sábado, 22 de novembro de 2014

«Nada a perder»



Chama-se «Juízo final» o 1º texto de «Dias Contados» de António Gonçalves e é sobre António Costa, figura que, como todos os mais pré-governantes, fez promessas que já prometeu não cumprir. Mas os que o apoiam, fingem ignorar esses desconcertos, pois as incoerências de promessas não cumpridas só são censuráveis nos do governo. As próximas terão o PSD e o CDS a condená-las, e os governantes de então arranjarão argumentos para se defenderem com o estado de miséria em que os de agora deixaram o país, e que todos gritam já para os pôr na rua antecipadamente. E isto há quarenta anos que sucede, foi a nossa forma de governar, gastando e gritando demais, produzindo de menos, endividando-nos com sofreguidão, em progressão de corrupção, a que ninguém resistiu. Este governo quis parar o escoar mortífero, e pagar o empréstimo feito, numa austeridade de virtude indispensável. Mas o ódio é tão expressivo que parecem cardumes de peixes a devorar uma velha carcaça, embora esta se superiorize no discurso ponderado e teimoso de persistência no objectivo de cumprimento prévio. O velho país rugiu, arranjou um futuro ministro amplamente capaz de pôr o outro dali para fora, truque que não enganou ninguém, pois todos cravaram com mais entusiasmo as bandarilhas, todos pediram a rendição do governo, em altas vozes, até mesmo o próximo ministro Costa, mas o governo consegue manter-se, com o apoio do PR, sabedores do resultado que traria para o país uma mudança imediata de política, com promessa de fartura, certamente não cumprida, a não ser com novos rebaixamentos mendicantes.
Um artigo bem negativo este, o único que transcrevo, o Notícias mais parco na cedência grátis dos seus textos. De resto, leiga no caso de Carrilho, do texto seguinte, e discordando do caso dos “vende-pátrias”, após a justificação de Paulo Portas de que a prática do “visto dourado” é  comum no estrangeiro e um modo de capitalização pátria que não levanta pruridos de virtude como cá se fez, dias e dias as vozes monocórdicas atacando ou defendendo, na televisão, de que, aliás, só escutei o Portas, de exposição clara, elegante e certeira.

DN, 16/11, «Dias Contados»
Juízo final
Por Alberto Gonçalves.
 «Julho de 2013: António Costa não vai aplicar taxas turísticas em Lisboa. Janeiro de 2014: António Costa quer afastar hipótese de taxas turísticas em Lisboa, embora não a "exclua em absoluto". Novembro de 2014: António Costa anuncia taxas turísticas em Lisboa.
O processo evolutivo acima não se limita a demonstrar a coerência do dr. Costa, aliás banal no seu ofício: sobretudo oferece uma amostra do que acontecerá às restantes juras do salvador da pátria quando (é proibido dizer "se") ocorrer a salvação. Entretanto, a gente diverte-se, por um lado com os apoiantes do dr. Costa que justificam os impostos deste enquanto criticam os do Governo, por outro com os apoiantes do Governo que parodiam os impostos do dr. Costa enquanto fingem ignorar os próprios. Por cá, o debate político é assim sofisticado.
O problema, porém, nem sequer é a ausência de sofisticação, mas, no fundo, a redundância do debate. Se excluirmos o PCP e os grupinhos protocomunistas, que, a acreditar nas ameaças, removeriam Portugal da NATO, do euro, da Europa, do Ocidente, da FIFA, e, houvesse tempo, da face da Terra, os partidos ditos do poder ocupam-se de um único assunto, leia-se o dinheiro, ou, para ser exacto, a falta de dinheiro.
Os ardores ideológicas esgotam-se nas bazófias alusivas ao défice, à dívida, à despesa, ruidosas no PS e tímidas à «direita». O que sobra é o dilema comum ao, desculpem a expressão, “arco da governação”: como manter um Estado razoavelmente vasto e generoso num país falido? E a resposta, para nossa desgraça, é também a mesma: através da carga fiscal, que em última instância aumenta sempre e sempre indiferente à retórica em voga.
À semelhança do reformismo “liberal” da coligação PSD-CDS, o “crescimento social” profetizado pelo Dr. Costa murchará onde começa a penúria nacional e a vontade dos alemães em disfarçá-la. Fundamental é não se beliscar o Estado, que o Estado são as pessoas – as pessoas que dele dispõem. Até ao dia em que, por cansaço ou completa insolvência, ninguém suportará mais coisa nenhuma, sobretudo promessas de pantomineiros profissionais. O pior é que os portugueses só ganharão juízo no momento em que já não tiverem nada a perder.»

Notas sobre a Segunda Guerra
Por Paula Almeida
20 de novembro/ 1939
¾     Hitler emite uma segunda diretiva para o ataque a Ocidente.
¾     Na Checoslováquia ocupada, as tropas da SS controlam oficialmente Praga.
¾     Na Grã-Bretanha, aviões da Luftwaffe começam a disparar minas em pára-quedas sobre o estuário do Tamisa
1940
 ¾     Em Viena, o primeiro-ministro húngaro, Conde Teleki, e o ministro dos negócios estrangeiros Csaky concordam em assinar o Pacto Tripartido.
1942
¾     Na França de Vichy, o primeiro-ministro Laval transmite mais uma vez o seu apoio à Alemanha nazi. Afirma que a Alemanha vai ganhar a guerra e que a alternativa seria uma governação feita por judeus e comunistas.
1944
¾     Forças alemãs evacuam Tirana.
¾     Na Bélgica libertada o acordo para o desarmamento dos membros da resistência é tornado público.
1945
¾     Abertura do Tribunal Militar Internacional de Nuremberga. 


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