Horror é uma palavra muito
forte para caracterizar uma terra onde havia gente , uns que aceitavam praxes
mas outros não, uns que não estudavam mas outros sim, uns que discutiam
política, o que chocava os habituados a obedecer e a estudar coisas que lhes
aprazia estudar, pois até tinham possibilidade de frequentar cadeiras
suplementares, se o pretendessem. E era terra de amores, também, e de fados e
gargantas que mereciam fazer parte do património cultural universal. É muito
cruel também considerar-se Salazar e os seus ministros como os piores da nossa
terra, depois de sentirmos as nódoas que por ela passaram posteriormente, que
foram reduzindo cada vez mais os domínios portugueses e agora continuam
repartindo – mesmo a língua nacional– e
os nacos da nossa riqueza, para mais em crise económica.
Eça de Queirós em “Antero de
Quental” (“Notas Contemporâneas”) também aponta à Universidade, o autoritarismo,
a sebenta, o anacronismo, a transformação em “madrasta” da Alma Mater, que as
universidades se devem tornar para os seus frequentadores que a respeitam. Nem
tudo achei positivo, mas os meus centros de paragem não eram certamente os
mesmos que os de Vasco Pulido Valente, e não os saberei descrever com a mesma
perícia. Apanhei chuva e frio na velha biblioteca, mas procurava o sítio não
molhado, mesmo na mesma carteira. Senti sempre o gosto pelos velhos livros, e
vários institutos me forneceram livros mais recentes. O que mais me marcou
negativamente foram certas atitudes de mândria, desinteresse e desrespeito dos alunos, pois que os professores eram dum
modo geral cumpridores, com destaque para José G. Herculano de Carvalho e Jean Girodon.
Cada um traça o seu norte, e não me parece justo condenar toda uma terra, só
porque está longe da civilização da capital, ou porque alguns grandes nomes que
por lá passaram não nasceram em berço dourado. Quanto às idiotices das praxes,
nunca ouvi que se cometessem vilezas como por cá agora, na capital
Eis o texto crítico de Vasco
Pulido Valente;.
A
grande reforma da Universidade
Vasco Pulido Valente
07/11/2014
Nunca gostei da Universidade de Coimbra: nem da instituição,
nem dos professores, nem da praxe (uma selvajaria sem graça e sem sentido), nem
sequer dos cafés que a oposição frequentava. Escrevi também um livro que me deu
para perceber o horror de tudo aquilo, mesmo na altura em que Eça e Antero
andavam por lá.
E,
depois, durante a Ditadura, Coimbra forneceu fielmente Salazar com os piores
ministros do país. Não espero nada de bom que venha daqueles sítios. Mas não
deixou de me surpreender a atitude do sr. António Santos Justo, hoje director
da Faculdade de Direito, que proibiu um debate entre Pedro Mexia e Rui Tavares
sobre "ideologias no mundo actual", em nome da "tradição" e
da "neutralidade". Estamos, vale a pena lembrar, no fim de 2014.
A
ignorância do sr. Justo sobre as matérias que ensina (Direito, presumo) é
incomensurável e a ignorância da Universidade sobre o sr. Justo não é com
certeza menor. O sr. Justo julga ainda, apesar da sua idade e posição, que pode
à sua vontade preleccionar sobre Direito, sem implicitamente escolher a cada
palavra uma posição ideológica. Ninguém lhe disse que desde a antiguidade se
discute a natureza da lei e os modos lícitos de a fazer e aplicar. Mas talvez o
sr. Justo tenha evitado leituras perigosas, de Platão a Rawls, e se contente
com a "sebenta" de um predecessor ilustre, como por exemplo o imortal
professor Varela (de resto, um homem simpático), que em 1970 continuava a
chamar "concubinato" à coabitação sem casamento, sem que nisso
pesasse a sombra de uma ideologia.
Há
uma esperança. Por vontade do sr. Justo, ele inevitavelmente fechava a parte
da Universidade de Coimbra que se ocupa de ciências sociais, para não falar em
humanidades, que com a sua permanente discussão ideológica só servem para
confundir a cabeça do estudante mais cauteloso e servil. Quanto às ciências
sociais, basta abrir a televisão para verificar a confusão em que vive aquela
pobre gente: economista contra economista, sociólogo contra sociólogo e por aí
fora, berrando e esperneando por causa dessa coisa infame que o sr. Justo se
esforçou para banir, num gesto heróico, da sua Faculdade de Direito. Verdade
que este novo método levanta dois problemas. Primeiro, aliviaria o orçamento do
dr. Nuno Crato. E, segundo, provocaria imediatamente uma enorme polémica
ideológica sobre quem devia sair e quem devia ficar. Mas, de qualquer maneira,
os portugueses não tornariam a esquecer o admirável sr. Justo.
A SEGUNDA
GRANDE GUERRA
Paula Almeida
Hoje, 18 de novembro
1939
¾
Pela primeira vez, aviões alemães lançam minas magnéticas sobre águas
costeiras britânicas utilizando paraquedas. Enquanto isso, activistas do IRA
detonam quatro pequenas bombas em estabelecimentos comerciais de Piccadilly,
Londres.
1940
¾
O líder do governo alemão, Adolf Hitler, e o ministro dos negócios
estrangeiros italiano, Galeazzo Ciano, encontram-se para debater a invasão
desastrosa da Grécia, promovida por Benito Mussolini, chefe do governo
italiano.
1941
¾
Na frente oriental ... O contra-ataque soviético usando os militares na
reserva da Sibéria, perto Venev, causa pesadas perdas para uma das divisões de
infantaria do general Guderian.
1942
¾
No Guadalcanal, as forças americanas continuam as suas movimentações
para oeste, mais uma vez sem grande resistência.
Na França de Vichy, o
Marechal Petain concede poder legislativo ao primeiro-ministro Laval,
permitindo-lhe emitir decretos unicamente sob a sua autoridade. Petain começa a
ser um elemento menos importante no governo, embora a sua influência e
prestígio se mantenha.
1943
¾
O RAF Bomber Command inicia a Batalha de Berlim.
1944
¾
Na Bélgica libertada, os representantes da resistência concordam em
depor as armas.
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