quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Penso eu de que



Horror é uma palavra muito forte para caracterizar uma terra onde havia gente , uns que aceitavam praxes mas outros não, uns que não estudavam mas outros sim, uns que discutiam política, o que chocava os habituados a obedecer e a estudar coisas que lhes aprazia estudar, pois até tinham possibilidade de frequentar cadeiras suplementares, se o pretendessem. E era terra de amores, também, e de fados e gargantas que mereciam fazer parte do património cultural universal. É muito cruel também considerar-se Salazar e os seus ministros como os piores da nossa terra, depois de sentirmos as nódoas que por ela passaram posteriormente, que foram reduzindo cada vez mais os domínios portugueses e agora continuam repartindo – mesmo a língua  nacional– e os nacos da nossa riqueza, para mais em crise económica.
Eça de Queirós em “Antero de Quental” (“Notas Contemporâneas”) também aponta à Universidade, o autoritarismo, a sebenta, o anacronismo, a transformação em “madrasta” da Alma Mater, que as universidades se devem tornar para os seus frequentadores que a respeitam. Nem tudo achei positivo, mas os meus centros de paragem não eram certamente os mesmos que os de Vasco Pulido Valente, e não os saberei descrever com a mesma perícia. Apanhei chuva e frio na velha biblioteca, mas procurava o sítio não molhado, mesmo na mesma carteira. Senti sempre o gosto pelos velhos livros, e vários institutos me forneceram livros mais recentes. O que mais me marcou negativamente foram certas atitudes de mândria, desinteresse e desrespeito  dos alunos, pois que os professores eram dum modo geral cumpridores, com destaque para José G. Herculano de Carvalho e Jean Girodon. Cada um traça o seu norte, e não me parece justo condenar toda uma terra, só porque está longe da civilização da capital, ou porque alguns grandes nomes que por lá passaram não nasceram em berço dourado. Quanto às idiotices das praxes, nunca ouvi que se cometessem vilezas como por cá agora, na capital
Eis o texto crítico de Vasco Pulido Valente;.

A grande reforma da Universidade
Vasco Pulido Valente
07/11/2014
Nunca gostei da Universidade de Coimbra: nem da instituição, nem dos professores, nem da praxe (uma selvajaria sem graça e sem sentido), nem sequer dos cafés que a oposição frequentava. Escrevi também um livro que me deu para perceber o horror de tudo aquilo, mesmo na altura em que Eça e Antero andavam por lá.
E, depois, durante a Ditadura, Coimbra forneceu fielmente Salazar com os piores ministros do país. Não espero nada de bom que venha daqueles sítios. Mas não deixou de me surpreender a atitude do sr. António Santos Justo, hoje director da Faculdade de Direito, que proibiu um debate entre Pedro Mexia e Rui Tavares sobre "ideologias no mundo actual", em nome da "tradição" e da "neutralidade". Estamos, vale a pena lembrar, no fim de 2014.
A ignorância do sr. Justo sobre as matérias que ensina (Direito, presumo) é incomensurável e a ignorância da Universidade sobre o sr. Justo não é com certeza menor. O sr. Justo julga ainda, apesar da sua idade e posição, que pode à sua vontade preleccionar sobre Direito, sem implicitamente escolher a cada palavra uma posição ideológica. Ninguém lhe disse que desde a antiguidade se discute a natureza da lei e os modos lícitos de a fazer e aplicar. Mas talvez o sr. Justo tenha evitado leituras perigosas, de Platão a Rawls, e se contente com a "sebenta" de um predecessor ilustre, como por exemplo o imortal professor Varela (de resto, um homem simpático), que em 1970 continuava a chamar "concubinato" à coabitação sem casamento, sem que nisso pesasse a sombra de uma ideologia.
Há uma esperança. Por vontade do sr. Justo, ele inevitavelmente fechava a parte da Universidade de Coimbra que se ocupa de ciências sociais, para não falar em humanidades, que com a sua permanente discussão ideológica só servem para confundir a cabeça do estudante mais cauteloso e servil. Quanto às ciências sociais, basta abrir a televisão para verificar a confusão em que vive aquela pobre gente: economista contra economista, sociólogo contra sociólogo e por aí fora, berrando e esperneando por causa dessa coisa infame que o sr. Justo se esforçou para banir, num gesto heróico, da sua Faculdade de Direito. Verdade que este novo método levanta dois problemas. Primeiro, aliviaria o orçamento do dr. Nuno Crato. E, segundo, provocaria imediatamente uma enorme polémica ideológica sobre quem devia sair e quem devia ficar. Mas, de qualquer maneira, os portugueses não tornariam a esquecer o admirável sr. Justo.

A SEGUNDA GRANDE GUERRA


Paula Almeida
Hoje, 18 de novembro

1939
¾     Pela primeira vez, aviões alemães lançam minas magnéticas sobre águas costeiras britânicas utilizando paraquedas. Enquanto isso, activistas do IRA detonam quatro pequenas bombas em estabelecimentos comerciais de Piccadilly, Londres.  
1940
¾     O líder do governo alemão, Adolf Hitler, e o ministro dos negócios estrangeiros italiano, Galeazzo Ciano, encontram-se para debater a invasão desastrosa da Grécia, promovida por Benito Mussolini, chefe do governo italiano.
1941
¾     Na frente oriental ... O contra-ataque soviético usando os militares na reserva da Sibéria, perto Venev, causa pesadas perdas para uma das divisões de infantaria do general Guderian.
1942
¾     No Guadalcanal, as forças americanas continuam as suas movimentações para oeste, mais uma vez sem grande resistência.
    Na França de Vichy, o Marechal Petain concede poder legislativo ao primeiro-ministro Laval, permitindo-lhe emitir decretos unicamente sob a sua autoridade. Petain começa a ser um elemento menos importante no governo, embora a sua influência e prestígio se mantenha.
1943
¾     O RAF Bomber Command inicia a Batalha de Berlim.
1944
¾     Na Bélgica libertada, os representantes da resistência concordam em depor as armas.

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