofo do renovado PS. Ou talvez se julgue capaz de anular os radicais à sua esquerda, do Livre ao Manifesto 3D, da Renovação Comunista ao BE, do Movimento Alternativa Socialista a um sujeito que costuma gritar sozinho perto do Rossio. Admito, aliás, que o Dr. Costa seja competentíssimo na anulação de rematadas nulidades. Nalguma coisa haveria de ser.

Domingo, 26 de Outubro
O português velho
Aquilo que o governo inspiradamente designa de "fiscalidade verde" é afinal, nas próprias palavras do ministro do Ambiente, uma estratégia para "alterar comportamentos". Todos sabemos quais os comportamentos que se pretende instituir: eliminar o uso dos sacos de plástico, manter o automóvel na garagem, ficar dependente dos sindicatos dos transportes, etc. Podemos compreender uns, abominar outros ou adoptar todos com frenesim. O que não podemos é deixar de questionar o direito de o Dr. Moreira da Silva decidir o modo de nos comportarmos.
Mesmo reconhecendo o superior esclarecimento do indivíduo, adquirido durante longos anos na instrutiva JSD, há, ou devia haver, limites para a ingerência dele nas nossas vidas. Eu, por exemplo, também acho que a resignação dos nativos a leis cretinas é uma conduta a necessitar de alteração. Porém, não procuro ascender a um ministério a fim de impor a minha visão do mundo. O Dr. Moreira da Silva procurou e ascendeu, mais um na imensa linhagem de iluminados que confundem o poder democrático com o gozo de moldar o homem novo. Mas um português realmente novo não aturaria isto.

Sexta-feira, 31 de Outubro
Os direitos dos animais
Conforme lhe compete, o Estado Islâmico ameaça matar todos os jihadistas desistentes. O ministro dos Negócios Estrangeiros revelou que dois ou três jihadistas portugueses querem retornar à pátria. O PS acha que as declarações do Dr. Machete põem em causa a segurança dos nossos jihadistas. É de mim ou o principal problema aqui é o abuso do termo jihadistas, o qual tenta conferir uma dúbia dignidade a criaturas que degolam pessoas?
Admito que as declarações em causa lembrem a táctica do PCP clandestino, que saudava dissidentes no Avante! para que a PIDE os localizasse. Mas convém responder com urgência às seguintes questões: 1) O Dr. Machete denunciou de facto alguém?; 2) A denúncia foi deliberada?; 3) Ou a frase limitou--se a denunciar a imprudência do governante? Eis a resposta urgente e geral: não importa.
O que importa é que não falamos de compatriotas que emigraram para trabalhar como enfermeiros em Londres ou serralheiros na Suíça: pelo amor de Deus (amor moderado, que para fanáticos já basta), os psicopatas em questão rumaram de livre vontade à Síria a fim de integrar uma seita especializada na chacina de inocentes. Seria normal preocuparmo-nos com as proezas dos psicopatas: o PS preocupa-se com a saudinha deles. Não tarda, haverá vigílias a pedir o seu regresso - de preferência na horizontal, se me permitem a opinião.


Notícias da 2ª Guerra

Por Paula Almeida, Técnica Superior
Dia 10 de novembro
1939
   O consulado norte-americano na Holanda aconselha os seus compatriotas a abandonar o país.
1940
   A cidade de Londres é bombardeada por 170 aviões.     A RAF leva a cabo uma série de ataques na Alemanha, apesar do mau tempo e da neve. Um forte terramoto causa a morte a cerca de 400 pessoas, de Bucareste a Ploesti, na Roménia
1941   O primeiro ministro britânico, Wiston Churchill, anuncia que caso os EUA entrem em guerra com o Japão, a Grã-Bretanha declarará guerra no prazo de uma hora
1942    A Alemanha invade a França de Vichy, após acordo do almirante francês François Darlan com os Aliados para um armistício na África do Norte.     Hitler, o primeiro ministro da França de Vichy, Pierre Laval, e o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, conde Ciano, reúnem-se em Munique para discutir os acontecimentos em África.     O primeiro-ministro britânico descreve os acontecimentos no Norte de África como o começo do fim.     Em resposta a relatos de um reforço militar soviético nos flancos de Estalinegrado, são enviadas as 48 Panzer Corps alemãs para reforçar o 3º exército romeno, ao norte da cidade


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